Há mais de 200 anos já existe turismo nos Alpes, uma cadeia de montanhas que está presente em sete países europeus:

Fonte: Twinkl

Os Alpes são visitados por turistas desde o século XVIII, quando surgiu na Europa um movimento filosófico conhecido como naturalismo.

Os naturalistas buscavam entender a natureza e, alguns, começaram a viajar até os Alpes para fazer observações científicas.

Uma das áreas mais visitadas era o entorno do Mont Blanc, o pico mais elevado da Europa, com 4.807 metros de altura.

Em 1760, um médico suíço, Horace-Bénedict de Saussure, ofereceu um prêmio para a primeira pessoa que conseguisse chegar até o seu topo.

Levou mais de 25 anos para que alguém conseguisse. Mas, depois dos pioneiros (Michel-Gabriel Paccard e Jacques Balmat), muitos outros foram até lá.

Ao longo do século seguinte, vários grupos de britânicos, guiados por habitantes locais (italianos, suíços, franceses, etc), subiriam ao topo das principais montanhas dos Alpes.

Em 1857 surgiu o primeiro clube de montanhismo, o Clube Alpino (Alpine Club), em Londres.

Seus membros publicaram o primeiro guia de turismo dos Alpes, “Picos, Passagens e Geleiras” (Peaks, Passes and Glaciers) dois anos depois.

Nas décadas seguintes, clubes similares foram fundados na Áustria (1862), Suíça (1863), Itália (1867), Alemanha (1869) e França (1874).

Esses clubes foram seguidos pelo surgimento das primeiras competições esportivas nas montanhas.

Também ajudou na promoção dos Alpes como destino turístico uma visita da rainha britânica Vitória à Suíça em 1868 e o surgimento de uma “literatura de viagem” nos círculos intelectuais europeus.

O livro “O Parque de Diversões da Europa” (The Playground of Europe), escrito por Leslie Stephen, o pai de Virginia Woolf, contava sobre a beleza dos Alpes.

Ele contribuiu para a atração de mais e mais visitantes para as montanhas.

Ao mesmo tempo, os esportes de montanha foram se multiplicando.

Já na primeira metade do século XX surgiam as primeiras estações de esqui.

E, na segunda metade do século XX, com o desenvolvimento de uma enorme infraestrutura nas montanhas, esquiar no inverno tornou-se uma atividade de lazer extremamente popular no continenente europeu.

É por isso que, hoje em dia, quando pensamos nos Alpes pensamos em estações esqui.

Isso está mudando nos últimos anos, com um esforço dos vilarejos alpinos e das próprias estações de esqui em manter suas estruturas ocupadas também no verão.

Há dezenas de iniciativas nesse sentido, o que já está transformando os Alpes novamente, como nos primórdios do turismo, em um destino de verão.

Nesse post, vamos passar por tudo isso.

Vamos falar um pouco da história do desenvolvimento do turismo nos Alpes, muito sobre as estações de esqui nos sete países em que as montanhas estão presentes e mencionar vários roteiros alternativos para quem quer conhecer a natureza exuberante da região sem esquiar.

Mas afinal, o que são os Alpes?

Os Alpes são uma cordilheira que se estende por 800 km ao norte da Itália, indo da França até a Eslovênia.

A dificuldade da travessia das montanhas acabou resultando em culturas muito específicas.

E isso, com o passar do tempo, contribuiu para a definição das fronteiras políticas entre os países que conhecemos hoje.

Dos sete países cujo território incui os Alpes, a Suíça é o que costumamos associar mais naturalmente a essas montanhas.

É fácil entender: cerca de metade do país encontra-se na parte mais elevada da cordilheira:

Fonte: Geospatial Analysis as Experimental Archaeology

Também é comum associar os Alpes à França, o que se explica pela grande importância turística dos Alpes Franceses.

Lá fica o pico Mont Blanc, o mais alto dos Alpes, com 4.807 metros de altura.

Ele fica no maciço de mesmo nome, Mont Blanc, que se estende por 40 quilômetros e chega a 16 quilômetros de largura.

E, embora o maciço estenda-se pela Itália e pela Suíça, é no lado francês que fica um dos resort alpinos mais famosos do mundo: Chamonix-Mont Blanc (ou, simplesmente, Chamonix).

Os Seres Humanos e a Transformação dos Alpes

Há vestígios de vida humana nos Alpes desde 60 mil anos atrás.

Mas a descoberta mais interessante é recente: o corpo mumificado de um homem que viveu há 5.300 anos.

Ötzi, o homem de gelo

Ele ficou congelado e, graças a isso, muito bem preservado ao longo de todos esses milênios.

Perto dele foram encontrados instrumentos de pedra e um machado de cobre, que deveria ter bastante valor naquela época.

As condições exatas de sua morte ainda são um mistério.

Apelidado de Ötzi, o homem de gelo pode ser visto no Museu Arqueológico do Sul do Tirol, que fica no norte da Itália.

As Primeiras Cidades e a Chegada dos… Elefantes!

Mais tarde, em torno do ano 800 A.C., os celtas (sobre os quais já falamos aqui) começaram a fundar as primeiras cidades dos Alpes, como Martigny (Suíça) e Aosta (Itália).

Essas localidades seriam mais tarde ocupadas pelo Império Romano.

O processo de ocupação romana dos Alpes começou com um episódio curioso: a travessia das montanhas do líder cartaginense Aníbal, acompanhado de 37 elefantes.

Foi durante as Guerras Púnicas, em que Cartago, a grande potência do Mediterrâneo na época (em roxo no mapa abaixo), enfrentava Roma, a nova potência que surgia (em rosa).

Fonte: Dickinson College Commentaries

Na primeira das três Guerras Púnicas (264-241 A.C.), Cartago perdeu a ilha da Sicília para os romanos.

Os romanos, sentindo-se poderosos, começaram a preparar uma invasão a Cartago, no norte da África.

Para distraí-los, Aníbal, o general cartiginense, escolheu uma estratégia ousada: atacar os romanos de surpresa pelo norte da Itália.

Para isso, ele precisava cruzar os Alpes – o que ele fez em apenas 16 dias, com 70 mil homens, 20 mil cavalos e 37 elefantes (mais detalhes aqui).

Era o começo da Segunda Guerra Púnica (218-201 A.C.).

Depois de cruzar os Alpes, Aníbal venceu várias batalhas no norte da Itália. Mas não conseguiu entrar em Roma.

Mais uma vez, a vitória seria dos romanos. Mas Aníbal também entrou na História, graças à travessia dos Alpes com seus elefantes.

Muitos estudiosos tentam entender exatamente como ele realizou a proeza. Acredita-se que ele tenha cruzado a cordilheira por Col de la Traversette, uma trilha a 2.947 metros de altura.

Infelizmente apenas um dos elefantes sobreviveu à longa (e fria) jornada.

Estradas

O feito de Aníbal – atravessar os Alpes com um exército inteiro – inspirou os romanos a fazer a travessia também.

Eles conheciam quatro passagens, de acordo com o historiador Polibus (séc. II A.C.). Mas a primeira estrada de verdade, que permitia o trânsito de grandes exércitos, foi a via Claudia Augusta.

Ela estendia-se por mais de 500 quilômetros, ligando o rio Pó (Itália) ao rio Danúbio (Alemanha).

Os romanos construíram várias outras estradas através dos Alpes, incluindo duas ligando a Itália ao sul da França (via Domitia e via Augusta).

A queda do Império Romano (século V) resultou no abandono das estradas por praticamente três séculos.

Mas, com a reorganização da Europa a partir do século VIII, foi pelas antigas estradas romanas que religiosos levaram o cristianismo da Itália para a Alemanha (e, daí, para o norte e o leste da Europa).

Um dos vestígios dessas travessias é a existência de mosteiros milenares ao longo das antigas estradas alpinas.

Um exemplo é o Mosteiro Disenti (Suíça), onde paredes de duas igrejas do século VIII ainda são visíveis.

A próxima transformação importante na travessia dos Alpes aconteceria apenas no século XIII.

Até essa época, poucas pessoas usavam o caminho pela passagem São Gotardo (entre Itália e Alemanha) porque era preciso cruzar o desfiladeiro Schöllenen.

Em 1220 foi construída uma ponte de madeira, a Ponte do Diabo (Devil’s Bridge), que fez com que a passagem São Gotardo se transformasse em uma das rotas mais utilizadas para a travessia dos Alpes.

A ponte, reconstruída algumas vezes, foi utilizada por carros até 1980.

Nesse ano, graças aos avanços da engenharia de construção de túneis, foi inaugurada a nova estrada para carros.

Ao invés de ponte sobre o penhasco, ela utiliza um túnel dentro da montanha (Gotthard Road Tunnel), que tem 17 km de extensão.

A histórica Ponte do Diabo é utilizada agora apenas por pedestres. Saiba aqui como chegar até lá.

A transformação de São Gotardo

Um século antes da construção do túnel que viabilizou a nova estrada para carros, já havia sido construído um outro túnel, este possibilitando a passagem de trens.

O túnel de 14 quilômetros é parte da antiga Ferrovia São Gotardo, inaugurada em 1882, ligando Lucerna (Suíça) a Milão (Itália). Em alguns trechos, o túnel atinge a altura máxima de 1.150 metros.

Em 2016, uma nova revolução: os suíços completaram a construção do Túnel da Base de São Gotardo, que passa por baixo (muito abaixo!) do antigo túnel.

Com 57 quilômetros, ele cruza a montanha em uma linha praticamente plana, a uma altura máxima de 600 metros.

Isso significa que, em alguns trechos do túnel, há mais de dois mil metros de montanha entre quem está no túnel e na superfície. Assustador, não?

A fantástica obra, que atende tanto trens de passageiros quanto de carga, foi completada em 17 anos e custou 11 bilhões de euros.

De acordo com o governo suíço, dois terços de todo o transporte de carga através dos Alpes passou por esse túnel em 2022. 

Ele é parte do corredor europeu de transporte de carga por via ferroviária.

Fonte: Swiss Info

Enquanto eu escrevo, o Túnel de Base São Gotardo ainda é o mais longo do mundo.

E, considerando todas as rodovias e ferrovias que utilizam a passagem São Gotardo, não há dúvida que ela é hoje o principal ponto de acesso entre o sul e o centro da Europa.

O Túnel da Base de São Gotardo deve ser superado em tamanho por outro alpino em 2032, quando o Túnel Brenner, ligando Innsbruck (Áustria) a Fortezza (Itália) for inaugurado.

Ele será parte da ferrovia que liga Munique a Verona pela passagem Brenner, uma daquelas quatro passagens já conhecidas pelos romanos no tempo de Aníbal.

Quanto ao antigo túnel São Gotardo, aquele construído em 1882, ele continua em uso, mas agora apenas para transporte local e de turismo.

Sim, os 15 quilômetros de túnel são escuros e pouco atrativos. Mas o resto do trajeto entre Bellinzona e Flüelen é pelas belíssimas montanhas suíças.

O transporte local é feito pelo Treno Gotardo. Ele é parte da linha ferroviária suíça e, por isso, opera o ano inteiro e está coberto pelos descontos e passes do sistema de transporte suíço.

Já o passeio turístico é feito pelo São Gotardo Panorama Express, que opera de abril a outubro. O trajeto desse trem começa um pouquinho antes e termina um pouquinho depois (Lugano – Arth Goldau).

Querendo, você pode optar por uma versão mais longa do passeio, que inclui um trecho de barco entre Lucerna e Lugano.

Turismo

Como falamos antes, o turismo nos Alpes começou no século XVIII.

Se, por um lado, o turismo promoveu o desenvolvimento econômico e cultural da região, por outro lado, desde seus primórdios, ele já trouxe poluição – os primeiros turistas já deixavam latas de comida, garrafas, cachimbos e chapéus abandonados pelas montanhas e vales.

Com o turismo de massa a partir da metade do século XX, os efeitos negativos foram ampliados.

Nas últimas décadas, tem surgido dezenas de iniciativas para reverter isso, em especial buscando proteger o meio ambiente e resgatar as antigas tradições.

A transformação do turismo para um modelo mais sustentável é importante, já que do total de 5.700 municípios dos Alpes, 40% tem atividade turística elevada:

Nível de atividade turística, calculado a partir do número de pernoites em hotéis ou similares em relação ao total da população. Fonte: The Alps in 25 Maps (Convenção Alpina)

E, dentre os municípios que não tem atividade turística elevada, muitos estão promovendo ativamente o turismo, por ter interesse nos seus benefícios econômicos.

A maioria deles, para sorte nossa, percebe os riscos de um turismo descontrolado e tem buscado modelos mais sustentáveis. Espero que funcione!

Turismo Alpino por País

Daqui para a frente, vamos explorar o turismo alpino em cada um dos sete países em que a cordilheira está presente.

Em todos, o atrativo número 1 são as vistas deslumbrantes, seja de picos nevados ou lagos azul e esmeralda que se formam a partir do degelo.

Também vamos falar bastante de esportes de inverno: há cerca de 600 estações de esqui nos Alpes, sendo 270 delas na Áustria.

Praticamente todas elas ficam perto de vilarejos alpinos, onde mesmo turistas que não tem qualquer interesse em esquiar podem apreciar a neve e “escalar” montanhas no conforto de um teleférico.

Especialmente quando falarmos de países que tem áreas mais “baixas” dos Alpes (entre 1.000 e 2.000 metros de altitude), vamos falar bastante sobre trilhas e caminhadas.

Também vamos falar de trens panorâmicos sobre as montanhas e rotas alternativas (culturais e gastronômicas).

Vamos começar pela Áustria, descer para a Itália, seguir para o oeste em direção à França, subir para a Suíça e continuar por Liechtenstein, Eslovênia e Alemanha.

Alpes Austríacos

Mais de 60% do território austríaco fica sobre os Alpes (em amarelo nesse mapa).

Fonte: Vienna Times

Não é a toa que a maioria dos turistas que visitam a Áustria diz que o principal motivo da viagem é “turismo de montanha” (mais de 60%, segundo esse estudo da ONU).

A maioria dos pernoites turísticos (53%) são registradas nas províncias Tyrol e Salzburg, as duas onde as montanhas são mais elevadas.

Na província Salzburg, o destaque é a uma estrada de 48 quilômetros pelo alto do maciço Großglockner, que passa pelo pico Hochtor (2.369 metros).

A estrada fica aberta apenas de maio a novembro, já que a neve inviabiliza a circulação de veículos durante o inverno. Mais informações podem ser encontradas aqui.

Já no Tyrol, o ideal é ficar por Innsbruck, a capital da província.

Com 130 mil habitantes, dos quais 30 mil são estudantes, a cidade fica praticamente no meio das montanhas.

A partir dali, é fácil visitar as principais atrações turísticas dos Alpes na região.

As três principais áreas turísticas nos arredores de Innsbruck são, de leste para oeste, Zillertal, Stubaital e Ötztal.

Zillertal (que significa vale do rio Ziller) está dividido em 4 áreas turísticas, onde distribuem-se 25 vilarejos.

Fonte: Website Zillertal

O site da região explica as diferenças entre as 4 regiões e inclui várias sugestões de atividades para o inverno e para o verão.

Em Ötztal (que significa vale do rio Ötztaler Ache) há um parque natural (em verde no mapa abaixo).

Fonte: Parque Natural Ötztal

Um dos municípios que fica no parque, Sölden, organizou-se para promover o turismo na região. O complexo turístico, conhecido simplesmente como Sölden, abrange as localidades de Vent e Zwieselstein.

Também é possível hospedar-se em Hochsölden, um resort praticamente no meio das pistas de esqui.

O conjunto inclui tudo que você possa imaginar relacionado a turismo de montanha, de pista de esqui a SPA de águas termais.

Finalmente, Stubaital (que significa vale da montanha Stubai), localizado entre os vales do rio Ziller e do rio Ötztaler Ache.

cinco municípios no vale, estando um deles, Schönberg, há apenas dez minutos de Innsbruck.

Um pouquinho mais adiante, no município de Fulpmes, há um parque de arvorismo.

Mas o mais famoso deles é Neustift, por ser o mais próximo da Geleira do Stubai. Lá fica uma das quatro estações de esqui da região.

Dessa estação de esqui é fácil chegar ao Top of Tyrol, uma plataforma panorâmica a 3.210 metros de altitude.

Assim encerramos nosso passeio pelo Tirol austríaco e cruzamos a fronteira para o Tirol italiano, conhecido como Tirol do Sul.

Alpes Italianos: Tirol do Sul, Dolomitas e Valle d’Aosta

Historicamente, o Tirol e o Tirol do Sul formavam apenas uma região, parte do Sacro Império Romano Germânico. O que significa que seu idioma e cultura eram alemães.

Foi depois da I Guerra Mundial que essa região passou a fazer parte da Itália. Apesar dos protestos austríacos, a situação é essa até hoje.

Oficialmente o Tirol do Sul é hoje chamado de província de Bolzano (ou, ainda, Alto Adige).

Ele está no coração dos Alpes: 86% de sua área fica acima de 1.000 metros de altitude. O pico mais elevado é o Ortler, a 3.905 metros de altitude.

O site de turismo da região é ótimo, aqui você encontra todos os detalhes para explorar a região.

Mas há muito mais Alpes na Itália. De Bolzano, capital do Tirol do Sul, você pode ir para o leste pelas Dolomitas.

As Dolomitas são um grupo de montanhas alpinas que, por sua importância geomorfológica, é reconhecido pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.

Começando na região Trentino-Alto Adige, as Dolomitas se estendem pelo Veneto (província Belluno) e por Friuli-Venezia Giulia (províncias Pordenome e Udine).

Fonte: Dolomiti Mountains

Uma das maneiras mais fáceis de explorar as Dolomitas é viajando de carro pela Grande Strada delle Dolomiti, que começa em Bolzano (Tirol do Sul) e vai até Cortina D’Ampezzo (Belluno).

Fonte: The Gap Decaders

O blog Cats Nive Lives tem um post maravilhoso sobre como fazer uma road trip por lá.

Outra maneira de conhecer as Dolomitas é fazendo trilhas, que podem durar de algumas horas a vários dias. Esse post tem várias sugestões de roteiros e dicas sobre quando ir, onde se hospedar, etc.

As Dolomitas não são apenas uma das melhores regiões para caminhadas: elas também são famosas por suas estações de esqui.

O Dolomiti Superski é uma área que reúne doze delas, totalizando 1.200 quilômetros de pista. Clicando em cada uma delas nesse mapa você pode ver quais são os vilarejos mais próximos de cada uma.

O resort de esqui mais famoso das Dolomitas é Cortina D’Ampezzo (5.000 habitantes), que tem uma localização espetacular no meio das montanhas.

Ricos e famosos são atraídos para a região há décadas, de Frank Sinatra e Audrey Hepburn a George Clooney.

Contribuiu para a sua fama o fato de ele ter aparecido em muitos filmes, incluindo “A Panteira Cor-de-Rosa” (1963), “007: Somente Para Seus Olhos” (1981) e, mais recentemente, “Casa Gucci” (2021).

A terceira região alpina italiana é bem mais low-profile. Valle d’Aosta, na fronteira com a França, é uma opção melhor para quem procura menos luxo e mais tranquilidade.

Valle d’Aosta é a menor das vinte regiões da Itália. Ela fica praticamente toda sobre uma parte elevada dos Alpes, em que os picos superam 4.000 metros de altura.

Regiões Italianas. Fonte: Italia.it

Culturalmente, essa região é muito diferente das duas de que falamos antes. Enquanto no Tirol do Sul e nas Dolomitas a cultura tem influência germânica, na região de Aosta a vibe é totalmente latina.

A capital, Aosta, é conhecida como “a pequena Roma dos Alpes“. Uma das fachadas de um teatro romano construído há dois mil anos ainda está em pé.

O Valle d’Aosta está dividido em oito zonas turísticas. A capital fica bem no centro, na área que aparece em laranja nesse mapa:

Fonte: Site Oficial de Turismo do Valle d’Aosta

Além da própria cidade, duas atrações importantes nessa área são o Castelo de Fénis e o Castelo de Sarre.

A propósito, os castelos são um dos destaques do Valle D’Aosta.

Na área verde-água do mapa, chamada de Valle Central / Mont Avic, os destaques são o Castelo de Cly (séc. XI) e o Forte de Bard.

Onde hoje fica o Forte de Bard, já existia uma fortificação no século VI. Ela foi destruída por Napoleão no começo do século XIX, mas reconstruída a partir de 1830. Hoje o prédio abriga vários museus.

Um pouquinho mais para o leste, na região chamada Valle de Ayas (em azul no mapa), um dos destaques é o Castelo de Graines.

Finalmente, seguindo para o leste, a área cor pêssego do mapa é chamada Valle de Lys. Lá fica um dos castelos mais bonitos de todo o vale, o Castelo de Savoia.

Na dúvida sobre qual castelo visitar? Conheça todas as opções no Valle d’Aosta clicando aqui.

Já para o norte da capital, fica a região conhecida como São Bernardo (em roxo no mapa).

O nome vem de uma das passagens alpinas que são utilizadas há milhares de anos, a passagem Gran San Bernardo, que liga a Itália (Saint-Rhémy-en-Bosse) à Suíça (Martigny).

Do lado italiano, o destaque é a estação de esqui Crevacol, com 20 quilômetros de pista.

Mas quem gosta de esquiar vai se divertir mesmo é um pouquinho mais pra direita, na área do mapa que parece não ter cor.

A região é chamada de Monte Cervino em função da montanha mais importante daquela região, que tem esse nome.

É possível chegar pertinho do pico com o teleférico que sai do vilarejo Breuil-Cervínia e vai até o Plateau Rosa.

O Monte Cervino fica na divisa entre Itália e Suíça e, por isso, algumas pessoas conhecem-no pelo nome alemão: Matterhorn.

E um novo teleférico, chamado Matterhorn Alpine Crossing, possibilita continuar a viagem do Plateau Rosa até o pico da montanha e, de lá, seguir para Zermatt, já na Suíça.

Fonte: Site Oficial de Turismo do Valle d’Aosta

Voltando para o nosso mapa, ao sul da capital Aosta, na área em verde, fica o Parque Natural Gran Paradiso. Muita gente que vai ao Valle d’Aosta concentra-se apenas nessa região.

Além de castelos (sim, há mais alguns por aqui), essa área tem algumas das trilhas mais bonitas de todo o Vale.

Esse post tem fotos lindas de paisagens e dos vilarejos dessa região (os destaque são Cogne e Lillaz).

Para quem pensa em montar um roteiro por essa área, o site oficial do Valle d’Aosta tem várias sugestões, incluindo roteiros gastronômicos e trilhas que podem ser percorridas a pé, de bicicleta ou de moto.

Finalmente, chegamos à parte em rosa do mapa, que inclui a tríplice fronteira entre Itália, Suíça e França. Dessa área se avista o Mont Blanc, que é o pico mais alto da Europa.

A principal cidade italiana nessa região é Coermayeur. Além de ter sua própria estação de esqui, da cidade é possível pegar um teleférico até Punta Helbronner, o Skyway, que sobe a 3.466 metros de altura.

E, querendo, podemos seguir de lá direto para Chamonix, na França.

Fonte: Skyway Monte Bianco

Uma última dica antes de cruzarmos a fronteira: para explorar todas as opções para esquiar e fazer snowboard no Valle d’Aosta, basta clicar aqui.

Alpes Franceses

Os Alpes ocupam uma área de 35 mil quilômetros quadrados no território francês.

Embora esse seja quase o tamanho da Suíça inteira (41 mil quilômetros quadrados), como a França é um país bem maior, os Alpes representam apenas 6% de sua área total.

Em geral, quando se fala em Alpes Franceses pensamos em Mont Blanc ou Chamonix. Mas, na verdade, os Alpes estendem-se por toda a metade sul da fronteira leste da França.

Fonte: Free World Maps

Isso significa que eles estão presentes em oito dos 96 departamentos que formam a França.

Para fazer uma rota completa pelos Alpes, teríamos que ir da área da tríplice fronteira entre Suíça, Itália e França (departamento Haute-Savoie) e ir em direção ao sul até o mar Mediterrâneo (departamento Var):

Departamentos Alpinos da França. Fonte: Nilstilar, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

Nessa área, estão quatro das dez maiores áreas de esqui do mundo.

Talvez seja por isso que esquiar seja tão popular na França: uma pesquisa de 2022 diz que 25% dos franceses esquiam pelo menos uma vez por ano.

Para os estrangeiros, um dos destinos mais populares é a cidade de Chamonix, que fica no departamento Haute-Alps.

Chamonix fica a 1.037 metros de altitude, na montanha Mont Blanc, a mais alta do maciço de mesmo nome (Mont Blanc).

Do centro de Chamonix saem dois teleféricos: o Skyway (aquele que vai até a Itália) e o Aiguille du Midi, que vai até o pico de mesmo nome, com 3.842 metros de altura.

Nos arredores de Chamonix, que é super turística, há 120 quilômetros de pista de esqui.

De acordo com a própria localidade, havia mais de 80 mil leitos disponíveis na temporada de inverno 2022-2023 (a população fixa da cidade é de apenas 10 mil habitantes).

Um dos motivos de Chamonix ser tão popular é o fácil acesso.

Além da cidade estar próxima a dois aeroportos (Annecy, na França, e Genebra, na Suíça), a cidade tem uma estação de trem e há vários acessos por estrada (tanto da França quanto da Itália e da Suíça).

Outro destaque nessa região é Megève, mais sofisticada do que a vizinha Chamonix.

O pequeno vilarejo rural tornou-se destino turístico a partir de 1920, quando membros da família Rotschild, que até então esquiavam em Saint Moritz (Suíça), decidiram abrir uma estação de esqui na França.

Eles adquiriram uma propriedade no Mont D’Arbois (uma das colinas de Megève), e, em seguida, em um segundo prédio, abriram um hotel.

As duas propriedades são hoje hoteis cinco estrelas: a casa da família transformou-se no Les Chalets du Mont D’Arbois e aquele primeiro hotel (na época chamado Palácio da Neve) funciona hoje sob administração da rede Four Seasons.

A primeira pista de esqui criada por eles foi muito ampliada.

Atualmente, Megève tem 45 quilômetros de pista estilo cross-country (também conhecido como nórdico) e 400 km de pista downhill – literalmente “morro abaixo” (também conhecido como alpino).

Interessado em entender a diferença? Clique aqui.

Há cerca de uma hora de carro dali fica uma das cidades mais fofas que já visitei: Annecy.

Ela fica à beira de um lago (também chamado Annecy) e seu centro histórico é cortado por diversos canais.

Todos esses lugares de que falamos até agora (Chamonix, Megève e Annecy) ficam na parte bem de cima do mapa de departamentos alpinos da França, em Haute-Savoie.

Um pouquinho mais ao sul ficam os departamento de Savoie e Iserè.

Em Isère fica Grenoble, a maior cidade dos Alpes Franceses (450 mil habitantes).

Grenoble fica no meio de três regiões de serra, sendo uma deles Belledone (mais ou menos no meio do mapa abaixo, em amarelo).

Belledone é parte dos Alpes, enquanto que as outras duas serras (Chartreuse e Vercors), são consideradas parte dos Pré-Alpes (em laranja), que são montanhas mais baixas, que costeiam os Alpes Franceses.

Alpes em amarelo, Pré-Alpes em laranja. Fonte: Wikimedia Commons, CC BY-SA 3.0

No nordeste de Belledone, entre os maciços de Vanoise e Beaufortain, fica o vale Taraintesse.

Essa região concentra algumas das maiores áreas de esqui do mundo, como Les Trois Vallées, Paradiski e Val d’Isere. Cada uma delas tem centenas de quilômetros de pista e dezenas de vilarejos onde você pode hospedar-se.

Les Trois Vallées é a maior área de esqui do mundo, incluindo várias estações, como Courchevel e Méribel. Há opções de pista para todos os gostos e todos os níveis e, por isso, é super popular.

Paradiski é a terceira maior área de esqui do mundo, reunindo as estações Les Arcs, La Plagne e Peisey-Vallandry. Costuma ter menos turistas do que Les Trois Vallés.

Val d’Isere-Tignes é uma área formada por duas estações de esqui conectadas por um teleférico. Ela diferencia-se das outras duas por ser a que tem uma temporada mais longa (novembro a maio, enquanto nas outras duas só é possível esquiar de dezembro a abril).

Fora da temporada de esqui, todas essas áreas oferecem atividades de verão como trilhas para fazer a pé ou de mountain bike.

Nessa mesma região fica o Parque Nacional Vanoise, que é a continuação do parque italiano Gran Paradiso de que falamos antes. Outra excelente opção para quem quer entrar em contato com a natureza alpina.

Continuando nossa viagem pelos alpes francess, chegamos à área conhecida como “região sul”. Oficialmente essa região é chamada Provence-Alpes-Côte d’Azur.

Fonte: Provence-Alpes-Côte d’Azur

Ela é formada por seis departamentos, todos com um pouquinho dos Alpes em seu território.

O departamento mais “alpino” é o Haute Alpes. O nome, Altos Alpes, diz tudo: esse é o departamento francês mais elevado entre todos os 96 departamentos em que a França está dividida.

Nessa região fica a cidade mais elevada da França: Briançon, localizada a 1.326 metros de altura.

Nem preciso dizer que Haute Alpes é outro paraíso para quem quer esquiar.

Uma das estações de esqui mais conhecidas nessa área é Mont Genevre (a mais antiga da França), que é parte de outra área de esqui internacional, a Via Lattea (com estações de esqui na França e na Itália).

Nessa área também fica o maior parque nacional da França, o Parque Natural Écrins. Aqui fica o pico acima de 4 mil metros mais ao sul da França: o La Barre des Écrins, que atinge 4.102 metros de altura.

Daqui em diante, seguindo rumo ao sul, os Alpes vão sumindo, devagarinho.

Os picos mais altos dos departamentos seguintes, Alpes-Haute-Provence e Alpes-Maritime, são, respectivamente, o Aiguille de Chambeyron e o Mont Pelat, com 3.412 e 3.050 metros de altitude.

O destaque nessa região é o Parque Nacional Mercantour, a apenas 50 quilômetros de Nice. Ele tem mais de 600 quilômetros de trilhas.

Finalmente, chegando ao departamento Var, o pico mais alto é a Montagne de Lachens, com apenas 1.712 metros de altura.

Para terminar nosso capítulo sobre os Alpes Franceses vamos voltar para o norte, na fronteira com a Suíça: lá tem mais uma daquelas áreas bi-nacionais de estações de esqui, chamada Portes du Soleil.

São oito estações na França e quatro na Suíça, nosso próximo destino.

Alpes Suíços

Portes du Soleil fica na área 9 desse mapa, pertinho do lago Genève:

Mapa Turístico da Suíça. Fonte: Planet Ware

Essa área, conhecida como Valais, é o trecho da Suíça que forma a tríplice fronteira com França e Itália.

O pico do maciço Mont Blanc que fica exatamente no ponto onde os três países se encontram é o Mont Dolent, 30 quilômetros ao sul da cidade suíça Martigny.

Também a 30 quilômetros de Martigny, mas indo para o leste, fica Les 4 Vallés, a quarta maior área de esqui do mundo.

E, logo em seguida, chegamos a Zermatt. Lembra? Já falamos dela quando falamos sobre os alpes italianos.

Zermatt é aquele lugar onde a gente pode chegar de teleférico a partir do Valle d’Aosta. É o charmoso vilarejo alpino no lado suíço do pico conhecido como Monte Cervino na Itália e Matterhorn na Suíça.

Zermatt é também um dos destinos turísticos mais antigos dos Alpes: o primeiro hotel abriu em 1838. O tráfego de veículos motorizados é proibido, o que aumenta o charme da localidade.

Estando nela, não se surpreenda se achar o pico do Matterhorn familiar… é que ele é a montanha que apareceu na embalagem do chocolate Toblerone entre 1970 e 2022 (pra entender a mudança do logo, clique aqui).

Nessa região, a principal área de esqui é a Matterhorn Ski Paradise.

Continuando nosso passeio pela Suíça, vamos para o norte e chegamos à área 6 do mapa acima.

Essa é a região conhecida como Bernese Oberland (em cinza no mapa abaixo):

Mapa da Suíça, com destaque para Bernese Oberland. Fonte: Berner Oberland Pass

Embora o termo não seja muito usado para fins turísticos, na prática, várias regiões turísticas famosas encontram-se nessa área.

Alguns exemplos são a cidade de Interlaken, o vale de Lauterbrunnen e a região do pico Jungfrau.

Interlaken é famosa por ser um excelente ponto de partida para explorar toda essa área.

A cidade, como o nome diz, fica entre dois lagos (Thun e Brienz).

Ela fica ao lado da montanha Harder Kulm (1.322 metros de altura), em que podemos subir por um funicular.

Lá em cima tem um restaurante com vistas lindas para a cidade e os lagos.

Atrás dos lagos ficam vários picos com mais de 4 mil metros de altura.

Os destaques são Jungfrau (4.158 metros) e Mönch (4.110 metros), conectados pelo glacier Jungfraujoch (3.454 metros de altitude).

Entre Interlaken e os picos nevados fica Lauterbrunnen, a cidade das 72 cachoeiras (Lauterbrunnen significa cachoeiras barulhentas).

Ir de uma cidade a outra de trem leva apenas 23 minutos.

Um dos destaques do vale onde fica Lauterbrunnen são as cachoeiras Trümmelbach (em alemão: Trümmelbachfälle), um conjunto de dez quedas d’água por dentro da montanha.

Os suíços são tão engenhosos que construíram túneis e escadas que permitem que a gente suba pela montanha e veja as cachoeiras por dentro.

Eu estive lá e garanto que as fotos não representam o quão surpreendente esse passeio é.

Para saber tudo sobre como visitar as cachoeiras Trümmelbach, sugiro a leitura desse post do blog Travelling with Nikki.

Para finalizar o passeio por essa região (mapa bem completo aqui), eu ainda fui ao topo da montanha Schilthorn (2.970 metros), cenário do filme 007 – A Serviço Secreto De Sua Majestade (1969).

No filme, James Bond esquia lá de cima em direção ao vilarejo Mürren.

Na vida real, eu peguei um teleférico um pouco mais abaixo, em Stechelberg, que, além de parar em Mürren, para também em outros dois vilarejos, Gimmelwald e Birg.

Você pode aproveitar para explorar cada uma das localidades ou seguir direto para o topo.

Eu fiz uma pausa em Mürren, um vilarejo a 1.638 metros de altitude onde não se pode chegar de carro.

A maioria das pessoas chega lá pelo teleférico, mas também é possível ir a pé. Esse post do blog My Backyard and Beyond explica direitinho o trajeto.

Se você está planejando uma viagem para essa região, sugiro a leitura desse post do blog Eric’s Maine Life. Ele dá boas dicas sobre transporte, hospedagem e opções de passeio.

Seguindo em direção ao leste, entramos na região que aparece como número um no mapa da Suíça que vimos antes.

Lá ficam outras duas áreas bem famosas do país: Davos e Saint Moritz.

As duas ficam em Grisons, uma das 26 regiões em que a Suíça está dividida. Nessa mesma área fica Chur, considerada a cidade suíça mais antiga.

Saint Moritz, mais de 1.800 metros acima do nível do mar, atrai turistas pelo menos desde o século XVII.

Naquela época, eles iam até lá no verão, em busca das águas minerais e do ar puro das montanhas, que eram considerados medicinais.

A cidade passou a ser uma atração de inverno a partir de 1864, quando o dono do Hotel Kulm (um dos ícones da região até hoje) convidou alguns de seus visitantes ingleses habituais a voltarem no inverno.

Verdade ou lenda, a partir de então, mais e mais britânicos endinheirados começaram a ir para Saint Moritz no inverno, para longas temporadas.

Eles levaram sua paixão pelos esportes e, logo, uma primeira pista de patinação no gelo foi criada. Em seguida surgiram tobogãs na neve. Não demoraria até surgirem as primeiras competições de esportes de inverno, que passaram a atrair toda a aristocracia da Europa.

No século XX, o resort passou a atrair celebridades, de Elizabeth Taylor a Paris Hilton. Saint Moritz também foi cenário de um filme de James Bond, “O Espião que me Amava” (1977).

Saint Moritz é, definitivamente, não apenas o resort de inverno mais antigo como trambém um dos mais luxuosos do mundo. Há muito a fazer por lá, como você pode ver no site da região Engadin-Saint Moritz.

Um dos destaques são as duas linhas de trem turístico que saem da cidade: Bernina Express e Glacier Express. A diferença entre as duas é grande!

O Bernina Express vai em direção ao sul, com destino à cidade italiana Tirano. A viagem dura pouco mais de 4 horas. É possível fazer a viagem em trem turístico ou trem normal.

Já o Glacier Express é um trem turístico que vai em direção ao oeste, até Zermatt.

A viagem completa é longa (8h), mas o trem é um luxo, todo com janelas panorâmicas. Querendo, é possível fazer apenas um trecho da viagem (por exemplo, Saint Moritz – Chur).

Encerramos nosso passeio pelos alpes suíços por Davos, que, além de ser outro destino tradicional para esportes de inverno, aparece na mídia internacional regularmente por motivos políticos.

É que, desde 1971, acontecem lá as reuniões anuais do Fórum Econômico Mundial, uma organização não-governamental que se propõe a promover a cooperação de instituições públicas e privadas.

Davos, assim como Saint Moritz, atrai há séculos turistas que buscam a região por questões de saúde.

No final do século XIX, assim como Saint Moritz, Davos tornou-se um centro de esportes de inverno. E, em 1924, foi lá que aconteceu a primeira corrida de esqui da Suíça, a Parsenn Derby.

Davos, apesar de ter apenas dez mil habitantes, tem cara de cidade grande. Mas, pertinho dali (15 minutos de carro), fica um vilarejo menor, Klosters, que se parece mais com a ideia que a gente tem de um vilarejo alpino.

Toda essa região, que conts com seis estações de esqui, tem sido promovida com o nome Davos Klosters. Aqui tem um post interessante sobre essa área.

Da Suíça vamos para Liechtenstein, o sexto menor país do mundo.

Liechtenstein, um País Inteiro sobre os Alpes

Esse pequeno país, com apenas 40 mil habitantes, fica 100% nos Alpes, entre a Suíça e a Áustria.

A maior parte de seu território está acima de 1.800 metros, e o pico mais alto atinge 2.599 metros de altitude.

É possível conhecer o país a pé. Essa trilha de 75 quilômetros pode ser feita em 4 ou 5 dias.

Ela atravessa todos os 11 municípios do país, incluindo a capital Vaduz.

Isso atrai um grande número de visitantes para o país – mais de 116 mil em 2023, praticamente três vezes o tamanho da população.

A maioria dos turistas vem dos países vizinhos.

No inverno, eles frequentam a única estação de esqui do país, Malbun, que também é uma região linda para caminhadas no verão.

Alpes na Eslovênia

De Liechtenstein vamos para a Eslovênia, que fica entre a Itália e a Croácia. Os Alpes ocupam 40% do país.

Eu não vou me estender muito porque já escrevi um post inteiro sobre turismo na Eslôvenia, no qual entrei em detalhes sobre os Alpes.

Resumindo, podemos dizer que os alpes eslovenos são formados por três cadeias de montanhas: os Alpes Julianos, as montanhas Karavanke e as montanhas Kamnik-Savinja.

Os Alpes Julianos são uma continuação dos alpes italianos. A parte eslovena está dentro de uma área protegida, o Parque Nacional Triglav, onde fica o pico mais alto do país, também chamado Triglav (2.863 metros de altitude).

As montanhas Karavanke começam pertinho, na tríplice fronteira entre Itália, Eslovênia e Áustria, e estendem-se por todo o norte do país, até a fronteira com a Croácia.

De lá, a gente enxerga o Lago Bled, um dos principais destinos turísticos do país.

Um pouquinho ao sul já estão as montanhas Kamnik-Savinja, onde fica a estação de esqui mais famosa do país, chamada Krvavec.

Uma vantagem de explorar essa região dos Alpes é que, além de estar pertinho do lago Bled, você está a poucos quilômetros da capital do país, Liubliana, que é uma gracinha! Já escrevi sobre ela aqui.

Alpes na Alemanha

Não podemos terminar um post sobre os Alpes sem falar na Alemanha. Embora apenas 3% do território do país fique sobre essas montanhas, há alguns locais super interessantes para quem gosta de história.

O estado alemão onde ficam os Alpes é a Bavária. E lá fica uma das atrações turísticas mais visitadas do país, conhecida como “o castelo da Cinderela”.

Neuschwanstein, Castelo da Cinderela, Castelo da Bela Adormecida

Castelo Neuschwanstein

Eu já falei como visitar esse castelo e alguns outros dessa região no meu post sobre a Bavária.

O castelo, oficialmente chamado Neuschwanstein, fica a 60 quilômetros do pico mais alto da Alemanha, o Zugstpitze (2.962 metros de altura).

Quem quer subir nessa montanha, normalmente hospeda-se em Garmish-Partenkirchen, uma cidade de 27 mil habitantes, a apenas 10 quilômetros dela.

De lá, dá pra ir até o pico da montanha pegando um trem vintage (Zahnradbahn). Ele sai da cidade e sobe até o meio da montanha, onde há uma transferência para um teleférico (Gletscherbahn) que sobe até o topo.

Quem está de carro tem outa opção: ir direto para o lago Eibsee, de onde é possível pegar um funicular (Seilbahn), que vai direto para o pico da montanha.

Quem está nessa área, está pertinho de Innsbruck, na Áustria (para o sul, a apenas 60 quilômetros).

Mas a Alemanha também tem um pouquinho mais de Alpes em direção ao leste, como quem vai para Salzburg (também na Áustria, mas para o outro lado, a cerca de 180 quilômetros).

Quem escolhe ir em direção a Salzburg tem a opção de fazer uma parada em um lugar curioso: o “ninho da águia”, a casa de Hitler nas montanhas.

A casa foi transformada em um tipo de museu, que pode ser visitado em cerca de duas horas. Também tem um restaurante no local.

O trajeto, a partir de certo ponto, é feito por meio de um ônibus especial, por isso o passeio requer algumas horas. Também só funciona entre maio e outubro. Esse post tem todas as dicas.

Pra Finalizar

Como ao longo desse post, eu falei de várias opções de caminhos para cruzar os Alpes, estou incluindo aqui um mapa interativo. Ele mostra os principais pontos de passagem pelas montanhas.

E aqui tem um artigo bem legal sobre a evolução das grandes rotas alpinas ao longo dos séculos.

Se você está se perguntando se é possível esquiar na Europa no verão (junho a setembro), a resposta é sim. Mas você precisa saber onde. Esse blog post tem algumas sugestões.

Finalmente, um último lembrete: explorar os Alpes pode ser o passeio mais barato ou o mais caro da sua vida.

Quem quer fazer uma viagem barata, pode optar por uma das muito trilhas. Na maioria delas, é possível dormir em campings ou alojamentos. Você pode também viajar de motorhome. As Dolomitas, na Itália, e o sul da França são ótimas regiões para isso.

Quem quer explorar os picos suíços ou as estações de esqui mais famosas da França e da Itália, deve preparar-se para gastar mais, beeeem mais. Mas, se você pode dar-se ao luxo… por que não? Com certeza será um passeio inesquecível.