Se você está procurando lugares legais para conhecer ao redor de Lisboa, Cascais e Óbidos são excelentes opções.

De carro, em menos de uma hora você chega em qualquer uma das duas; de trem, bastam 30 minutos até Cascais.

Chegar a Óbidos é um pouco mais puxado, mas, se você acordar cedinho, garanto que dá tempo.

Cascais é pra quem prefere praia e Óbidos é para quem acha melhor visitar uma cidade medieval. Conheça mais sobre as duas aqui.

Cascais: visite a Riviera Portuguesa (também chamada de Costa do Sol ou Costa do Estoril)

Cascais é um município português formado por 4 freguesias (bairros):

  • Freguesia de Cascais e Estoril
  • Freguesia de Carcavelos e Parede
  • Freguesia de Alcabideche
  • Freguesia de São Domingos de Rana

As duas primeiras ficam de frente para o mar. E, no começo do século XIX, a família real portuguesa escolheu essa região para os seus banhos terapêuticos.

Praia da Corte

Naquele tempo, quando ir à praia não era ainda um hábito, os médicos indicavam banhos de mar por seus efeitos terapêuticos (tem um artigo bem legal sobre isso aqui).

Percorrer os 30 quilômetros que ligam Lisboa a Cascais era uma viagem de quase 5 horas. Mas, mesmo assim, a família real viajava até lá todos os anos para passar uma temporada.

Algumas décadas depois, na época da rainha Maria Pia (1862-1889), Cascais recebeu o título de “praia da corte”.

Seu marido, o rei Dom Luis I, investiu na região, transformando uma antiga fortaleza no Palácio Real de Cascais (Palácio da Cidadela).

O prédio existe até hoje e, além de servir de residência para convidados oficiais do Estado Português, também está aberto para visitação.

O grande boom da cidade aconteceu no final do século, quando surgiram os primeiros Cassinos da cidade e quando uma ferrovia passou a ligar Lisboa a Cascais (1889).

Turismo Internacional

A facilidade de acesso acelerou o desenvolvimento da região.

Os pequenos núcleos populacionais que já existiam ná área, como Parede, Carcavelos, Cai-Água (hoje São Pedro do Estoril) e Santo Antonio do Estoril, cresceram rapidamente.

E novas áreas, como Monte Estoril e São João do Estoril, começaram a ser urbanizadas, na medida em que os cassinos atraiam mais e mais visitantes para a região.

Em 1914 teve início um grande projeto para transformar a região em destino turístico internacional.

Ele envovia a construção de três hoteis em Estoril, novas termas, cassino, teatro, centro de esportes e prédios comerciais. Tudo de frente para o mar.

A legalização e concessão do jogo em 1927 levou o projeto ao sucesso.

Estoril ficou tão famosa que o Sud-Express, trem que fazia a rota Paris-Madri-Lisboa, mudou sua rota na década de 1930: ao invés de parar em Lisboa, sua estação final passou a ser o Estoril.

Foi nessa época que começou a ser usado o termo “Costa do Sol” que, oficializado alguns anos depois, abrangia toda a orla do atual município de Cascais (incluindo as atuais freguesias “de Cascais e Estoril” e “de Carcavelos e Parede”).

A urbanização acelerou-se ainda mais após a II Guerra Mundial.

A população de Cascais, que era de 9 mil habitantes no tempo da rainha Maria Pia, já era de 30 mil pessoas em 1940.

Atualmente, são mais de 200 mil habitantes no município, cujas principais atividades econômicas são turismo, pesca e comércio.

Conhecendo Cascais

Passar um dia em Cascais é um excelente passeio para quem está em Lisboa.

O trem leva pouco mais de meia hora.

Querendo, você pode descer antes da estação “Cascais”.

Há uma parada em São João do Estoril, e você pode ir de lá até o centrinho pelo “Paredão“, que é uma calçada larga que se estende pela beira da praia por um trecho de 3 quilômetros.

Ou parar antes ainda, em Carcavelos, praia onde acontecem vários campeonatos mundiais de surf e que fica lotada no verão.

Há algumas praias mais afastadas, como a Praia do Guincho e a Praia Cresmina. Para conhecê-las, você pode pegar o ônibus M5 no centro de Cascais (30 minutos de trajeto).

Para saber mais sobre o centrinho de Cascais (onde você vai descer do trem se parar na estação “Cascais”), recomendo o excelente post do blog As Passeadeiras, que fala como explorar a cidade em um dia.

Para saber um pouco mais sobre as praias, confira esse post do blog AWM.

Uma outra atração turística bem popular da região é a Boca do Inferno, uma gruta formada por erosão.

Uma última dica: se, ao invés de trem, você estiver indo a Cascais de carro, vá pela Avenida Marginal.

Essa estrada que costeia o mar já foi escolhida como uma das estradas mais bonitas da Europa.

Óbidos, a vila medieval mais charmosa de Portugal

Se você prefere visitar uma cidade medieval, Óbidos é a melhor opção.

É mais fácil ir até lá de carro, mas também é possível ir de trem: em média, há um trem a cada duas horas; e o trajeto, saindo do centro de Lisboa, dura entre 2 e 3 horas (detalhes aqui).

Óbidos é uma vila murada. Acredita-se as muralhas tenham sido construídos pelos muçulmanos.

Quando os portugueses ocuparam a região (1148), já existia lá também um castelo.

As muralhas, o castelo e a vila que foi surgindo ao seu redor passaram a ser propriedade do rei.

Até que Dom Dinis, que governou Portugal de 1279 a 1375, concedeu a área a sua esposa, Isabel de Aragão, como dote (“presente” de casamento).

“Estado da Rainha”

Eles foram, assim, incorporados ao “Estado da Rainha”, um conjunto de propriedades que eram transmitidos de rainha para rainha desde a instituição da monarquia portuguesa (1143).

As rendas dessas propriedades contribuíam para o sustento da “Casa da Rainha”, uma instituição que tinha como fim manter “o sustento e dignidade” da esposa do rei.

Se você já leu meu post sobre Sintra, talvez lembre que o mesmo Dom Dinis também presenteou a rainha Isabel com o palácio e a vila de Sintra.

O Estado da Rainha existiu até 1834, quando foi extinto pelo rei Dom Pedro IV. As propriedades foram incorporados à Fazenda Nacional.

Para manter a dignidade das Rainhas, um valor anual passou a ser dedicado a elas. E elas continuaram sendo proprietárias de dois palácios, o de Queluz e o de Caxias.

O palácio de Queluz fica entre Lisboa e Sintra e é considerado “o Versailles Português”.

Se você der sorte e estiver por lá em setembro, talvez consiga participar da Feira Setecentista.

Por alguns dias, os jardins do palácio são transformados em um mercado ao ar-livre do século XVIII por onde circulam duquesas e marqueses, criadas do paço e músicos medievais.

Além disso, durante os três dias do evento, acontecem vários espetáculos, incluindo teatro, música, dança e jogos, tudo no estilo da época.

Saiba aqui como conhecer o palácio e os jardins de Queluz.

Quanto ao palácio de Caxias, que fica em Oeiras (município na região metropolitana de Lisboa), a visita vale a pena pelos jardins, chamados de Quinta Real de Caxias.

O palácio, pequeno em relação a outras casas reais, infelizmente encontra-se em ruínas.

Se você ficou interessado nessa história de “Estado da Rainha” e “Casa da Rainha”: aqui você pode saber como funcionava sua organização administrativa e aqui você pode ver as outras propriedades que pertenceram a esse patrimônio ao longo de 7 séculos.

De volta a Óbidos

Os terremotos de 1531 e 1755 destruíram muito da vila, mas, como ela era parte da Casa das Rainhas, ela foi reconstruída em seguida.

A vila está bem preservada: no século XX alguns pedaços dos muros foram reconstruídos, as ruelas medievais foram restauradas e as casas foram todas pintadas de branco, com a área ao redor das janelas e portas coloridas de azul e amarelo.

A vila tornou-se um dos destinos turísticos mais importantes do país.

A gente logo percebe, pois, do lado de fora dos muros, há estacionamentos enormes e lotados. Todo mundo querendo entrar para conhecer a vila medieval.

E um dos passeios mais tradicionais é uma caminhada sobre a muralha.

Essa sou eu 🙂

O trajeto de 1,5 km tem vistas ótimas para a vila e seus arredores.

A rua principal da povoação, que a atravessa de ponta a ponta, começa na Porta da Vila (próxima ao estacionamento).

Porta da vila de Óbidos

O nome da rua principal é Rua Direita, e ela estende-se da Porta da Vila até o Castelo de Óbidos.

Mas gostoso mesmo é perder-se pelas ruinhas estreitas ao seu redor.

No outro extremo da Rua Direita fica o castelo de Óbidos, que é atualmente um hotel.

O movimento turístico na vila não é à toa: além do lugar ser mesmo um charme, a Câmara Municipal promove vários eventos ao longo de todo o ano.

Os principais são o Festival Internacional de Chocolate (abril), o Mercado Medieval (julho e agosto) e o Vila Natal (novembro a janeiro).

Como realmente há muitos turistas por lá, se você puder, vá até a vila de Óbidos durante a semana. Ela fica super cheia nos finais de semana.

Uma outra opção para curtir a cidade é passear nela de manhã bem cedinho ou à noite, quando fica mais tranquila.

Duas ou três horas são tempo suficiente para você caminhar sobre os muros e nas ruinhas estreitas da vila.

Rede de Cidades Criativas (UNESCO)

A curiosidade é o surgimento de um turismo literário na região.

A vila tem várias livrarias e promove dois grandes eventos nessa área: o Latitudes: Literatura e Viajantes em maio e o Festival Literário Internacional de Óbidos em outubro.

Além disso, o município de Óbidos lançou um prêmio literário e criou o Programa de Residências Literárias, por meio do qual oferece estadias de duas semanas a dois meses para autores desenvolverem seus projetos.

Isso tudo qualificou Óbidos a ser parte da Rede de Cidades Criativas da UNESCO, uma iniciativa que promove cooperação entre mais de 200 cidades que usam a criatividade como fator estratégico de desenvolvimento urbano sustentável.

Óbidos Fora dos Muros

Desde o século XIV, a vila passou a expandir-ser fora das muralhas.

Hoje Óbidos é um município de 12 mil habitantes, dividido em 7 freguesias.

A vila de Óbidos, o castelo e as muralhas ficam na freguesia de Santa Maria, São Pedro e Sobral.

Nessa mesma freguesia, mas do lado de fora dos muros e já no pé da encosta, fica o Santuário do Senhor Jesus da Pedra, construído no século XVIII.

Outro passeio interessante pela região é conhecer a Lagoa de Óbidos, que se encontra com o mar na Praia do Bom Sucesso.

A praia fica a apenas 18 quilômetros da vila, mas o trecho é urbano e as estradas não são muito boas, então leva cerca de 30 minutos para fazer o trajeto de carro.

De um lado da lagoa é Óbidos; do outro já é outro município, Caldas da Rainha.

O nome da praia que a gente vê daquele lado da lagoa é Foz do Arelho.

Se você quiser ler mais sobre Óbidos, sugiro o site local de turismo e esse post do blog Vagamundos.