Querendo conhecer a Alemanha, mas com pouco tempo disponível no seu roteiro pela Europa?

Nesse post eu te falo sobre 4 maneiras de incluir a Alemanha em roteiros pela Europa: combinando a Alemaha com Itália, França, Holanda ou Leste Europeu.

1. Alemanha com a Itália: Bavária

Quem está no norte da Itália (Milão, Veneza, Verona), está pertinho da Bavária, o estado alemão mais parecido com aquela ideia tradicional que a gente tem da Alemanha.

Fica fácil incluir a Alemanha nesse roteiro.

Na Bavária, muitas casas são construídas com a técnica enxaimel (Fachwerk), uma prática medieval que usa vigas de madeira e deixa as casas lindinhas assim:

A Bavária também é a região da Oktoberfest mais tradicional do mundo, a de Munique (que, a propósito, acontece no final de setembro, não em outubro).

Nessa época, os bávaros adoram usar as suas roupas tradicionais (Trachtendstadl).

Os homens usam bermudas e suspensórios de couro (Lederhosen) e as mulheres vestem vestidos decotados com aventais coloridos (Dirnl).

Mas não precisa estar lá nessa época para sentir o espírito da Oktoberfest na cidade: Munique é cheia dos famosos Biergarten (em português: jardim de cerveja), e eles estão abertos e cheios o ano todo.

Em Munique são produzidas algumas das cervejas mais tradicionais do país: Löwenbräu, Augustiner, Paulaner e Hofbräu. Cada uma tem seu próprio (ou vários) Biergarten.

E elas são perfeitas para acompanhar um Schnitzel (filé de porco à milanesa), prato típico da Bavária e da Áustria.

Ainda mais legal do que Munique, são as cidades do interior e os vários castelos da região, que parecem ter saído de um conto de fadas.

O castelo mais famoso da Alemanha é o Neuschwanstein, que dizem ter inspirado Walt Disney para o desenho do castelo da Cinderela.

Mas o meu preferido é o Linderhof, há cerca de 50 quilômetros dali.

Os dois foram construídos pelo mesmo rei, o excêntrico Luis II da Bavaria (Ludwig II).

Mas, ao contrário do grandioso Neuschwanstein, o palácio Linderhof é pequenininho, praticamente casa para uma pessoa só.

Ainda assim, tem todos os luxos que imaginamos ver em um palácio do século XIX, incluindo muitos espelhos e ouro na decoração, movéis grandiosos e jardins bem cuidados.

Parece um mini-Versailles.

Não é permitido tirar fotos dentro do palácio, mas você pode fazer um tour virtual aqui.

A Bavária ainda tem as cidades medievais mais lindinhas da Alemanha.

As minhas preferidas são Rothenburg ob der Tauber e Bamberg.

Rothenburg é a cidade medieval murada mais bem preservada da Alemanha.

A cidade de quase mil anos viveu o seu auge no século XIV.

E, depois de séculos praticamente esquecida, voltou a ser redescoberta por artistas, escritores e acadêmicos no século XVIII.

Descrita como o melhor exemplo da arquitetura medieval germânica, a cidade começou a atrair turistas ha mais de um século – e eles continuam chegando, cada vez mais.

Embora Rothenburg seja super turística e cheia de lojas de souvenir, ela é imperdível (não sou só eu dizendo isso, o meu guru de viagem Rick Steves também concorda).

E o segredo para aproveitá-la melhor é passar a noite por lá.

Essa é uma daquelas pequenas cidades que são invadidas por turistas durante o dia. Mas apenas 20% deles dorme na cidade. Ou seja, ela será praticamente sua se você for uma dessas pessoas que passa a noite por lá.

Bamberg, que também é bem bonita, é bem menos turística.

Essa é a antiga prefeitura (Rathaus), construída sobre uma ilha artificial no século XIV.

E, não longe dali, fica um conjunto de prédios dos séculos XVI e XVII, que inclui o Antigo Tribunal (Alte Hofhaltung), um palácio que foi transformado em galeria de arte (Neue Residenz) e a catedral da cidade.

Eu estive em Bamberg em um final de semana quente de verão e, no fim da tarde, as ruas do centro antigo estavam cheias de gente falando alemão – o turismo, se havia algum, era local.

É muito diferente de Rothenburg, onde você vai ouvir muitos outros idiomas em qualquer lugar por onde você passar.

Então, na hora de escolher, lembre-se: Rothenburg ob der Tauber parece ter saído das páginas de um conto de fadas, mas você só verá turistas; já Bamberg, que também é uma gracinha, é menos espetacular, mas é onde você vai ver mais alemães nas ruas.

Dicas práticas para incluir 4 dias na Bavária no seu roteiro pela Itália

Opção 1: de carro

Se você estiver no norte da Itália de carro, Munique está a apenas 6 horas de viagem.

Munique é uma boa base para conhecer os dois castelos que mencionei acima (cerca de 2h de carro até a região dos castelos e 1h entre um castelo e outro).

Se você prefere dormir perto dos castelos para explorá-los com mais tempos, duas boas opções são Hohenschwangau (uma pequena vila no pé da montanha, onde onde você precisa deixar o carro para ir até o “castelo da Cinderela”) ou Füssen (uma vila um pouco maiorzinha, com mais oferta de hoteis e restaurantes, mas um pouco mais longe do castelo).

Já para ir de Munique a Rothenburg ob der Tauber ou a Bamberg, são 2h30 de carro.

Se você quer conhecer as duas, pode ir até uma delas, passar a noite, e, na manhã seguinte, ir para a outra (a viagem entre elas é de 1h30).

Ou seja, em 4 dias, você consegue incluir a capital da Bavária (Munique), dois castelos e duas cidades medievais germânicas no seu roteiro pela Itália.

Opção 2: sem carro

Se você estiver sem carro e tiver os mesmos 4 dias, minha sugestão é ir de trem de Verona (a cidade italiana de Romeu e Julieta) para Munique. Tem trem direto, que faz o trajeto em 5h30.

De Munique, você pode pegar um tour de ônibus para conhecer os dois castelos em um dia (foi o que eu fiz; peguei esse aqui).

E, no dia seguinte, pode ir de trem ou a Bamberg ou a Rothenburg. Sugiro escolher uma só, pois os horários e linhas de trem (especialmente para Rothenburg) são um pouquinho complicados.

Mas olha que legal: em apenas 4 dias e sem carro é possível conhecer a capital da Bavária, Munique, dois castelos e uma cidade medieval (Bamberg ou Rothenburg).

2. Alemanha com a França: Floresta Negra e Heidelberg

Se você está viajando pela Fraça e quer dar uma esticadinha até a Alemanha, uma excelente opção é explorar a região da Floresta Negra, que fica pertinho da fronteira entre os dois países.

Fonte: Encyclopædia Britannica

A floresta estende-se por cerca de 150 quilômetros e tem entre 30 e 50 quilômetros de largura.

São 6 mil quilômetros quadrados, onde a maioria dos turistas (70%) são alemães.

Eles vão até lá para relaxar: na região há várias cidades com banhos termais, muitas opções de trilha, passeios na natureza e muitos parques temáticos.

Há também atrações culturais, como o Museu ao Ar Livre da Floresta Negra, onde você visita a reconstrução de uma fazenda tradicional da região.

Para os gourmets, a Floresta Negra é, provavelmente, o melhor roteiro da Alemanha: a pequena cidade de Baiersbronn, ao sul de Baden-Baden, tem dois dos nove restaurantes com três estrelas Michelin de todo o país.

Para os estrangeiros, Floresta Negra também é sinônimo de bolo de chocolate com cerejas (que foi inventado oficialmente em outra região da Alemanha, mas tornou-se típico dessa região).

Foto de Jacob Thomas (Unsplash)

Outro símbolo da Floresta Negra são os relógios cuco de madeira, que, embora tenham origem desconhecida, foram popularizados a partir do começo de sua produção nessa região (a partir do ano 1730).

Além da Floresta, com suas cidades, lagos e parques, você pode esticar a viagem um pouquinho mais para o norte e conhecer uma das cidades mais bonitas da Alemanha: Heildelberg.

Ela tem tudo o que você espera de uma cidade alemã: fica à margem de um rio (o Neckar), tem um centro histórico e um castelo, que a gente enxerga do centro da cidade.

Em Heidelberg fica também a universidade mais antiga do país, fundada em 1386.

Subindo até o castelo, a vista é linda!

Não é a toa que Heidelberg recebe 12 milhões de turistas por ano.

Para saber o que fazer em um dia na cidade, confira esse post da DW.

Opção 1: sem carro

A melhor opção para quem está sem carro é pegar um trem direto de Paris à Karlsruhe, já na Alemanha. São apenas 2h30 de viagem.

Karlsruhe é uma excelente base para ir à Floresta Negra, ao sul, e Heidelberg, ao norte.

Para ir à Floresta, pegue a linha de trem chamada Floresta Negra (Schwarzwaldbahn) em direção a Konstanz (na Suiça).

O trem logo vai parar em Baden Baden, a cidade das águas termais (20 min de Karlsruhe).

Se você não se interessa muito por termas, mas é louco por parques de diversões, desça na parada seguinte (Offenburg). De lá você pode ir para o Europa-Park, o segundo maior da Europa, ficando logo atrás da Disney Paris.

Basta pegar o trem regional para Ringsheim e, de lá, pegar o transfer do próprio Europa-Park.

Indo ao Europa-Park, considere dormir em um dos vários hotéis que existem por lá, já que o parque é bem grande e fazer o trajeto de ida e volta de transporte público vai consumir um tempo significativo.

Caso você prefira investir seu tempo conhecendo a cultura da região, continue no trem da Floresta Negra até Hausach, onde fica o Museu ao Ar Livre da Floresta Negra (Schwarzwälder Freilichtmuseum), de que falei acima.

E, finalmente, se o que você quer é contato com a natureza, continue no trem até Triberg, onde ficam as cachoeiras mais altas da Alemanha.

No centro da cidade, você ainda vai encontrar uma oferta gigante dos tradicionais relógio-cuco de madeira.

Voltando a Karlsruhe, também é muito fácil ir de trem à Heidelberg, mais para o norte. Tem trem praticamente de hora em hora e o trajeto Karlsruhe-Heidelberg leva apenas 40 minutos.

Opção 2: de carro

Quem está de carro na Floresta tem ainda mais opções.

Uma boa base é Freiburg im Breisgau, que fica a 6 horas de carro de Paris e é a principal cidade na região da Floresta Negra.

De Freiburg até Heidelberg são apenas duas horas.

Se você tem interesse na cultura local, faça o triângulo Gengenbach – Hausach – Furtwangen

Gengenbach, com pouco mais de mil habitantes, é um dos melhores lugares para ver casas em estilo enxaimel na Floresta Negra.

Em Hausach, como falamos acima, fica o Museu ao Ar Livre da Floresta Negra (Schwarzwälder Freilichtmuseum), o parque temático que simula uma fazenda do século XVI.

São quase 30 prédios, incluindo padaria, destilaria, capela, etc, e muitos atores, que mostram como viviam os camponeses medievais.

Furtwangen im Scharzwald é uma cidade com 9 mil habitantes, onde os tradicionais relógios-cuco começaram a ser produzidos no século XVII.

A produção de relógios, especialmente depois da fundação de uma escola de fabricação, promoveu o crescimento do local. E a cidade preserva, com muito orgulho, sua história no Museu do Relógio Alemão.

Para explorar a natureza, visite um dos muitos lagos e a maior cascata da Alemanha

Há muitos lagos na Floresta. Os principais são o Titisee, o Mummelsee e o Feldsee.

O maior deles, o Titisee, é o que tem mais estrutura turística.

Pode ser visitado o ano inteiro – e o auge do turismo ao seu redor é durante as férias escolares de verão (final de julho e agosto).

Dá pra nadar, praticar esportes náuticos e, claro, tomar cerveja em um Biergarten.

Também há cachoeiras na Floresta. Em Triberg ficam as cachoeiras mais altas da Alemanha.

E, aqui, você acha uma lista com várias outras que você pode explorar.

Mas, se você gosta de conforto e luxo, vá direto par Baden Baden e Baiersbronn

Banhos termais são algo muito importante no norte da Europa. Nada melhor para espantar o frio e relaxar. Banhos termais também são famosos por seus efeitos terapêuticos.

E, na Alemanha, um dos melhores lugares para isso é a Floresta Negra.

Há várias opções de termas, mas o grande destaque é Baden Baden, que acabou de ser incluída na lista de Patrimônio Cultural da Humanidade da UNESCO, como parte de um grupo chamado “As grandes cidade-SPA da Europa“.

O que as onze cidades listadas pela UNESCO tem em comum é o fato de serem cidades que se desenvolveram a partir da exploração terapêutica de águas minerais naturais.

E, para atrair turistas, valorizaram as belezas naturais da região e criaram muitos espaços de lazer, que vão de jardins e trilhas a cassinos e campos de golfe.

Baden Baden é uma dessas cidades. E ela é também sinônimo de luxo, pois, desde seu surgimento, é frequentada pela aristocracia e por celebridades.

Se você quer conhecer Baden Baden, mas não está disposto a gastar muito, não se preocupe.

A cidade em si é charmosa, cercada por áreas verdes e trilhas. E tudo isso é de graça.

Além disso, você também tem acesso às termas por pacotes que vão de 2 horas a um dia inteiro, por preços que ficam entre 20 e 40 euros por pessoa. Confira os detalhes no site dos dois SPAs termais da cidade, Friedrichsbad e Caracalla.

Mas, atenção: na Alemanha, saunas e SPAs são ambientes “textile free”. Ou seja, na maioria das vezes, vai estar todo mundo completamente sem roupa. Se você acha que consegue ficar à vontade, recomendo muito.

Além de banhos termais e de SPAs, Baden Baden também tem muitas opções de restaurante (para todos os bolsos), muitas lojas, cassinos, campos de golfe e, até, corridas de cavalo.

Considerando incluir Baden Baden no seu roteiro? Aqui você vai encontrar muitas dicas sobre a cidade e, também, várias opções de lugar onde ficar.

Caso você queira conhecer os banhos termais da Floresta Negra gastando menos, pode ir a outras cidades, como Bad Wildbad (que tem duas termas, Palais-Thermal e Vital Therme) ou Badenweiler (que tem uma, a Cassiopeia Therme).

Voltando ao luxo: se o seu negócio é comer bem, não perca Baiersbronn.

O guia Michelin tem 9 restaurantes alemães na sua classificação máxima (3 estrelas), e 2 deles ficam nessa cidadezinha de 15 mil habitantes. Eles são o Schwarzwaldstube e o Bareiss.

O segredo? Ingredientes naturais colhidos na floresta e chefes que sabem aproveitar bem isso.

Mas você não precisa pagar “preços estrela Michelin” para comer bem na cidade.

O próprio Michelin tem uma outra classificação chamada Bib Gourmand, para lugares onde se come bem por preços mais acessíveis (cerca de 50 euros por pessoa). Baiersbronn tem 4 locais com essa classificação. Confira quais são eles aqui.

Além disso, Baiersbronn oferece também as “trilhas gastronômicas do céu” (Kulinarische Wanderhimmel).

Especialistas em plantas acompanham grupos pela floresta, mostrando como encontrar, colher e usar os ingredientes que fazem a cozinha da região ser considerada tão especial.

Se você quiser explorar outras possibilidades de tour gastronômico na região, confira algumas opções nesse artigo.

3. Alemanha com o Leste Europeu: Berlim

Pensando em ir a Praga e Budapeste? Dá pra incluir Berlim facinho nesse roteiro.

De Praga a Berlim são menos de 6 horas de trem ou ônibus.

Quatro dias é um tempo ótimo para conhecer a capital da Alemanha.

Normalmente os turistas se concentram na área do Portão de Brandemburgo, que é um dos portões dos muros que cercavam a Berlim do século XIX e foi palco de muitas manifestações na cidade, incluindo as que levaram à queda do Muro de Berlim.

Para um lado dos lados do Portão, fica a Berlim imperial, que é onde a gente vê os prédios imponentes da época da formação do Estado Alemão, no final do século XIX (saiba mais no meu post História da Prússia: entenda por que Berlim é a capital da Alemanha).

Basta subir a avenida Unter den Linden e você vai ir passando por muitos prédios dessa época, até chegar ao recém restaurado palácio imperial, que fica na frente da catedral da cidade.

Atrás da catedral fica a Ilha dos Museus (Museuminsel).

Ao todo são 5 museus, com destaque para o Neues Museum (onde está o busto da rainha egípcia Nefertiti) e o Pergamon (onde você verá o portão Ishtar, mais conhecido como “os Portões da Babilônia“).

Eu sei que museu não é a atividade favorita de todo mundo, mas, se você tiver tempo para visitar mais dois, sugiro os meus dois favoritos: o Museu da História da Alemanha (ali pertinho) e o A História de Berlim (em Charlottenburg, bairro do qual falo em seguida).

Voltando para a avenida Unter den Linden: uma de suas transversais é a Friedrichstrasse, uma das principais ruas de compras da cidade.

Ela também é atração turística, pois lá, durante o tempo da divisão da cidade, ficava o Check Point Charlie, uma das áreas onde era possível cruzar de Berlim Oriental para Ocidental (e vice-versa).

Em uma rua paralela à Friedrichstrasse fica uma das praças mais bonitas de Berlin, a Gendarmenmarkt.

E, numa das esquinas da praça, fica a minha loja de chocolate favorita, a Rausch.

Vale a pena entrar e olhar as vitrines apenas para ver as belíssimas esculturas de chocolate.

Se estiver na hora de fazer uma pausa, vale a pena ir até a cafeteria da loja para tomar um chocolate quente ou comer um fondue (de chocolate, claro).

Voltando para o Portão de Brandemburgo, você vai ver outros pontos importantes de Berlim.

Olhando para o parque (Tiergarten), você terá à direita o Parlamento Alemão (Reichstag). Dá para visitar e subir na sua cúpula de vidro, de onde se tem uma vista bonita para o interior do parlamento e para a cidade.

E, à sua esquerda, estará uma das instalações artísticas mais impressionantes do mundo: o Memorial do Holocausto.

Vale a pena pasar um tempinho ali, caminhando entre os blocos de concreto que mudam de altura e se esparramam por uma superfície ondulada.

Se você continuar caminhando nessa direção, vai chegar à Potsdamer Platz, onde vai encontrar um pedaço do muro de Berlim.

Foto de Marie Bellando Mitjans (Unsplash)

Se você está se perguntando onde mai consegue ver o muro, a resposta é “em toda a parte”.

O muro circulava Berlim Ocidental (onde só era possível chegar de avião).

Quando ele foi derrubado, vários trechos foram preservados.

Os trechos mais conhecidos são esse da Potsdamer Platz, um outro trecho ali perto chamado de Topografia do Terror e um trecho mais pro norte da cidade, na Bernauer Strasse, onde há também um Memorial.

E, claro, a East Side Gallery, provavelmente a imagem mais conhecida do antigo Muro de Berlim.

Trata-se de um trecho do muro com mais de um quilômetro e todo grafitado por artistas do mundo inteiro.

Se você for até lá (é do outro lado da cidade), estará entre as estações de metrô Warschauerstrasse e Ostbahnof.

Essa é a localização perfeita ara conhecer a Berlin underground, aquela do famoso night club Berghain.

Nele só entra quem o porteiro deixar. Mas, depois de entrar na sexta de noite, você pode ficar até o final de domingo (o Berghain funciona non-stop o final de semana inteiro).

Para comer nessa região, chamada Friedrichshain, tente street food no RAW Gelände. Se você prefere um restaurante, com lugares mais apropriados para sentar, caminhe até a Simon-Dach-Strasse.

Do outro lado do rio, no bairro Kreuzberg, continua a cena alternativa.

Um clássico é o Markthalle Neun, um mercado onde, todas as quintas, a partir das 17h, acontece um evento de street food.

Ela tem se tornado extremamente popular nos últimos anos, então prepare-se para filas e uma longa espera para conseguir uma mesa.

Nessa área (Friedrichshain e Kreuzberg) você também pode fazer um tour de Street Art, outro clássico de Berlin.

Esse post tem algumas dicas de como fazer isso.

Outra área onde você vai ver a Berlim dos habitantes da cidade, são os arredores da estação Hackeschermarkt (pertinho da Ilha dos Museus).

Ela é bem mais ajeitadinha, tem prédios bonitos, como a sinagoga, parques, como o Monbijou, e restaurantes charmossíssimos.

Alguns dos meus favoritos são o House of Small Wonder (super hipster) e o Clärchens Ballroom (super clássico).

Nessa área você também vai ver muitos Hofgärten, que são pátios internos, que viraram espaço comercial. O mais famoso é o Hackesche Höfe.

Para ver muitas lojas independentes, caminhe pela Neue Schönhauser Straße e perca-se pela ruas irregulares daquela região.

Outra maneira de conhecer um lado mais cotidiano de Berlim é visitando o bairro Charlottenburg.

Na parte mais próxima do Tiergarten ficam a loja de departamentos mais luxuosa da cidade (KaDeWe) e a Gedächtnis Kirche, uma igreja que foi bombardeada durante a II Guerra Mundial e, posteriormente, transformada em Memorial.

No outro extremo do bairro fica o Palácio Charlottenburg, um dos mais bonitos da cidade.

Ele fica às margens do rio Spree e, nos tempos imperiais, a família real ia de barco de sua casa “na cidade” (aquele palácio recém-restaurado que fica na frente da catedral) até sua “casa de verão” (o palácio Charlottenburg).

Se você gosta de caminhar, pode percorrer o mesmo caminho (há uma calçada ao longo da margem do rio), chegando no Tiergarten em cerca de 40 minutos.

Uma última sugestão de bairro menos turístico é Prenzlauer Berg.

Seu principal parque, o Mauerpark (Parque do Muro), é um dos que ficam mais lotados aos domingos.

Ele tem uma feira na qual se vende de tudo!

E no verão, às 3 da tarde, tem karaokê ao ar livre.

Esse bairro também é popular para brunch aos domingos (brunch é o programa mais comum dos berlinenses nos domingos).

Os lugares da moda estão sempre cheios e, para entrar em um, reserve antes ou prepare-se para ficar em longas filas.

E, claro, não saia de Berlim sem visitar um Biergarten (bar de cerveja). Eles estão por toda a parte, mas meus favoritos são o Biergarten am Neuensee (no Tiergarten) e o Zollpackhof (perto do Parlamento, o Reichstag).

Ah, e se você está se perguntando se deve estar de carro ou não em Berlim, a resposta é: de jeito nenhum!!

Transporte público funciona super bem na cidade (o mesmo ticket te dá acesso a qualquer metrô ou ônibus por duas horas e há também passes para 1 ou mais dias). E estacionar é super complicado.

Última dica: se puder, visite Berlim de maio a setembro. Os dias são mais longos e claros, e as temperaturas bem mais agradáveis (acima de 10 graus Celsius), o que torna os passeios pela cidade muito mais agradáveis.

Sobrando tempo você pode ainda ir a Potsdam, cidade histórica a uma hora de Berlim, com um centro lindinho e um parque cheio de palácios.

O principal deles é o Sans Souci (francês para “sem problemas”), criado por Frederico, o Grande, que governou a Prússia no século XVIII.

Pra saber mais sobre Potsdam, visite o blog Simplesmente Berlim, o meu favorito sobre Berlim e região.

Quatro dias é o suficiente para te dar uma boa panorâmica da cidade (e te deixar com vontade de voltar).

4. Alemanha com Holanda e Bélgica: de Colônia a Hamburgo

Esse é um roteiro ótimo para fazer de trem.

Se você estiver em Bruxelas, capital da Bélgica, o trem direto para Colônia, famosa por ter a maior catedral gótica da Alemanha, leva menos de 2 horas.

E, se você estiver em Amsterdam, capital da Holanda, em 5 horas e pouco consegue chegar em Hamburgo, a cidade alemã famosa por seu Mini-Mundo.

Se você quiser aproveitar para conhecer essas duas cidades na Alemanha, é muito fácil: o trem direto entre elas faz a viagem em apenas 4 horas.

O que eu mais gosto nesse roteiro é que você vai visitar duas cidades muito diferentes uma da outra.

Colônia foi fundada há dois mil anos atrás como uma cidade do Império Romano.

Alguns séculos mais tarde, quando o império ocidental foi reestabelecido com a formação do Sacro Império Romano Germânico, Colônia passou a ocupar um papel central: o imperador era eleito por sete “Prícipes Eleitores”, e o arcebispo de Colônia era um deles.

Em 1815, a cidade seria incorporada pela Prússia, que, bem mais tarde, transformar-se-ia na atual Alemanha (eu contei essa história nesse post).

Tudo isso faz de Colônia uma cidade tipicamente alemã.

Já Hamburgo tem uma história completamente diferente.

Pra começar, ela é bem mais nova: tem “apenas” 1.200 anos.

Ela foi fundada já durante o tempo do Sacro Império Romano Germânico, em uma época em que aquela região era governada por Luis, o Germânico (sobre quem falei no post sobre a história da Bélgica).

Sua localização estratégica, na costa norte do império e às margens do rio Elba, fez com que o porto de Hamburgo tivesse um papel fundamental no comércio, especialmente entre Holanda e Rússia.

Hamburgo foi uma das principais cidades da Liga Hanseática, e, por algum tempo, esteve vinculada ao seu vizinho do norte, a Dinamarca.

Com a independência da Dinamarca no final do século XVIII, Hamburgo ganhou status de “Cidade Livre”, que mantém até hoje (a Alemanha é formada por 13 estados e 3 Cidades-Estado, sendo Hamburgo uma delas).

Não é exagero dizer que Hamburgo lembra mais a Holanda e a Dinamarca do que as outras cidades da Alemanha.

Então deixa eu te contar o que eu fiz em dois dias em cada uma dessas cidades.

Hamburgo

Eu sempre quis ir a Hamburgo para conhecer o Mini-Mundo, um conjunto de maquetes das principais cidades europeias.

Também há algumas de cidades norteamericanas e uma ou outra de cidades de outros continentes (eles estavam construindo a maquete do Rio de Janeiro quando estive lá).

A riqueza dos detalhes é impressionante.

Gostei bastante do Mini-Mundo.

Mas, mais do que isso, fui surpreendida por uma cidade que é uma mistura fantástica de todos os países ao seu redor.

Pra começar, o prato típico da região não tem nada a ver com os tradicionais alemães Schnitzel e Bratwurst.

Em Hamburgo, a comida mais típica é sanduíche de peixe (Fischbrötchen).

E a cidade tem canais, muitos deles cercados por casas com tijolinho à vista, como se fosse Amsterdam.

O caráter portuário da cidade foi super bem explorado para o lazer.

Caminhar pelo porto e parar par comer um sanduíche de peixe é tradição dos moradores da região.

De forma geral, Hamburgo é uma cidade muita nova, pois um grande incêndio, que durou três dias e meio, queimou toda a área central da cidade em 1842.

Além disso, Hamburgo foi duramente bombardeada durante a II Guerra Mundial.

Há apenas um lugar onde a arquitetura anterior ao Grande Incêndio pode ser vista: na Deichstrasse.

Graças à direção do vento, algumas casas dessa rua sobreviveram ao fogo. As poucas que também resistiram aos bombardeios foram restauradas a partir de 1970.

A ruinha, exclusiva para pedestres, é um charme e está cheia de restaurantes e cafés.

Como nas outras cidades alemãs, um prédio que se destaca no centro da cidade é a prefeitura (Rathaus).

A de Hamburgo fica na margem de um lago, o Alster.

Ele é um lago artificial bem grande, com nomes diferentes para cada trecho.

Essa parte na frente da prefeitura é chamada de “Pequeno Alster” (Kleine Alster).

Ainda no centro da cidade, existe uma área maior, chamada “Alster de Dentro” (Binnenalster), com uma fonte no centro.

E, do outro lado das pontes Lombard e Kennedy, fica o “Alster de fora” (Außenalster), a parte mais ampla do lago, que se estende em direção aos bairros residenciais da cidade.

Nessa parte do lago há várias opções de lazer, de restaurantes a centros de esportes náuticos. Tudo isso no coração da segunda maior cidade da Alemanha.

Hamburgo também é conhecida por sua vida noturna – um pouco graças aos Beatles.

Antes da fama internacional, entre 1960 e 1962, eles tocaram regularmente por lá, num bairro boêmio chamado Saint Pauli.

A área tinha uma super má fama, pois era onde, além de bares e casas de espetáculos, concentravam-se também os bordéis da cidade.

Mas era um excelente local para bandas iniciantes ganharem dinheiro e conquistarem fãs.

Saint Pauli, bairro ao redor da rua Repperbahn, continua sendo uma das principais áreas de vida noturna da cidade.

A principal mudança em relação ao tempo dos Beatles é que os bordéis e sex shops estão tornando-se cada vez mais raros, à medida que clubes, restaurantes e edifícios chiques aparecem na região.

Entre eles o icônico “Torres Dançantes” (Tanzende Türme), que representa dois dançarinos de tango.

Falando em arquitetura moderna, Hamburgo tem também uma Casa de Ópera linda, carinhosamente apelidada de Elphi (o nome completo é Elbphilharmonie).

Para visitá-la, reserve o ticket com antecedência (tinha uma fila enorme quando estive lá) ou programe-se para assistir a um espetáculo enquanto estiver pela cidade.

Para saber mais sobre Hamburgo, confira essa entrevista com uma portuguesa que vive por lá.

Colônia

Embora ainda existam vestígios da cidade romana de dois mil anos atrás no centro de Colônia, no momento é dificil vê-los, poisa as obras de escavação e construção de um museu estão paradas já há algum tempo.

Mas, se você estiver disposto a percorrer alguns quilômetros, pode visitar as câmaras funerárias no ano II A.C. encontradas nas proximidades da cidade.

Mas a grande atração de Colônia é sua catedral.

No local onde ela está, já havia uma igreja desde o século IV. Essa primeira catedral foi destruída no século XIII, quando começou a construção do prédio atual.

A obra levou séculos: a igreja só ficaria pronta no ano 1880. Na época, tratava-se da construção mais alta do mundo.

Apesar de ter sido um pouco afetada pelos bombardeios da II Guerra Mundial, a catedral resistiu a eles (acredita-se que por motivos estratégicos: suas torres ajudavam na orientação dos pilotos).

Além da arquitetura gótica, a catedral também é famosa por suas relíquias: nela existe uma tumba de ouro onde, dizem, estão os restos mortais dos Três Reis Magos, que teriam visitado Jesus nos seus primeiros dias de vida.

Como outras cidades alemãs, Colônia aproveitou a margem do rio (nesse caso, o Reno) para construção de áreas de lazer.

Pertinho da catedral fica o Jardim do Reno (Rhein Garten), cheio de casinhas coloridas e de onde se tem uma vista bonita para a ponte Hohenzollern, outro cartão postal da cidade.

Foto de Ollie Tulett (Unsplash)

No mundo corporativo, Colônia é conhecida como um dos principais pontos de realização de feiras internacionais (na Alemanha, perde apenas para Hanover).

Mas, para os alemães, ela também tem outro signficado: carnaval.

Em Colônia, carnaval não é um evento. É uma “estação”, chamada de “a quinta do ano”. Essa estação começa sempre às 11:11 do dia 11/11. É nesse dia que o “Conselho dos 11” se reúne para programar a festa do ano seguinte.

O evento em si dura 6 dias (no mesmo final de seman em que acontece o carnaval no Brasil, 40 dias antes da Páscoa) e atrai multidões.

As pessoas usam fantasias, há música e festa pelas ruas o tempo inteiro e, como você pode imaginar, muita cerveja. O Carnaval nesse formato é uma tradição na cidade há 200 anos.

Para saber mais sobre o evento, leia esse post.

Carro ou trem?

Esse é um roteiro que não precisa de carro. Mas, caso você tenha um, pode aproveitar para conhecer algumas outras cidades nos arredores.

De Hamburgo, os melhores bate-e-volta são para Lübeck, considerada Patrimônio Cultural da Humanidade, e Bremen, que passou ilesa pelos bombardeios da II Guerra Mundial e, por isso, está cheia de prédios históricos.

E esse post indica alguns passeios interessantes ao redor de Colônia.

Resumindo!

É super fácil incluir a Alemanha em seu roteiro pela Europa, e 4 dias são suficientes para conhecer bastante da cultura do país.

Para quem está de carro pela Itália ou França, as melhores opções são a Bavária (no sudeste, pertinho da Itália e da Áustria) e a Floresta Negra (no sudoeste, pertinho da França e da Suiça).

Já quem está na Holanda ou na Bélgica, de carro ou não, pode conhecer facilmente Colônia (pertinho da Bélgica e da Holanda) e Hamburgo (mais ao norte, quase na fronteira com a Dinamarca).

Já a capital Berlim fica do outro lado do país, pertinho da República Tcheca. O que faz dela uma excelente opção para quem está em Praga, Budapeste ou outras cidades do leste europeu.

Espero que você tenha gostado das dicas!

Para saber mais sobre todos os lugares de que falamos aqui, confira outros posts que já escrevi sobre a Alemanha, a Holanda, a Bélgica, a França e os países do Leste Europeu.