O Parque Natural da Suíça Saxônica fica na fronteira da Alemanha com a República Tcheca, no estado da Saxônia, bem perto de Dresden.
No vale do Rio Elba, montanhas de arenito criam paisagens espetaculares. Pelos arredores, fortalezas como essa construída no alto de uma rocha e mais de 1.200 km de trilhas demarcadas para pedestres e ciclistas.
Se você só tem tempo para dar uma paradinha, um ou dois dias são suficientes para conhecer esses lugares e, também, o centro histórico de Dresden.
É acessível para quem viaja de carro, trem ou ônibus.
Nesse post eu te mostro como otimizar um roteiro pela região, incluindo como chegar e o que fazer no Parque.
Montanhas de Arenito do Vale do rio Elba (Elbe Sandstone Mountains)
A cadeia de montanhas de arenito estende-se por uma área de 700 quilômetros, pelas duas margens do rio.
A cadeia de montanhas e a floresta que existem nessa região passaram a ser parte de dois reinos diferentes a partir do século XV, quando o Tratado de Eger definiu a fronteira entre a Boêmia (atualmente parte da República Tcheca) e a Saxônia (atualmente parte da Alemanha).
Dos dois lados da fronteira existe hoje uma área protegida, que inclui dois Parques Naturais e duas áreas de Conservação.
Do lado tcheco, fica o Parque Nacional da Boêmia. Do lado alemão, fica o Parque Nacional da Suiça Saxônica.
E, em 2012, as administrações dos dois parques receberam um certificado de cooperação internacional do programa Parques Transnacionais (Transboundary Parks), que estimula a cooperação entre áreas naturais protegidas que pertecem a dois ou mais países da Europa.
Os dois parques juntos são também chamados atualmente de Suiça Boêmia-Saxônica (Saxon-Bohemian Switzerland).
Pra quem visita o lado alemão, as principais atrações são a Ponte Bastei (Basteibrücke), a vista do alto da Pedra Schramm (Schrammsteinaussicht) e a Fortaleza Pedra do Rei (Königstein).
1. Ponte Bastei (Basteibrücke)
A imagem mais famosa da Suiça Saxônica é, com certeza, essa ponte. Ela foi construída em 1826, em madeira. E, em 1851, foi substituída pela atual ponte de pedra.
A ponte é considerada uma das primeiras construções da Europa a ser feita especialmente para o turismo.
Lá fica o mirante mais famoso da região, de onde se tem uma das vistas mais bonitas para o vale do rio Elba.
Caminhando mais um pouco, a gente caminha sobre a ponte e chega na única área paga do passeio (só 2 euros), que é uma trilha que passa por várias pedras e mirantes.
É legal. Essa foto da ponte que postei antes foi tirada de lá.
Para o outro lado fica o mirante mais popular do parque, que é de onde as fotos mais bonitas são tiradas. Mas ele estava super lotado quando fomos (era feriado de Páscoa), e tinha fila para tirar foto.
E a dica aqui é ir cedo, afinal esse é um dos pontos turísticos mais visitados por alemães e tchecos. Até o estacionamento vai estar lotado se você chegar tarde!
Como chegar na Ponte Bastei
Para quem está de carro, basta seguir as indicações para Basteibrücke. Quando chegar no primeiro estacionamento (Rathewalde), você tem duas opções: estacionar ali mesmo ou ir adiante, em direção ao hotel Berg, para tentar uma vaga no estacionamento mais próximo da ponte.
O hotel Berg é parte de um complexo turístico ao redor da ponte, que inclui restaurantes e lojas de souvenir.
Quem parar no primeiro estacionamento vai caminhar 40 minutos até chegar a área do hotel. Foi o que a gente fez. A maior parte da caminhada é pelo meio da floresta, por uma trilha bonita e bem sinalizada.
Outra opção é, no estacionamento, pegar o ônibus P+R, que fica indo e vindo dali até Bastei.
Já para quem está vindo de trem, a parada mais próxima é Kurort Rathen (eu vou explicar mais sobre o trem no final do post). Na estação mesmo já começa uma trilha, chamada Basteiweg, que vai até a ponte.
Nesse caso, são 25 minutos de trajeto, incluindo uma balsa para atravessar o rio Elba.
E tem também como chegar em Bastei de ônibus. A linha 237, que passa por Pirna e Bad Schandau, vai até o estacionamento Rathewalde (e ali você escolhe se vai pegar a linha P+R ou caminhar 40 minutos até Bastei).
2. Vista do alto da Pedra Schramm (Schrammsteinaussicht)
Como eu já falei antes, o parque tem mais de 1.200 km de trilhas demarcadas.
O que é ótimo, mas, também, um problema: como escolher a melhor? O site do parque tem centenas delas!
Eu usei a busca do site do parque (em alemão) para identificar uma trilha considerada fácil, que tivesse entre 5 e 10 km e em que o ponto de partida fosse o mesmo da chegada, já que a gente estava de carro.
Apareceram muitas opções, mas eu gostei mais das fotos de uma chamada “Rundwanderung: Schrammsteinaussicht & Hohe Liebe“. Perguntei em uma loja de informações turísticas se a trilha era bonita, e uma senhora me respondeu “sim, linda, se vocês não tiverem problemas com escadas…”
Depois entendi. É que o tal “Schrammsteinaussicht” é um lugar no alto de uma pedra que tem quase 400 metros de altura.
E parte da trilha é um caminho cheio de escadas de metal, que te leva de uma base (que deve estar a uns 250 metros de altura) até o topo da pedra.
É muuuuito legal e eu adorei. Mas é pra quem não tem medo de altura e tem, pelo menos, um pouco de espírito de aventura.
Ao todo a trilha tem 7,4 km. A gente amou o caminho até a pedra, adoramos subir as tais escadas, e a vista lá de cima era espetacular.
Super recomendo!
Mas, depois de subir na pedra, já estávamos tão satisfeitos com o passeio, que acabamos nem indo até até a outra montanha, Hohe Liebe. Pegamos um atalho que nos levou de volta até o estacionamento onde tínhamos deixado o carro.
As trilhas são bem sinalizadas e eu diria que o risco de se perder é baixíssimo.
Você também pode levar um mapa como o nosso (disponível nos pontos de informação turística da região) ou fazer download das trilhas no site do parque.
Na volta pro carro, paramos no simpático Falkenstein Café e nos recuperamos do cansaço tomando café, comendo Apfelstrudel e apreciando essa vista.
No fim, apenas essa metade do passeio que fizemos já levou as 4 horas previstas para o passeio completo.
Se você estiver interessado em fazer essa mesma trilha:
- O site diz que é para começar no estacionamento em Schießgrund. O nosso GPS não encontrou esse e acabamos parando no estacionamento em Ostrau, que é 1 km mais adiante. Não foi um problema, porque lá mesmo já encontramos a sinalização das trilhas e já começamos a andar pelo meio da floresta, por um caminho bem bonito. Se acontecer o mesmo com você, apenas fique atento para lembrar em qual estacionamento deixou o carro e conseguir voltar.
- Nesse link tem um mapa da trilha que inclui mais informações sobre como chegar nela. E diz que o estacionamento correto fica logo depois do restaurante Schrammsteinbaude. Mas só encontrei essa dica depois de já ter voltado pra casa.
- Para quem for de transporte público, o melhor jeito de chegar lá é pegando o ônibus da linha 252 e descer na parada Schrammsteinbaude. Você pode pegar esse ônibus em 4 das cidades onde o trem para: Bad Schandau, Krippen, Schmilka ou Schöna.
Se você quiser fazer outra trilha pode pesquisar a sua favorita na ferramenta de busca do site do parque. A mais famosa é chamada Malerweg e tem 112 km. Em geral, quem faz essa trilha do começo ao fim leva de 5 a 8 dias, mas muita gente faz apenas alguns trechos dela.
Nesse post to blog Trails 4 Hikings você pode encontrar mais informações sobre a Malerweg e, também, dicas para fazer o trecho que passa pela Ponte Bastei.
3. Fortaleza Pedra do Rei (Festung Königstein)
Ela fica no alto de um montanha de pedra, do lado da cidade de mesmo nome, e tem pelo menos 800 anos de existência.
Os primeiros registros escritos sobre a fortaleza são do ano 1233. Na época, havia lá apenas um castelo medieval, que pertencia ao Reino da Boêmia.
No começo do século XV, ele foi ocupado pela família Wettin, nobres que controlavam a Saxônia. Logo, em 1459, com a assinatura do Tratado de Eger, ficou confirmada a posse do castelo pelos saxões.
Foi a partir de 1589 que o castelo passou a ser transformado em uma fortaleza. Em função de sua localização e estrutura, ela é considerada tão segura que nenhum inimigo jamais se atreveu a atacá-la.
Em tempos de guerra, era para lá que os reis saxões fugiam, levando o tesouro do Estado e obras de arte com eles. Em tempos de paz, o castelo era usado como local de lazer da corte, tendo sido cenário de muitos banquetes.
De lá para cá a fortaleza também serviu de prisão e hospital militar, entre outros fins. Foi em 1955 que o complexo, que abriga dezenas de prédios, foi aberto como museu pela primeira vez. Para saber mais sobre a história do lugar e horários de visita, leia o site da fortaleza (em inglês).
Dicas práticas
O jeito mais fácil de conhecer a região é de carro, mas transporte público funciona bem também. Existe uma linha de trem, a S1, que sai de Dresden e para em várias cidades que estão nas trilhas do parque. Aqui tem um arquivo mostrando todas as paradas.
Quem vai de transporte público costuma hospedar-se em Bad Schandau, pois de lá tem ônibus para esses 3 pontos turísticos de que falei.
Com a linha 237 você vai até o estacionamento da Ponte Bastei; com a linha 252 você vai até a trilha que fizemos; e com a linha NPE você vai até a Fortaleza Pedra do Rei (Festung Königstein).
Só que um monte de gente hospeda-se em Bad Schandau, uma cidadezinha de 3 mil habitantes. E ela acaba tendo os problemas normais de cidades muito turísticas: os hotéis são caros e as opções de restaurante não são lá essas coisas.
Mas o calçadão na margem do Elba vale a pena.
Uma outra opção, que eu considero melhor, é ficar em Pirna. Apesar de ser um pouco mais longe dos pontos turísticos, é uma cidade maior (40 mil habitantes), com mais opções de restaurantes e hoteis e que também fica às margens do Elba.
Para quem está de carro, o acesso aos pontos turísticos não muda muito. São uns 20 km a mais para chegar na fortaleza e na trilha. Para a ponte, a distância vai ser praticamente a mesma.
Quem está usando o transporte público vai pegar a mesma linha 237 para chegar à ponte (Bastei fica entre Pirna e Bad Schandau).
Mas, para fazer a trilha que a gente fez e ir na fortaleza, será necessário ir a Bad Schandau antes. Tem duas maneiras: pegar o trem de Pirna a Bad Schandau (linha S1, 23 minutos) ou um ônibus (várias linhas fazem esse trajeto).
Para ver todas as rotas de ônibus, clique aqui.
E, ficando em Pirna, você também vai poder desfrutar os fins de tarde caminhando pela beira do Elba.
Ou, ainda, ir conhecer o centro histórico de Dresden. De trem, são apenas 22 minutos.
Para concluir: se você gostou da ideia de fazer caminhadas pela Alemanha, leia esse artigo da DW. O país tem mais de 200 mil quilômetros de trilhas, e, nesse artigo, você vai conhecer 10 dos caminhos mais bonitos.