Praga é uma daquelas cidades que parecem saídas de um conto de fadas. Tem uma história bonita, que começa com uma princesa, foi palco de histórias de reis, crimes, perseguições, e, hoje, é um dos pontos turísticos mais visitados do mundo.

Praça da Cidade Velha (Old Town Square)

Uma das melhores coisas a fazer é circular pela cidade e admirar suas diversas épocas e paisagens. A região mais antiga é a Old Town Square.

Nela fica a Igreja Tyn, atrás dos prédios da praça, onde se chega por um estreito corredor.

Quando ela foi construída, os proprietários combinaram que sairiam das casas ao redor quando a igreja estivesse pronta. Mas demorou tanto, que os proprietários já tinham mudado de ideia. E assim ela ficou, presa entre outros prédios.

igreja acossada 2

Na frente da Igreja, fica a casa onde Charles IV, uma das figuras mais importantes da história europeia, nasceu. Identificá-la é fácil, basta procurar por um sino de pedra. Naquela época as casas eram identificadas por símbolos – e esse ainda está lá.

No centro da praça está uma estátua de Jan Hus, que foi pastor e reitor da Universidade Carolina. Ele pregou contra a cobrança de indulgências pela Igreja Católica e, por causa disso, foi expulso, perseguido e morto.

Seus seguidores, revoltados, protestaram e, em troca, receberam pedras jogadas da torre da prefeitura da Cidade Nova.

E aí fizeram o que acabaria se tornando uma tradição na cidade: jogaram pela janela da torre 7 das pessoas que de lá estavam jogando as pedras. Esse evento, ocorrido em 1419, ficou conhecido como a primeira defenestração de Praga.

No lado oposto à Igreja fica a torre onde encontra-se o relógio astronômico. Na calçada, antes de sair da praça em direção ao relógio, existem 27 cruzes brancas.

Elas marcam o lugar onde foi cortada a cabeça dos hussitas, responsáveis pela segunda defenestração (mais um protesto contra a igreja católica durante as guerras de religião).

O relógio astronômico é lindo, esse post conta um pouco sobre ele.

relogio astronomico

Saindo da Old Town Square, há três opções de passeio:

  • ir em direção ao Castelo, passando pela Charles IV Bridge
  • sair pela rua Pariyská, visitando o antigo gueto judeu
  • caminhar em direção à cidade nova (Nové Mesto), passando pela universidade Carolina e chegando à Wenceslau Square, onde aconteceram as principais manifestações durante o período comunista (1945 – 1991), incluindo as de 1968-1969 (Primavera de Praga).
Rumo à ponte Charles IV

Pra chegar na Charles IV Bridge, é só seguir pela Karlova, uma clássica rua medieval. No caminho, fica Klementinum, um complexo de prédios que inclui a Biblioteca Nacional da República Tcheca, considerada uma das mais bonitas do mundo.

Logo está a ponte Charles IV (Karluv Most, em tcheco). A ponte de 16 arcos e decorada com 30 estátuas de santos começou a ser construída em 1357.

Algumas partes das estátuas estão gastas, exibindo o dourado original, de tanto serem tocadas. É porque a tradição  diz que tocar as estátuas traz sorte e garante o retorno da pessoa à cidade.

Deve ser verdade mesmo, porque já conheci várias pesssoas, brasileiros inclusive, que já foram à Praga três, quatro vezes…

Ainda sobre a ponte, dizem que de lá se vê um pôr do sol lindo, com o reflexo da luz nas cúpulas da cidade – que também é conhecida como cidade das cem cúpulas – se esparramando pelo rio.

E que, à noite, deserta, a ponte mostra o lado fantasmagórico da cidade. Aqui tem um post bem legal falando sobre as lendas da ponte (vídeo em inglês, 4:20 min)

Falando em fantasmagórico, é possível fazer um tour noturno pelo castelo. Várias empresas organizam esse tipo de passeio.

O bairro judeu

Quem preferir sair da Old Town Square pela rua Pariyská já estará caminhando pelo antigo bairro judeu, embora ela pareça um pedaço de Paris.

É que o gueto foi destruído no século XIX, bem quando Haussmann renovava a capital francesa. E essa rua de Praga foi construída sob essa inspiração. Era chique ser como Paris. E a rua é chique até hoje. As lojas de grife estão lá.

Desconfio que esse é um dos fatores que leva a cidade a ser conhecida como “a Paris do Leste” (entre outras cidades que também levam essa fama).

Outras pessoas também dizem que é por causa da Torre Petrin, que lembra a Torre Eiffel. Esse é o post mais específico que achei sobre esse assunto.

Do antigo bairro judeu, Josefov, sobraram seis sinagogas, a antiga prefeitura e o cemitério.

Assim como outras cidades da Boêmia e da Morávia, Praga recebeu muitos judeus desde a Idade Média e eles concentraram-se nessa região até o fim do século XIX, quando ela passou por um grande processo de saneamento.

A Antiga Nova Sinagoga (Staronová), assim chamada por ser a segunda a ser construída na cidade, é de 1270 e é a sinagoga mais antiga em funcionamento na Europa.

Além disso, a ela está associada uma das lendas mais tradicionais da religião judaica, a do Golem de Praga.

Um golem é uma criatura de barro que ganha vida. Nesse caso, o criador seria o rabino Juda Loew ben Bezalel (falecido em 1609), que o teria criado para proteger os judeus da região.

A outra área importante do bairro é o cemitério, onde acredita-se estarem enterradas cerca de 12.000 pessoas, em 12 diferentes camadas de terra.

É que, como o bairro judeu era cercado por muros, esse era o único espaço disponível para isso. A única alternativa ao longo dos séculos foi a criação de novas camadas.

Um fato curioso é que talvez esse cemitério tenha sido a inspiração para a construção do Memorial do Holocausto, em Berlim.

asier-barrioFoto: FreeImages.com/AsierBarrio

Cidade Nova (Nové Mesto)

Saindo da praça pela rua Zelezná, rapidamente chega-se à Universidade Carolina, fundada por Charles IV, uma das mais antigas ainda em funcionamento da Europa. Einstein deu aula lá.

No final da rua fica o Teatro Estatal (The Estates Theatre), onde Mozart conduziu a première de sua ópera Don Giovanni, em 29 de outubro de 1787.

Na frente do prédio tem uma bonita (e oca) estátua do Commendatore, um dos personagens da obra de Mozart.

Ainda sobre Mozart e Praga: o filme Amadeus (1984), que conta a vida do compositor, e que se passa em Viena, foi, em grande parte, filmado na cidade.

Um pouco mais adiante está a rua Na Pirikope, onde ficava o muro da cidade velha, destruído por Charles IV para a construção da Cidade Nova. Caminhando por ela, chega-se a um grande boulevard (Vaklaske nam), que termina na Wenceslas Square.

Foi nessa área que ocorreram as principais manifestações do século XX, incluindo aquelas contra o fim da Primavera de Praga (1969) e pelo fim do comunismo, durante a Revolucao de Veludo (1993).

E o que mais?

O principal ponto turístico da cidade é o enorme “Castelo” de Praga, que, na verdade, é uma cidade murada, que inclui sim um castelo, mas também algumas igrejas, muitos museus e ruas medievais.

Pra ter uma vista linda do castelo, sugiro almoçar no restaurante Nebozízek. Para chegar lá, basta procurar a torre Petřín Petřínskáe, e, de lá, descer pela trilha em direção ao rio.

Praga também tem muitos museus, como o Franz Kafka Museum, o Museu Mucha (com as obras Art Noveau do artista, que também pintou o Épico Eslavo) e a Galeria Nacional.

Muitos teatros, incluindo várias casas que apresentam o Teatro Negro de Praga, estilo de teatro mudo que cresceu na cidade como manifestação contra a imposicão do idioma russo durante o período em que a República Tcheca esteve sob o controle soviético.

E, além disso, Praga tem spas de cerveja (Beerland e Bernard).

Um amigo me disse que o mais fantástico para ele foi ver o pôr-do-sol no verão, quando as “cem cúpulas” da cidade refletem a luz, e o céu fica todo dourado.

Um prédio bem peculiar é o Hotel Dançante. Do restaurante no último andar, que tem espelhos nas janelas, se enxergam casinhas coloridas na beira do rio e o castelo, de qualquer lugar que se olhe.

Outra coisa que me chamou a atenção foi a pintura de alguns prédios da cidade, olha que lindo:

pintura 1

Os restaurantes em Praga tem uma peculiaridade: a bebida é bem barata, menos da metade do preço do que se paga na Alemanha, por exemplo.

Incluindo vinho, espumante e a verdadeira Budweiser – produzida na cidade de Budweis, que fica a 150 km de Praga, desde 1871.

Toda a história de produção de cerveja nessa cidade, desde o século XIII até a disputa pela marca com a gigante Anheuser-Busch InBev está contada aqui.

A comida é praticamente a mesma que se come na Alemanha e na Áustria, com destaque para schnitzel, joelho de porco e goulash.

Pra outras dicas, sugiro esse blog, que têm vários posts bem legais sobre a cidade, e esse outro, que conta mais sobre lendas e mitos de Praga.