Um roteiro interessante a partir de Paris é visitar o noroeste, incluindo o mosteiro de Mont Saint Michel, as praias da Normandia e a região de Champagne. Eu fiz esse roteiro em 3 dias, mas recomendo pelo menos 5.
Mont Saint Michel
Embora seja um dos destinos turísticos mais visitados pelos franceses, esse lugar não é muito conhecido pelos brasileiros.
O mosteiro medieval impressiona, mas muito mais único do que isso é acompanhar a subida da maré, que inunda as redondezas da cidade, transformando-na numa ilha.
Para assistir ao fenômeno, que dura cerca de 2 horas, é fundamental consultar a tábua das marés e estar lá duas horas antes do horário de maré alta. Se possível, também recomendo dormir dentro dos muros da cidade.
Durante o dia, ela fica cheia de visitantes. Mas à noite ela fica praticamente deserta e é uma experiência incrível caminhar por dentro das muralhas. Eu fiquei no hotel Le Mouton Blanc.
As praias da Normandia
Elas são mais conhecidas pelo Dia-D, 6 de junho de 1944, quando lá aconteceu a operação militar Overlord, por meio da qual norte-americanos, britânicos e canadenses conseguiram entrar na Europa pela França.
Esse foi um ato importante para a vitória dos Aliados na II Guerra Mundial. Mas as praias também são lindas, e as fotos desse artigo mostram o contraste entre 1944 e 2016.
Para quem tem interesse na operação militar, a sugestão é fazer uma visita guiada, que passe pelas praias do desembarque e por outros locais de importância histórica.
A maioria dos tours sai de Bayeux ou Caen, alguns deles estão listados aqui. Esse artigo dá uma boa noção sobre o que há para visitar lá. E para dar um pouco de contexto, esse site tem uma transmissão de rádio da noite da invasão (em inglês).
Seguindo um pouco mais adiante, chega-se a Deauville, uma cidade que surgiu a partir de um resort construído na década de 1860.
Até hoje é um balneário chique, que atinge seu momento mais nobre em setembro, quando acontece o Festival de Cinema Americano e celebridades circulam por lá.
Crédito: Renata Venâncio
Um pouco mais adiante fica Honfleur, cidade da qual existem registros escritos desde o ano de 1027.
Sua fundação teve motivos comerciais, já que, por estar no encontro do mar com o estuário do rio Sena, era um ponto importante na rota de comércio entre Inglaterra e França – os barcos entravam no país pelo porto de Honfleur e seguiam pelo rio até Rouen.
E foi do porto de Honfleur, nos séculos XVI e XVII, que saíram os barcos franceses em direção a Quebec, no Canadá.
Durante a guerra dos cem anos, o rei francês fortificou a cidade, o que não impediu que os ingleses a ocupassem por muitas décadas. Vestígios da fortificação ainda estão lá.
No século XIX, a cidade passou a ter importância artística. Lá nasceu o pintor Eugène Bodin, que teria convencido o amigo Monet a pintar paisagens. Juntos, eles participariam da primeira exibição Impressionista, em 1873.
Aqui tem um vídeo lindo que mostra a relação entre a região e esse movimento artístico.
Honfleur foi uma das poucas cidades litorâneas que não foi destruída durante a segunda guerra mundial e, por isso, é possível caminhar ainda pelas ruas medievais, ver casas de estilo típico normando e visitar a Igreja de Santa Catarina, construída no século XV. Esse blog tem fotos bonitas da cidade.
Um pouco mais a frente está Étretat. Essa praia é um dos lugares que aparecem no vídeo Impressionista citado acima.
Conhecida pelas falésias, é um lugar calmo, lindo, onde eu poderia ter passado uns dois dias, simplesmente fazendo nada – de tão encantador que é. Descansar um pouco por lá é uma maneira bastante agradável de encerrar o passeio pelo litoral da Normandia.
Champagne
As duas maiores cidades da região são Épernay e Reims. Aqui tem um mapa da rota da champagne, que passa por essas duas cidades.
Escolhemos Épernay por ser a cidade onde fica a Moët et Chandon, onde fizemos uma visita guiada, incluindo degustação.
Na cave, são quilômetros e quilômetros de corredores entre paredes geladas. Além de aprender um pouco sobre o processo de produção, foi mágico caminhar nos mesmos corredores pelos quais Napoleão passou e onde, supostamente, ele teria aberto uma garrafa com o sabre, dando início a essa tradição.
Entre as duas cidades, a rota é composta por vilarejos no meio de parreirais. Lá há muitas, muitas vinícolas. Para visitá-las, é só parar.
Mas, se houver interesse em almoçar numa delas, a recomendação é agendar com antecedência. O que é uma boa idéia, já que nao é fácil encontrar um restaurante aberto nessas pequenas cidades.
Já Reims é uma cidade com 180 mil habitantes. Ela tem 2 mil anos de história. Conta a lenda que a cidade teria sido fundada por Remo, o irmão de Rômulo, fundador de Roma.
Inicialmente habitada por uma tribo celta, depois ocupada pelos romanos, Reims passou a ser o local de coroação dos reis franceses a partir de 816.
Ao todo, 33 reis foram coroados lá, sendo o último Charles X, em 1825. Destes, 25 foram coroados na Catedral de Nôtre-Dame, um dos 3 prédios da cidade considerados patrimônio histórico da humanidade pela Unesco.
Os outros dois são o Palácio de Tau (moradia dos bispos e arcepisbos da cidade, e onde os reis esperavam pela coroação e, depois dela, celebravam) e a Basílica de Saint Remi.
A coroação mais famosa é a de Charles VII, assistida por Joana D’Arc, em 17 de julho de 1429.
Além disso, lembrando que ainda estamos na rota da Champanhe, nessa cidade ficam a Veuve Clicquot e a Mumm, entre muitas outras vinícolas. Esse post fala sobre o horário de abertura das principais.
E o que mais?
A região da Normandia também é conhecida por produzir as melhores sidras (bebida alcoólica fermentada de maçã) da França. Para quem gosta, ou simplesmente procura mais um pretexto para passear pelo interior do país, esse site (em francês) tem mais informações.
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