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Amsterdam tem o Museu Van Gogh, que nenhuma outra cidade do mundo tem. Tem também os famosos Coffee Shops, nos quais a venda de haxixe e maconha é legalizada desde a década de 1980.
E também tem canais, casas de tijolinhos vermelhos, bicicletas, pontes e barcos, tão típicos da Holanda. Nesse post eu vou te dar dicas para uma estadia de 3 dias na capital do país.
Se você tem tempo para passear pelo interior, o que eu super recomendo, leia o meu post sobre onde ver as famosas tulipas holandesas e o post sobre como visitar outras joias do interior, como Kinderdijk (famosa pelos seus moinhos), Utrecht e Giethoorn (que tem 3 mil habitantes e mais de 180 pontes).
Em Amsterdam, durma num barco!
Tem muita gente que mora em barcos, nos canais da cidade. E é possível alugar um pelo site Houseboats Amsterdam. Acho que é uma experiência diferente, que pode fazer a estadia em Amsterdam se tornar algo único e memorável.
Tem que reservar com bastante antecedência. Eu tentei fazer a reserva duas semanas antes e já estava tarde demais.
Na hora de escolher a localização, vale a pena levar em consideração o mapa da cidade:
A parte de cima, onde está escrito Red Light, é o centrão de Amsterdam. Eu acho muito muvuca e evitaria me hospedar naquela área. Acho mais legal ficar nesse primeiro círculo ao redor, onde ficam Jordaan e Nine Streets.
No círculo seguinte fica Oud West, um bairro menos bonito, mas super perto de Jordaan e Nine Streets. E mais barato.
Mais pra direita, naquela área de Plantage, também dá pra ficar. Fica um pouco mais longe das principais atrações, mas ainda dá pra fazer tudo a pé.
Ficando em um barco que esteja anconrado em outras regiões, vai ser preciso usar algum tipo de transporte para chegar nessas áreas principais. Mais adiante falo sobre as melhores opções de transporte na cidade.
Como não conseguimos o barco, e tambem já não estávamos encontrando apartamento de temporada, ficamos num hotel. Mas não recomendo hotéis. Em geral, são caríssimos e sem café da manhã.
Procuramos bastante um barato e acabamos ficando no Hotel Mosaic City Centre por 170 euros. Pagamos mais para dormir em Amsterdam do que em Paris. 😦
Pra gastar menos, a melhor opção seria alugar um apartamento. Porque comer na rua é bem caro, qualquer prato em um restaurante, de pizza a bife, custa cerca de 17 euros por pessoa. Comer em casa ajudar a economizar bastante.
Como se localizar e se movimentar pela cidade
Jordaan e Nine Streets é a área em que estão as paisagens mais típicas – e charmosas – da cidade. Jordaan é um antigo bairro de operários e Nine Streets é onde vive a burguesia.
Os barcos ancorados nesses canais valem alguns milhões de euro – não pelo barco em si, mas pela localização.
Uma curiosidade da Holanda é que a maioria das casas não tem cortinas. E é divertidíssimo circular por essas áreas à noite, quando as luzes das casas estão acesas, e das calçadas dá pra ver a intimidade da vida das famílias holandesas através das janelas.
Em Oud West, logo abaixo de Jordaan e Nine Streets, ficam várias das atrações turísticas da cidade, como a Quadra dos Museus (onde ficam o Museu Van Gogh e o Museu Rijiavik) e o Museu da Heineken.
Lá também estao atrações menos famosas, mas bem interessantes, como o Vondelpark (um parque bem bonito, no meio da cidade) e o centro cultural De Hallen.
O De Hallen, um prédio construído no início do século XX para ser uma garagem de bondes, hoje é um centro cultural.
Lá, além de espaços para exposições e cursos, também existe uma área de restaurantes, quase sempre lotada, e, muitas vezes, com música ao vivo e outras atrações. Um lugar interessante para comer e tomar uma cerveja no final do dia.
Como circular por Amsterdam
Pra se movimentar pela cidade, as melhores opções são bicicleta, a rede de transporte público (ônibus e tram, que é um metrô de superfície) ou barco.
Tem bicicleta para alugar em todo lugar. Em geral, custa de 12 a 15 euros por dia. Mas cuidado: quase ninguém está passeando. Bicicleta é meio de transporte sério na Holanda e as pessoas passam correndo rumo ao trabalho, escola, etc.
A rede de transporte público é bem eficiente. A linha 2 do metrô de superfície é considerada uma das mais bonitas do mundo pela revista National Geographic. Ela sai do centro, passa pelos canais em Nine Streets e pela quadra dos museus em Oud West.
Para quem fica 3 dias na cidade, tem duas opções de ticket: a que inclui o transporte para o aeroporto custa 26 euros; e a que cobre apenas a área urbana custa 17 euros (uso ilimitado da rede por pessoa por 3 dias). Mais detalhes sobre as opções de ticket aqui.
Tem também um ferry gratuito, com o qual dá para cruzar o canal que vai da Estação Central até IJ Plein. De lá, de cima da biblioteca, tem-se uma vista panorâmica para a cidade.
Nós subimos num prédio que fica ao lado da biblioteca, que é mais alto. Essa foto foi tirada de lá. É legal.
Para concluir o capítulo sobre transportes: claro que também tem uma opção especial para turistas, o tradicional Hop-On Hop-Off.
Que, em Amsterdam, oferece a versão tradicional, em que dá para subir e descer do ônibus nos pontos turísticos, ou a versão local, que inclui barcos nos canais.
Só que aí vai ser mais caro: o ticket válido por apenas 24 horas custa €22,50 (só barcos) ou €28 (barco + ônibus). E as rotas são limitadas à região turística, ou seja, centro e área ao redor (Jordaan, Nine Streets e Plantage).
Só Amstedam tem: Museu Van Gogh
Pra mim, o ponto alto da estadia em Amsterdam! Eu adoro Van Gogh e esse museu é organizado de uma maneira que a gente entende a evolução dele como artista. Começa com quadros que eu nunca reconheceria como sendo dele, como esse.
Vincent van Gogh [Public domain], via Wikimedia Commons
E termina com aqueles que a gente põe o olho e sabe que é uma pintura que só poderia ser de Van Gogh.
Vincent van Gogh [Public domain], via Wikimedia Commons
Mas o que mais me chamou a atenção foi perceber que, se Van Gogh vivesse hoje, seria considerado um loser. Ele tentou várias carreiras e fracassou em todas, até resolver largar tudo, aos 27 anos de idade, pra virar pintor.
Voltou a morar com os pais. Depois, pra viver na França enquanto tentava uma carreira artística, ganhava mesada do irmão Theo – que o sustentou pelo resto da vida.
Teve depressão, se internou, e, finalmente, se suicidou.
Ao longo de toda sua vida, somente um de seus quadros, O Vinhedo Vermelho, foi vendido.
Vincent van Gogh [Public domain], via Wikimedia Commons
Ainda bem que isso não é o fim da história, porque a gente não teria a felicidade de conhecer a beleza de Van Gogh se não fosse por sua cunhada Jo van Gogh-Bonger.
Jo era a esposa de Theo. Theo morreu 6 meses depois do suicídio de Van Gogh, e Jo, que ficou com os quadros, vendeu alguns e colocou todos os que pode em exposicões.
Depois da morte de Jo, seu filho, Vincent Willem van Gogh, continuou a valorizar a obra do tio, o que levou à construção do Museu, que abriga hoje a maior coleção de obras do artista.
Sobre a evolução da técnica de Van Gogh
Ele começou seguindo o estilo dos Mestres Holandeses, mas pintando o povo do campo – com o mesmo cuidado que Rembrandt havia pintado as elites.
Vincent van Gogh [Public domain], via Wikimedia Commons
Quando se muda para Paris, aprendendo com os mestres, pinta paisagens como Renoir e natureza morta como Cézanne.
Mas é quando se muda para Arles, no sul da França, que ele encontra seu próprio estilo – ao mesmo tempo que lida com uma séria doença, que faz com que ele passe um ano internado numa clínica psiquiátrica.
Nesse ano, ele pintou 142 quadros. Entre eles, sua obra mais famosa, Noite Estrelada (que hoje está no MoMA, em Nova York).
Vincent van Gogh [Public domain], via Wikimedia Commons
E Sunflowers, que está no Museu Van Gogh.
Vincent van Gogh [Public domain], via Wikimedia Commons
O Museu Van Gogh, na minha opinião, é o melhor de Amsterdam. Imperdível. Esse link mostra os quadros mais famosos que podem ser vistos lá.
Sugiro comprar ingresso antecipado. Dá pra comprar direto pelo site do museu – em 2017 estava custando €17. Mas, atenção: pelo site do museu não dá pra comprar ingresso para o dia seguinte, então tem que comprar uns dias antes.
Eu não fiz isso e me arrependi: fiquei na fila do ingresso por duas horas!! É que fui de tarde e eles diminuem o ritmo da venda de ingressos depois que o museu está cheio.
E aí só entra gente nova se alguém sair. Então, se tiver que comprar ingresso na hora, sugiro ir de manhã cedinho.
Outros Museus
O Rijksmuseum é o museu nacional da Holanda e tem uma grande coleção dos Mestres Holandeses, incluindo obras de Vermeer e a maior coleção de Rembrandt do mundo.
Além disso, tem mais de 1 milhão de objetos, dos quais 8 mil são peças relacionadas aos últimos 800 anos da história do país.
Eu teria ido, se tivesse mais tempo. Assim como o Museu Van Gogh, o Rijks também fica na Quadra dos Museus.
Também é lá que ficava um dos letreiros IAMSTERDAM, onde todo mundo tirava foto. Estava sempre cheio, atraindo gente demais, e, por isso, foi retirado em dezembro de 2018.
Quer uma foto no letreiro? Tem um no aeroporto.
Casa de Anne Frank
Outro museu bem famoso na cidade é a Casa de Anne Frank, que fica ao lado dessa igreja, a Westkerk. Nos diários, Anne escreve sobre ela várias vezes, referindo-se sempre à igreja como fonte de conforto durante os dois anos em que ficou escondida na casa.
Os diários de Anne Frank ficaram famosos quando seu pai os publicou, em 1947. Ele foi o único sobrevivente do grupo de 8 pessoas que se escondeu na casa de julho de 1942 a agosto de 1944 – Anne, seus pais, sua irmã Margot e 4 outras pessoas.
Em 1960, a casa onde a família se escondeu, virou um museu. Hoje, as filas para entrar nele são gigantes – e conheço bastante gente que queria ir, mas acabou não indo porque teria que esperar muitas horas na fila. Aqui está o link pra compra do ingresso online, que recomenda a compra com 2 meses (!!!) de antecedência.
Eu não fui. Já visitei outros museus que contam a história de judeus perseguidos na época da II Guerra Mundial e acho que já vi o suficiente. Mas, em geral, a visita ao Museu Anne Frank é um dos Top 5 de quem visita Amsterdam.
Outros museus
Outros museu importande da cidade é o Stedelijk, um museu de arte moderna e contemporânea, que tem obras de Mondrian e Kandinsky.
Além desses principais, tem um monte de outros museus na cidade. Esse artigo do jornal Telegraph lista vários e conta o que tem de legal em cada um deles.
Fábrica da Heineken
Nao sei se é apropriado colocar na categoria Museus, mas nós visitamos a fábrica da Heineken.
Tem uma visita guiada, chamada Heineken Experience. Foi legal. Eles contam sobre a história da cervejaria, depois tem uma área mostrando as etapas da produção.
Tem um filme em 4D beeeem legal – uma simulação como se a gente fosse a cerveja – e uma visita a uma área onde eles mostram propagandas da cervejaria. Mais legal pra quem é ligado em esportes, já que essa é uma parte importante da estratégia de comunicação da Heineken.
Finalmente, chega-se no bar, onde cada pessoa tem direito a duas cervejas. Isso depois de uma degustação e antes da lojinha. A gente já tinha ido na Guinness, em Dublin, e é o mesmo tipo de visita.
O que me marcou mais nesse passeio foi o “causo” sobre como a Heineken entrou no mercado norte-americano: no final do século XIX, eles enviaram 100 charmosos casais holandeses para visitarem bares nos Estados Unidos e pedirem por Heineken. Nenhum bar tinha. Mas atrás dos casais vinham os vendedores.
Os donos dos bares, lembrando que alguém tinha pedido Heineken uns dias antes, foram comprando a cerveja. Deu certo: em 2016 a Heineken foi a segunda cerveja importada mais consumida nos Estados Unidos, com 12% desse mercado.
The dark side: Red Light District & Drogas Liberadas
Acho meio curiosidade mórbida visitar um lugar onde prostitutas se exibem nas vitrines. Mas Amsterdam é conhecida também por isso, e, então, resolvi ir até o Red District, uma área triangular no centro da cidade.
Não vi nenhuma. A prefeitura da cidade está tentando revalorizar o centro e vem fechando as janelas onde elas se expunham para os clientes. A área é decadente – e se parece com a área decadente de qualquer outra grande cidade.
A diferença é que os Coffee Shops vendem hashish e maconha. Esse artigo da Time Out explica a legislação, a etiqueta e tudo mais sobre eles.
Nosso passeio no centro incluiu pegar o ferry gratuito na Estação Central e it até a Torre A’DAM, de onde se tem a vista panorâmica da cidade e da Estação.
Pra terminar
A cidade é bonita e pra quem não conhece outras cidades com canais, com certeza será super especial. Os canais, os barcos, as bicicletas, é tudo muito lindo.
O Museu Van Gogh é imperdível. E o Rijks e a Casa de Anne Frank também merecem uma visita.
Pra conhecer um pouco do interior da Holanda sem sair de Amsterdam, ali perto fica Zaanse Schans. Esse post do DucsAmsterdam conta como é passar um dia por lá.
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