A Alemanha (em alemão: Deutschland) tem muita história, mas também é um país muito novo: existe há apenas 150 anos. Como pode isso?

É que Deutschland, o nome do país em seu próprio idioma, significa simplesmente “terra dos alemães”.

Ao longo de toda a Idade Média e Moderna, terras dos alemães eram simplesmente os territórios que faziam parte do Sacro Império Romano Germânico, uma associação de centenas de ducados, principados e reinos na região onde hoje ficam Alemanha e Áustria.

O Império, na maior parte de seus muitos séculos de existência, foi controlado pela Áustria (em alemão Österreich, que significa Reino do Oeste).

Quando o Império foi extinto, em 1806, a Áustria tinha um rival na disputa pela liderança dos povos alemães: o Reino da Prússia.

O Reino da Prússia, com sede em Berlim, já era o segundo maior território dentro do Sacro Império Romano Germânico desde o século XVII.

E foi esse reino que, no ano de 1871, conseguiu reunir todos os reinos, principados, ducados e cidades-livres onde viviam povos alemães em um novo império, o Império Alemão (Deutsch Reich).

Que, como você já pode imaginar, excluia apenas um dos reinos onde viviam povos alemães: o antigo líder, a Áustria.

O Império Alemão fundado pela Prússia em 1871 transformar-se-ia no que conhecemos hoje como a Alemanha.

A atual capital do país, Berlim, é a mesma cidade que foi capital da Prússia por muitos séculos. E é por isso que, nesse post sobre a história da Alemanha, eu começo com a história do Reino da Prússia.

Origens do Reino da Prússia

A primeira coisa importante de entender é que o Reino da Prússia, esse que conseguiu unificar todos os povos germânicos no Império Alemão em 1871, não é a primeira “Prússia” da história.

O que conhecemos como Reino da Prússia é, basicamente, o conjunto de territórios governados pela dinastia Hohenzollern.

Os Hohenzollern, em sua origem no século XI, controlavam apenas um castelo no sul da Alemanha.

Eles expandiram seus territórios ao longo do tempo e, no século XVII, passaram a governar um principado no Báltico chamado Ducado da Prússia.

Razões políticas acabaram fazendo com que todos os territórios dos Hohenzollern ficassem conhecidos como Reino da Prússia.

E foi com esse nome que o reino dos Hohenzollern, também conhecido como Brandenburgo-Prússia, conseguiu formar o Império Alemão em 1871 e assumir a liderança dos povos germânicos.

Quem são os Hohenzollern?

O primeiro registro sobre essa família refere-se a Buchard I, conde de Zollern (nome do tal castelo que eles controlavam), no século XI.

No século XII, a família dividiu-se em dois ramos: Franconianos e Suábios. Os Franconianos são os que nos interessam para essa história.

Eles logo expandiram seu território para o norte, adquirindo Nuremberg, Bayreuth, Ansbach e Kulmach.

E, no ano 1417, Frederico Hohenzollern comprou o território de Brandemburgo, onde já existia, há 300 anos, a cidade de Berlim (que, na época, era duas, uma de cada lado do rio Spree: Berlim e Colônia).

Na época a cidade tinha menos de 10 mil habitantes; enquanto Paris tinham mais de 200 mil.

Havia algo de especial na aquisição dessa região: ao tornar-se Marquês de Brandemburgo, Frederico tornava-se também Príncipe-Eleitor (em alemão: Kurfürst).

Príncipe-Eleitor era um título de nobreza do Sacro Império Romano Germânico.

Isso tinha grande importância, pois, entre as centenas de territórios alemães (reinos, ducados, principados, cidades-independentes, etc), só os governantes de 7 regiões – os Príncipes Eleitores – tinham direito à voto na escolha do Imperador.

Os 7 Eleitores eram o Marquês de Brandemburgo, o Rei da Boêmia, o Duque da Saxônia, o Conde do Reno e os Arcebispos de Trier, Mainz e Colônia.

Os Hohenzollern conseguiram manter a integridade de seus territórios ao longo dos séculos, graças ao Dispositio Achillea (1473), um princípio estabelecido pelo Eleitor Alberto III que dizia que o território de Brandemburgo seria sempre herdado sem divisões pelo filho mais velho.

O resultado é que, enquanto outros territórios germânicos dividiam-se a cada geração, as terras dos Hohenzollern apenas expandiam-se.

Para ver algo daquele tempo em Berlim, vale a pena ir até o pequeno bairro de São Nicolau (Nikolaiviertel).

A igreja de São Nicolau (Nikolaikirche), embora totalmente reconstruída, existe desde o século XIII. Foi ali, ao seu redor, que Berlim nasceu.

E, praticamente do lado, fica o Palácio da Cidade (Berliner Schloss), onde os Eleitores de Brandemburgo viveram a partir de 1451.

O prédio resistiu aos bombardeios da II Guerra Mundial, mas foi destruído em 1950.

Entre 2013 e 2020 ele foi totalmente reconstruído conforme a arquitetura barroca que ele teve a partir do século XVII.

O Ducado da Prússia

Além de evitar a divisão de suas terras, os Hohenzollern também investiam muito em expandi-las. E uma das maneiras mais comuns de fazer isso naquela época era por meio de casamentos.

Até o século XVI, nenhum dos territórios da família tinha acesso ao mar – o que era extremamente importante para o comércio naquela época.

Por isso, eles começaram a investir pesado em casamentos que contribuissem para esse fim. Em 1535 o próprio Eleitor casou-se com uma princesa polonesa. E essa foi a aposta certa.

Sucessivos casamentos entre as duas dinastias fizeram com que, no começo do século XVII, os Hohenzollern herdassem não apenas o Ducado da Prússia (à direita no mapa), como também terras no oeste da Europa, mais ou menos onde hoje ficam as cidades alemãs de Dusseldorf e Colônia (à esquerda no mapa).

Os Hohenzollern tinham agora um novo desafio: a distância entre seus territórios.

Fonte: This W3C-unspecified vector image was created with Inkscape., CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

Mas o mais importante de tudo: reparou que todos os territórios exceto o mais à direita ficam dentro de uma área delimitada em vermelho?

Essa linha representa os limites do Sacro Império Romano Germânico.

Logo depois de herdar esses novos territórios, o Eleitor resolveu construir uma fortaleza para proteger sua principal cidade, Berlim.

Essa fortaleza é a Zitadelle, considerada uma das fortalezas renascentistas mais bem preservadas da Europa. Ela funciona hoje como museu e área de shows e eventos.

A avenida Unter den Linden, uma das principais de Berlim até hoje, nessa época também já existia: em 1573 havia ali uma estradinha ligando o palácio da cidade (perto da igreja de São Nicolau) à região de Lietzow (onde, mais tarde, seria construído o Palácio Charlottenburg).

A expansão da Prússia

Frederico Guilherme, o Grande-Eleitor (1640-1688): a Prússia vira o segundo maior território alemão

O primeiro grande nome da dinastia Hohenzollern é Frederico Guilherme (Friedrich Wilhelm), o Grande-Eleitor.

Ele cresceu durante a Guerra dos Trinta Anos e, para mantê-lo em segurança, sua família o enviou para ser educado na Holanda (que vivia o seu auge naquela época).

Ele teve uma educação de primeira e governou Brandemburgo (como os territórios dos Hohenzollern ainda eram chamados na época) de 1640 a 1688. Seu governo é considerado um absoluto sucesso.

Quando ele sucedeu seu pai, em 1640, Berlim ainda estava sob ocupação inimiga.

Quando ele morreu, Brandemburgo tinha se tornado o segundo maior território alemão, atrás apenas da Áustria.

E ele conseguiu isso lidando com poderosos vizinhos: a manutenção do Ducado da Prússia, dependia de boas relações com a Polônia; a manutenção dos territórios no oeste, dependiam de boas relações com a França e a Holanda; o acesso ao Báltico dependia de boas relações com a Suécia; e garantir novos territórios no Sacro Império Romano Germânico dependia de boas relações com a Áustria.

Não era fácil estar no meio da Europa!

Frederico III, Eleitor de Brandemburgo (1688-1713), vira Frederico I, rei NA Prússia

Mas a sorte ajudou os Hohenzollern: em 1701 a Áustria já se via envolvida em disputas com a França relativas à Guerra de Sucessão Espanhola (1701-1714).

E, em função disso, o rei da Áustria, que também era Imperador do Sacro Império Romano Germânico, trocou o apoio de 8.000 soldados pelo reconhecimento do título de rei no Ducado da Prússia (que, como você viu no mapa, estava fora do Império).

Foi graças a isso que Frederico III, além de Eleitor de Brandemburgo, tornou-se também Frederico I (mas apenas na Prússia).

Sua coroação no ducado – agora Reino – da Prússia foi um evento suntuoso.

E, enquanto as potências da época guerreavam pela Sucessão Espanhola, Berlim tornava-se uma das cortes mais badaladas da Europa.

Foi também durante o reinado de Frederico III que cresceu a percepção da Prússia como região de tolerância religiosa.

Um dos motivos é o fato de que, enquanto a maioria do povo era luterana, a dinastia governante era calvinista.

Além disso, quando os protestantes Huguenotes fugiram da França, embora apenas 10% deles tenham ido para a Prússia, Frederico foi quem mais usou isso para promover a ideia de tolerância religiosa em seu território.

Em Berlim, onde já havia uma pequena comunidade Huguenote e uma primeira igreja, construída em 1672, a chegade de mais 20 mil franceses levou à construção de uma uma catedral francesa (Französischer Dom), que existe até hoje.

Outra obra arquitetônica do mesmo período é o palácio e jardim Charlottenburg, uma das principais atrações turísticas da capital alemã.

Na época, aquela região (hoje praticamente centro) era afastada de Berlim.

Sophie Charlotte, esposa de Frederico, encomendou a construção de um palácio de verão com jardins inspirados nos de Versailles.

O pequeno palácio finalizado em 1699 foi ampliado após Frederico obter o título de rei na Prússia (1701). Ele tornou-se um dos palácios favoritos da dinastia e continuou sendo ampliado ao longo das décadas seguintes.

Hoje, além de museus e espaços para eventos, ele tem uma das áreas verdes mais bonitas da cidade.

Frederico Guilherme I (1713-1740): o exército da Prússia torna-se o terceiro mais importante da Europa

O filho de Frederico III consolidou as conquistas do pai.

Ele continuou a estruturação da política interna, criou escolas e universidades e qualificou o serviço militar: no início de seu reinado, a Prússia tinha um exército de 38 mil homens; ao final, esse número tinha mais que dobrado.

Dessa forma, a Prússia tornava-se a terceira maior força militar da Europa, atrás apenas de França e Áustria.

Ao contrário do pai, Frederico Guilherme I era austero. Com muita disciplina, ele conseguiu, também, tornar Prússia-Brandemburgo financeiramente independente.

Estavam dadas as condições para que o próximo governante ficasse conhecido como…

Frederico (II), O Grande (1740-1786): a Prússia alcança a Áustria – existem agora duas potências dentro do Sacro Império Romano Germânico

Frederico, o Grande, é reconhecido amplamente por sua competência militar. Em seu reinado, a Prússia expandiu seu território e tornou-se a principal força militar da Europa.

Já em seu primeiro ano como rei, Frederico invadiu e ocupou a Silésia, região atualmente no sudeste da Polônia e que, na época, pertencia à Áustria.

Manter a Silésia não foi fácil: Frederico precisou envolver-se na Guerra dos Sete Anos (conflito internacional motivado por disputas entre França e Inglaterra).

Embora militarmente forte, o Reino de Brandemburgo-Prússia foi atacado por todos os lados (França, Áustria, Rússia) e tinha apenas o apoio da Inglaterra (em troca de proteção ao Principado de Hanover).

Frederico II só conseguiu manter seu reino intacto graças a um golpe de sorte: a morte da imperatriz da Rússia, Elizabeth, em 1762.

Ela era a maior inimiga de Brandenburgo-Prússia; já seu sucessor, Pedro III, era um grande admirador de Frederico II.

Com a Rússia mudando de lado, a Áustria viu-se obrigada a assinar um acordo aceitando a transferência defenitiva da Silésia para a Prússia.

Isso mudou para sempre o equilíbrio de poder no Sacro Império Romano Germânico. A Aústria agora tinha um rival à sua altura entre as nações germânicas.

E a Prússia mostrou-se capaz de articular os principais reinos germânicos em oposição à Austria nas décadas seguintes.

Um exemplo disso foi a criação da Liga de Príncipes Germânicos (Fürstenbund), com representantes de 18 territórios. Essa união evitou que a Áustria incorporasse a Bavária.

A Guerra dos Sete Anos, porém, exigiu muito do reino da Prússia, em termos financeiros, militares e populacionais.

Ainda assim, essa guerra criou um fenômeno interessante: uma onda de nacionalismo prussiano, centralizado na figura do rei.

O nacionalismo foi promovido pela elite intelectual, que publicou muitos panfletos e artigos exaltando a bravura de Frederico, e pelos pastores protestantes, que destacavam o papel de Frederico na proteção dos praticantes dessa religião.

Essa é outra marca importante de seu reinado: o estabelecimento de Prússia-Brandemburgo como o defensor de todos os alemães protestantes.

Isso criava uma distinção importante em relação a Áustria, que governava o Sacro Império Romano Germânico, e era notoriamente católica.

Nas palavras do historiador Christopher Clark, autor do livro O Reino de Ferro: “O Imperador Católico em Viena agora via-se a frente de um anti-imperador Protestante em Berlim”.

A última expansão territorial importante do reinado de Frederico foi obtida por via diplomática: a obtenção da faixa de terra que ligava a Prússia (Oriental) – antigo Ducado da Prússia, hoje Kaliningrado – à Brandemburgo.

O nome dessa faixa de terra era Prússia Ocidental e ela pertencia a Polônia.

Sua importância deve-se ao fato de que isso, além de facilitar muito o trânsito entre as regiões, simplificava a defesa das fronteiras do reino.

A obtenção desse território foi resultado de uma negociação diplomática orquestrada por Frederico: a primeira partição da Polônia (1772), na qual Rússia, Prússia e Áustria ocuparam partes de seu território.

Uma outra característica do longo governo de Frederico II foi a continuidade da centralização administrativa do reino.

Assim como seu pai, Frederico levava muito à sério suas responsabilidades como gestor e contribuiu para a cultura de disciplina, compromisso e esforço do povo da Prússia.

Frederico também é lembrado por sua preocupação social.

Alguns exemplos são o apoio a veteranos de guerra e a sua política alimentar, que evitou que a falta de alimentos generalizada na Europa entre 1768-1772 atingisse a população prussiana.

Foi ainda durante seu reinado que o termo Brandemburgo-Prússia praticamente desapareceu. Na década de 1770, Frederico passou a ser chamado de rei DA Prússia (ao invés de rei NA Prússia).

E as terras dos Hohenzollern no seu conjunto começaram a ser chamadas de “territórios da Prússia”, o que seria formalizado legalmente a partir de 1807.

Outros legados de Frederico, o Grande, são o início da criação do Código Legal da Prússia, que a partir de 1794 tornou-se um tipo de constituição para o reino.

Além disso, Frederico e seu reinado são considerados o ponto alto do Iluminismo na Prússia.

Berlim no final do século XVIII era uma cidade vibrante, com muitos intelectuais reunindo-se em clubes e associações destinados a temas variados, como ciência e economia.

Além de promover as artes e a ciência, Frederico também aboliou a tortura na Prússia, promoveu a tolerância religiosa e estabeleceus as bases da educação pública.

Muitos dos prédios históricos de Berlim e Potsdam são dessa época.

Na avenida Unter den Linden, você pode ver a Ópera do Estado (Staatsoper) e o prédio principal da Universidade Humboldt (originalmente um palácio dos Hohenzollern).

A própria configuração da avenida Unter den Linden (originalmente um pedaço daquela estradinha que ligava o Palácio de Berlim ao Palácio Charlottemburg) como um grande boulevard também é obra desse período.

Mas a principal obra de Frederico é o palácio Sans Souci, em Potsdam, a 40 minutos de Berlim.

O palácio, cujo nome significa “sem problemas” em francês, foi desenhado pelo próprio rei, que queria morar longe da agitação de Berlim (onde sua esposa, rainha Elizabeth Cristina, cuidava da vida social da corte).

Frederico, o Grande, o chefe militar admirado por Napoleão 50 anos depois, gostava de sossego, queria ser lembrado como filósofo e enterrado na sua casa de verão em Potsdam, cercado por seus cachorros.

Frederico Henrique II (1786-1797), III (1797-1840) e IV (1840-1864): manutenção

Quando Frederico, o Grande, faleceu em 1786, ele foi sucedido por seu sobrinho, Frederico Guilherme II (1786-1797). Ele seria seguido por Frederico Guilherme III (1797-1840) e Frederico Guilherme IV (1840-1864).

Ao longo desses quase 100 anos, a Prússia consolidou seu território e sistema administrativo, criando as bases para o futuro Império Alemão (1871).

São dessa fase muitos dos prédios e monumentos históricos de Berlim.

O mais icônico deles, o Portão de Brandenburgo, foi construído entre 1788 e 1791. Ele era uma das 18 portas da muralha que, na época, protegia Berlim.

O novo portão foi inspirado na entreda da Acrópolis de Atenas.

No alto, em 1793 foi instalada a Quadriga, uma biga com 4 cavalos que carrega a deusa grega Irene, uma das três deusas que guardavam os portões do céu.

Também são dessa época o Palácio Bellevue (1785), que hoje é o local de trabalho do presidente da Alemanha.

E o palácio da Ilha dos Pavões (1794), que é parte do complexo de palácios e parques de Potsdam-Berlim reconhecido como Patrimônio da Humanidade.

Entre os prédios construídos no século XIX estão os dois museus mais antigos de Berlim (ambos na Ilha dos Museus): o Museu Antigo (Altes Museum), finalizado em 1830; e a Antiga Galeria Nacional (Alte Nationalgalerie), inaugurada em 1876.

A dissolução do Sacro Império Romano Germânico e a Formação do Império Alemão (1790-1871)

A transformação da Prússia em uma nação tão importante quanto a Áustria no cenário internacional era o início de uma grande mudança no Sacro Império Romano Germânico.

O Império, originado no século IX e governado desde o século XIII pela dinastia Habsburgo, da Áustria, era uma instituição praticamente simbólica.

Mas muito importante no seu simbolismo: ele representava a união dos povos germânicos.

Com a ascensão de Napoleão na França, a existência do Sacro Império Romano Germânico passou a ser ameaçada.

Prevendo que Napoleão poderia tirar-lhe não apenas territórios como também o título de Imperador, Francisco da Áustria criou o novo Império Austríaco em 1804 e coroou a si mesmo como Imperador.

Por dois anos, ele acumulou os dois títulos imperiais (do Sacro Império e do Império Austríaco).

Em 1806, como previsto, Napoleão extinguiu o Sacro Império Romano Germânico.

Os Habsburgos não só perderam o título, como, também, todos seus territórios nos atuais Itália, Holanda, Eslovênia, Polônia e Alemanha.

A tentativa da Áustria de continuar liderando os povos germânicos: Confederação Alemã (1815-1866)

Quando Napoleão foi derrotado (1815) e as monarquias europeias foram restauradas, os Habsgurgos tentaram manter a liderança dos povos germânicos, dessa vez de uma forma um pouco diferente.

Ao invés de restaurar o Sacro Império Romano Germânico, eles criaram a Confederação Alemã.

Assim como o Sacro Império, a Confederação era uma reunião de territórios alemães, mais uma vez sob liderança da Áustria (agora chamada de Império Austríaco).

A Confederação Alemã existiu até 1866.

Mas, o que aconteceu nesse período, é que o poder da Prússia continuou aumentando.

E, em 1866, a Prússia enfrentou a Áustria e seus aliados (entre os quais os mais importante eram os reinos da Bavária, Saxônia e Hanover), em uma disputa pela liderança da Confederação Alemã.

Essa guerra ficou conhecida como Guerra Austro-Prussiana ou Guerra das Sete Semanas.

A Prússia venceu e, além de anexar vários territórios, expulsou a Áustria da Confederação Alemã, que, agora sob liderança da Prússia, passou a ser chamada de Confederação da Alemanha do Norte (Norddeutscher Bund).

A curta vida da Confederação da Alemanha do Norte (1867-1871)

Pertenciam à nova Confederação todos os territórios alemães ao norte do rio Main.

A principal diferença entre a confederação anterior, controlada pela Áustria, e a nova, da qual a Áustria tinha sido excluída, era a política externa.

Era Berlim (capital da Prússia), ao invés de Viena (capital da Áustria), que representava a maioria dos territórios alemães no cenário internacional.

O Rei da Prússia era também presidente da Confederação da Alemanha do Norte. E o Primeiro-Ministro (Chanceler) da Prússia era o Primeiro-Ministro da Confederação.

O aumento de poder da Prússia provocou um desequilíbrio no Concerto Europeu, um balanço de poder entre Áustria, França e Inglaterra, em vigor desde a queda de Napoleão.

Simplificando bastante, o resultado foi uma declaração de guerra da França em relação à Confederação da Alemanha do Norte.

Isso foi excelente para a Prússia: os territórios alemães ao sul do rio Main, vendo-se ameaçados pela França, aliaram-se aos territórios da Confederação da Alemanha do Norte.

Com o fim da guerra e a vitória dos alemães, havia criado-se um clima político que possibilitava a integração de todos os territórios alemães em um único império sob liderança da Prússia.

É dessa época um monumento que pode ser facilmente visto em Berlim: a Coluna da Vitória (Siegessäule).

Originalmente criada em 1864 para comemorar a vitória da Prússia sobre os ducados dinamarqueses, quando ela ficou pronta, nove anos depois, a Prússia já tinha vencido as guerras contra a Áustria e a França e formado o Império Alemão – o que deu um novo significado ao monumento.

O Império Alemao (1871 – 1945)

A formação do Império Alemão, na teoria, limitava o poder da Prússia.

A constituição do Império parecia um tratado entre nações independentes. Os territórios mantinham seus parlamentos e legislações e continuavam trocando embaixadores entre eles.

A autoridade máxima do Império era o Conselho Federal, formado por representantes de cada território.

O Império era formado por 4 reinos (Prússia, Bavária, Wuttenberg e Saxônia), 3 Cidades-Livres (Hamburgo, Bremem e Lubeck) e dezenas de outros territórios, entre os quais destacam-se a Alsácia-Lorena e os Grã-Ducados de Baden, Hesse, Mecklenburg-Schwerein e Oldenburg.

Na prática, a Prússia, como maior território (65% do território e 62% da população) e maior força militar, tinha mais poder do que as outras regiões.

Fase 1 – o Rei da Prússia também é Imperador Alemão (1871 – 1918)

O sistema administrativo da Prússia era maior do que o sistema administrativo do Império Alemão.

O que aconteceu é que, com o passar do tempo, pessoas dos outros territórios passaram a controlar o sistema prussiano.

Um exemplo disso: em 1914, 25% dos oficiais militares da Prússia tinham cidadania de algum outro território alemão.

Até a I Guerra Mundial, cada território desenvolveu-se no seu próprio ritmo.

Na Prússia, houve 3 reis – que também eram imperadores – durante essa primeira fase: Guilherme I (que era rei em 1871, quando o império foi formado); Frederico III, que tinha pensamentos liberais; e Guilheme II, que não conseguindo importância política, teve papel apenas simbólico.

O que diferenciou a Prússia dos outros territórios que formavam o Império Alemão nessa fase foi a manutenção do antigo sistema eleitoral que favorecia a nobreza agrária, os Junkers.

Também houve um grande crescimento do partido socialista. Não por acaso: os primeiros grandes pensadores do socialismo mundial, Karl Marx e Friedrich Engels, eram prussianos.

Internamente, houve uma mudança importante: a elite política da Prússia, que sempre havia valorizado seu aspecto multi-étnico, com espaço para os devotos de todas as religiões, abandonou a ideia do Estado Prussiano e passou a reforçar a ideia de “nação germânica”.

Esses fatores combinados abriram espaço para o crescimento dos grupos ultra-nacionalistas.

Em relação ao papel do rei-imperador, também houve uma mudança importante ao longo do tempo.

Segundo a constituição de 1871, o Rei da Prússia tinha também o título de Imperador Alemão. Ela também deixava claro que ele era “um príncipe entre príncipes”, cujos poderes derivavam de seu papel no Concelho Federal.

O primeiro imperador, Guilherme I (Wilhelm I), que já tinha mais de 70 anos quando foi proclamado imperador, lidou bem com isso.

Ele esteve satisfeito em ser o rei da Prússia até sua morte, em 1888. Ser imperador dos alemães não era prioridade para ele.

Seu filho, Frederico III, possivelmente teria sido um imperador parlamentarista, replicando no império o modelo britânico.

Porém, ele faleceu poucos meses depois de virar rei-imperador.

O próximo imperador alemão foi seu filho, Guilherme II, que era bem diferente do pai e do avô.

Ele gostava da atenção do público e da mídia, e acreditava que não bastava ser imperador de todos os alemães, era preciso projetar a imagem de imperador.

Ele viajou muito pelos vários reinos alemães, dando muitos discursos. Seus discursos eram publicados pela mídia e viravam assunto por semanas – o povo gostava, mas os intelectuais criticavam abertamente.

A partir de 1908, o governo tornou claro que os discursos do imperador expressavam sua opinião pessoal (em outras palavras, dizendo que eles não representavam a política do Estado).

E foi com essa desconexão entre o governo do império e o papel do imperador que, alguns anos depois, começou a I Guerra Mundial.

Ao longo da guerra, os líderes militares assumiram o comando e esconderam a gravidadade da situação do imperador até setembro de 1918.

Durante a guerra, o governo promoveu a ideia de que o Império Alemão venceria, afinal, já tinha vencido tantas outras guerras antes.

O fato é que essa era a primeira guerra do Império – quem tinha vencido guerras do passado era a Prússia, que, embora fosse o maior reino do novo império, ainda era vista com ranço pelos outros territórios alemães.

Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que a guerra ampliou os sentimentos de nacionalismo germânico, ela também ampliou os ranços em relação à Prússia.

Em setembro de 1918, os comandantes militares avisaram o imperador que a derrota era iminente e que ele deveria sair de Berlim e ir para o quartel-general, localizado na Prússia Oriental.

Chegando lá, Guilherme II fazia planos para voltar para Berlim à frente de seus exércitos, quando foi informado de que os exércitos não eram mais seus.

Em 9 de novembro, enquanto ele preparava-se para assinar um documento abdicando do título de Imperador Alemão, mas mantendo o de rei da Prússia, ele foi informado que seu chanceler, Max von Baden, já havia anunciado a abdicação dos dois tronos.

Max, que era primo de Guilherme, fez isso pensando que essa era a única maneira de preservar a monarquia: na véspera, o rei da Bavária havia sido deposto por um socialista que havia declarado a república.

Porém, Guilherme foi proibido de voltar para Berlim.

O trem que levava o rei desviou para a Holanda, onde ele recebeu asilo. Lá, ele viveu com sua família e um pequeno grupo de funcionários até sua morte, em 1941.

Chegava ao fim o reinado da dinastia Hohenzollern.

O prédio mais importante dessa fase da Prússia é o Reichstag, onde o parlamento alemão se reúne até hoje. Ele ficou pronto em 1894.

No ano seguinte ficaria pronta uma nova igreja protestante, criada por Guilherme II. Ela foi batizada como uma homenagem a seu avô e, por isso, foi chamada de Igreja Memorial (Gedächtniskirche).

Ela foi bombardeada durante a II Guerra Mundial e, durante a reconstrução, ficou decidido que a torre semi-destruída seria mantida e transformada em um memorial.

As missas, que ainda acontecem, ocorrem em um prédio moderno construído ao lado.

Fase 2 – um Reino sem Rei, um Império sem Imperador (a República de Weimar)

Mas a Prússia ainda existia, agora com um novo nome. O Reino da Prússia (Königreich Preußen) era agora o Estado Livre da Prússia (Freistaat Preußen).

De 1918 a 1932, o Império Alemão foi uma democracia. A principal diferença para a fase anterior era de que agora não havia um imperador, mas sim um presidente eleito por voto popular e um chanceler escolhido pelo parlamento.

No começo, parecia que a Prússia ia deixar de existir. Mas o novo governo nacional, de centro-esquerda, temia que a desintegração do reino da Prússia levasse a uma desintegração do Império, e, por isso, bloqueou as iniciativas nesse sentido.

Do período anterior, foi mantido o direito de cada território (Bundesland) ter seu próprio parlamento.

Entre todos os territórios alemães, o único que conseguiu manter um governo republicano mais consistente ao longo desse período foi exatamente a Prússia.

Todos os parlamentos eleitos para governar por tempo pré-definido conseguiram cumprir seu mandato até o final.

Nos outros territórios havia uma enorme resistência à república, forças de extrema direita e extrema esquerda tornavam difícil formar governos de coalisão. O resultado é que os parlamentos eram dissolvidos com frequência e eram convocadas novas eleições.

Isso também acontecia em nível nacional, resultando em frequentes trocas de chanceler: foram 16 em 15 anos.

Entre 1918 e 1925 houve também vários presidentes – até a eleição de Hindenburg, que ficaria nessa posição até sua morte, em 1934.

Dois dos fatos mais importantes desse período republicano foram o Tratado de Versailles (1919), que “resolvia” a I Guerra Mundial, e a quebra da Bolsa de Nova Iorque (1929), que ampliou a crise econômica resultando na ascensão do partido nazista.

O fato do governo de centro-esquerda ter aceitado o Tratado de Versailles, que castigava severamente a Alemanha e criava uma situação econômica insustentável, fez com que a República já começasse “com o pé esquerdo”.

Muitos moderados passaram a opor-se à república já a partir daí.

Também havia muitos outros grupos contra a república, incluindo grande parte da elite militar e da antiga nobreza (incluindo a nobreza prussiana, os Junkers). Eles congrevam-se no DNVP (Partido Nacionalista).

Ainda mais à direita, surgiu na Bavária o NSDAP (Partido Nacional Socialista, mais conhecido como Partido Nazista).

A crise econônica decorrente do Tratado de Versailles agravou a situação política até 1925-1926, período em que a Alemanha conseguiu negociar empréstimos e sua reintrodução no sistema internacional (o país ingressou na Liga das Nações, antecessora da ONU, em 1926).

As coisas iam bem e, em 1928, o partido nazista obteve apenas 2,6% dos votos nas eleições para o parlamento nacional.

Tudo mudou no ano seguinte. No começo de 1929, a necessidade de pagar os empréstimos já começava a pressionar a economia. Com a quebra da bolsa de Nova Iorque, em outubro, foi tudo por água abaixo.

O desemprego e a inflação atingiram níveis absurdos, o comércio internacional desapareceu e empresas começaram a falir, uma atrás da outra.

O resultado foi uma nova dissolução do parlamento nacional (que tinha mandato até 1932) dois anos antes, em outubro de 1930.

Nas novas eleições, o Partido Nazista obteve mais de 18% dos votos.

Enquanto isso, em nível regional, o governo da Prússia, onde os parlamentos conseguiam cumpriar seus mandatos e o presidente era o mesmo, Otto Braun, desde 1920, percebia a ameaça do partido nazista à democracia.

E pediu ao governo nacional para colocar o partido na ilegalidade (assim como o partido comunista).

Mas o governo do partido Nacionalista (direita moderada) ignorava o perigo, seguindo a máxima de que “o inimigo do meu inimigo (partido Comunista) é meu amigo (o partido Nazista)”

Apenas em 1932, quando Otto entregou um dossier de 200 páginas ao governo nacional provando que o partido nazista planejava um golpe contra a república, que o partido foi banido.

Mas era tarde demais.

Durante esses dois anos, os nazistas haviam infiltrado-se na máquina pública. Além disso, Hitler conseguiu que seu partido fosse legalizado apenas dois meses depois ter sido banido, com a promessa de que seu partido apoiaria um governo da direita moderada.

A essas alturas, a Prússia era o último bastião republicano no país. Mas, nas eleições do parlamento regional, em abril de 1932, o número de deputados nazistas subiu de 6 para 162 (36% do total).

Embora não fossem maioria, eles dificutaram o governo, bloqueando a aprovação do orçamento.

Sem conseguir votos suficientes, o parlamento da Prússia teve que aprovar o orçamento por decreto. A república já não funcionava mais.

Ficou fácil para o governo nacional extinguir, por decreto, o governo da Prússia.

Não houve resistência. O governo prussiano, desde 1930, já não tinha força para governar e sabia que o partido nazista, se não fosse contido, dominaria o país.

E assim foi. Hitler concorreu à presidente em abril de 1932 e ficou em segundo, com mais de 36% dos votos.

O parlamento nacional foi dissolvido duas vezes naquele ano, e nas duas eleições o partido Nazista ficou em primeiro, com mais de 30% dos votos.

Isso obrigou o presidente Hindenburg a aceitar Hitler como chanceler (janeiro de 1933).

Fase 3 – um novo “Imperador” em Berlim

Logo a Alemanha Democrática (República de Weimar) transformar-se-ia no “III Império Alemão (III Reich)”, nome criado pela propaganda nazista para definir o regime que governaria a Alemanha até 1945.

O discurso é de que essa nova Alemanha seria a continuidade do Sacro Império Germânico (considerado o I Império) e do Império Alemão criado em 1871 e que existiu até 1918 (considerado o II Império).

O governo democrático pré-1933 foi transformando-se em um governo autoritário e militarista, que daria início à II Guerra Mundial (1939 – 1945).

Para consolidar o discurso nacionalista, os nazistas exploraram a imagem de Frederico, o Grande, mas apenas nos aspectos que lhe eram convenientes.

Eles glorificavam o poder militar do antigo imperador e a disciplina e esforço do povo alemão que possibilitaram a expansão territorial e o crescimento da importância política do reino.

Mas deixavam de lado aspectos importantes sobre o reinado de Frederico que contrariavam a política nazista.

Como o fato de que ele era um Iluminista; de que ele deu origem à criação do Código Legal da Prússia; de que ele era tolerante a imigrantes, suas diferentes religiões e idiomas (o próprio rei preferia falar em francês do que alemão); e de que ele era, provavelmente, homossexual (grupo perseguido por Hitler).

A Prússia não existe mais, mas todos querem sua capital (1947 – 1990)

Infelizmente, a apropriação da imagem da Prússia pelos nazistas foi tão grande que o antigo reino ficou associado ao militarismo que levou à II Guerra Mundial.

O historiador Christopher Clark, autor do livro O Reino de Ferro, diz que é muito fácil derrubar essa associação, pelo simples fato de que, entre os prussianos, havia tantos apoiadores ao regime nazista quanto nos outros estados germânicos.

Em todos os estados houve tanto apoio quanto resistência ao governo nazista.

Mas isso não importa. O fato é que, após a II Guerra, três dos quatro vencedores da guerra (França, Inglaterra e Estados Unidos) viram na Prússia a razão do sucesso do militarismo de Hitler.

E tomaram várias iniciativas para que a Prússia fosse apagada da história, entre elas a extinção do Estado Livre da Prússia, em 1947.

Eu fiquei surpresa ao ler que, mesmo na escola, a Prússia e toda sua rica história, praticamente não é mencionada na Alemanha.

Resolvi perguntar aos conhecidos alemães (a maioria nas faixas de 30 e 40 anos) e eles confirmaram: eles sabem pouco – pra não dizer quase nada – sobre a história do país antes da formação do Império Alemão (1871).

No livro The Iron Kingdom, Clark explica que isso foi possível porque, desde sempre, havia uma antipatia dos outros estados alemães em relação à Prússia (o mais poderoso deles).

E era conveniente “recriar o Império Alemão” sem ligá-la ao reino que possibilitou a união dos estados germânicos algumas décadas antes.

A Alemanha pós guerra foi divida entre os 4 países Aliados:

Poucos anos depois, com o começo da Guerra Fria, França, Estados Unidos e Grã-Bretanha decidiram unir seus territórios e formar um estado parlamentar chamado República Federal da Alemanha (maio de 1949). Ele ficaria conhecido como Alemanha Ocidental.

Os políticos da época acreditavam numa reunificação da Alemanha em breve e, por isso, decidiram instalar sua capital temporária em Bonn, perto da fronteira com a Bélgica e às margens do rio Reno.

A decisão de escolher uma cidade pequena ao invés das desenvolvidas Frankfurt ou Hamburgo é associada a um temor de que, se os órgãos federais fossem instalados em uma delas, havia um risco de que a cidade se transformasse em capital permanente.

E a maioria dos políticos envolvidos na decisão queria que a capital voltasse a ser Berlim assim que possível.

Por seu lado, a União Soviética passou a chamar a sua parte de República Democrática Alemã, conhecida como Alemanha Oriental. Sua capital era Berlim.

A reunificação levou 41 anos. E possibilitou que a antiga capital da Prússia e do Império Alemão, passasse a ser a capital da Alemanha reunificada.

E lá estava, nas ruas de Berlim e nos palácios e jardins de Potsdam, a história da Prússia e a lembrança daquele reino tão importante até o final do século XIX.

Aos poucos, os alemães voltaram a olhar para aquela história apagada por tanto tempo e enxergar, além do militarismo, a tolerância a imigrantes e múltiplas religiões que existia no Reino da Prússia.

Isso possibilitou que, em 2012, o aniversário de 300 anos de Frederico, o Grande, fosse celebrado com centenas de exibições, concertos, seminários e filmes, não apenas na região do país onde ficava a Prússia, mas, também, no resto da Alemanha.

Depois de esquecido por quase cem anos, o reino volta a ser lembrado pelo que foi antes da formação do Império Alemão.

Para Terminar

Se você chegou até aqui, tenho certeza de que é um apaixonado por história como eu 🙂

E você já deve estar imaginando que escrever esse post deu um trabalhão: é difícil entender e organizar os pedaços desse quebra-cabeça.

Isso só foi possível graças ao fantástico livro O Reino de Ferro, que conta a história da Prússia, à maravilhosa Enciclopaedia Britannica, que foi minha principal referência para questões sensíveis (como a ascensão e governo do partido nazista) e a sites alemães onde encontrei a história dos prédios e monumentos mais significativos da Prússia.

Para os mais curiosos, estou adicionando links onde você vai encontrar detalhes sobre a ideologia do Sacro Império Romano Germânico, o primeiro castelo dos Hohenzollern, a evolução territorial de Brandemburgo-Prússia entre os séculos XV e XVIII e os resultados eleitorais da Alemanha entre 1924 e 1933.