São Miguel é a maior ilha dos Açores. É linda, e vale a pena passear por ela toda! Mas, se eu tivesse que escolher só dois lugares para visitar, eles seriam o Vulcão das Sete Cidades e o Vulcão do Fogo.
É que lá estão as vistas mais deslumbrantes da ilha vulcânica. É tudo tão bonito que chega a parecer irreal.
Esse mapa mostra onde eles ficam. O melhor jeito de visitar esse lugares é alugando um carro ou contratando um tour em Ponta Delgada, capital da ilha.
Vulcão das Sete Cidades
Ele é o mais ativo do arquipélago: foram 17 erupções dentro de sua caldeira nos últimos 5 mil anos.
Pra entender essa região é legal começar com esse mapa, publicado pelo site Visit Azores.
Fonte: Visit Azores
A área marrom é a caldeira do Vulcão das Sete Cidades. Dentro dela aparecem a Lagoa Azul e a Verde, que, na verdade são uma só, chamada de Lagoa das Sete Cidades.
Cada lado é chamado de um jeito porque porque elas tem cores diferentes. Eu explico essas história mais adiante.
Ainda para entender a imagem e o complexo vulcânico na sua totalidade: do lado direito da Lagoa das Sete Cidades aparecem outras duas lagoas (Lagoa de Santiago e Lagoa Rasa) e, do lado esquerdo, duas crateras menores (Caldeira Seca e Caldeira do Alferes).
O melhor lugar para ver o conjunto todo é um mirante chamado Boca do Inferno. Para chegar lá, é preciso procurar pela Lagoa do Canário.
Boca do Inferno
Pra quem sai de Ponta Delgada, basta seguir as indicações para a Lagoa das Sete Cidades e o Mirador do Rei.
Só depois desse mirante, de onde se vê as lagoas Verde e Azul, é que vão começar a aparecer placas na estrada indicando a Lagoa do Canário. Fique atento: vai ter um estacionamento do lado direito da estrada.
A lagoa fica do lado esquerdo, depois de uma trilha de mais ou menos 200 metros.
Depois de uma paradinha na lagoa, continue caminhando pela trilha.
Em seguida vão aparecer placas indicando o mirante.
Aí é só seguir. Vai ter uma escadinha. Uma trilha. E segue subindo. E descendo. E subindo.
E, de repente…
Nada!!!
Olha a cerração que tinha lá quando a gente chegou:
Como eu já tinha pesquisado antes e sabia que é comum a cerração aparecer e desaparecer em poucos minutos, resolvemos esperar uns 20 minutos.
Esperamos. Nada. Resolvemos esperar mais 20. Nada. Decidimos ir embora!
No segundo passo, a gente pensou: se a gente for embora e a névoa sumir, vamos nos arrepender muuuuito! Só mais 5 minutinhos?
Foi a melhor decisão da viagem. Olha o que ela nos valeu!!
Lá de cima dá pra ver as quatro lagoas, o mar e a vila de Sete Cidades, lá embaixo, no fundo da cratera.
A maior lagoa que aparece nessa foto é a Azul. Ela é uma daquelas duas que apareciam interligadas na capa do livro. A outra lagoa da foto é a de Santiago.
Na foto seguinte, tirada um pouco mais de longe, dá pra ver também a Lagoa Rasa, à esquerda.
Depois de ficar lá na Boca do Inferno embasbacado por uns minutos, a gente resolveu seguir viagem, rumo a Sete Cidades.
Pelo caminho, passamos pelo Miradouro da Candelária, que, na minha opinião, é o melhor lugar para ver a Lagoa Verde e a Lagoa Azul.
Nessa foto a diferença de cor entre elas é sutil. Mas dizem que quem vai no verão consegue ver nitidamente que cada uma tem uma cor.
Conta a lenda que elas se formaram pelas lágrimas de um amor proibido. Entre um pastor de olhos azuis e uma princesa de olhos verdes. As lágrimas de cada um deles se transformou em uma lagoa.
A verdade é que a diferença de profundidade e vegetação faz com que elas pareçam ter cores diferentes. É tão bonito, que essa região foi eleita como uma das sete maravilhas naturais de Portugal.
Vista do Rei
Mais adiante fica o Mirante Vista do Rei, aquele pelo qual a gente já tinha passado antes. Vale a pena parar, ele é o mais famoso da região.
Além de ser um bom lugar para ver essas mesmas duas lagoas, ele é também ponto de partida para uma trilha que desce até Sete Cidades.
E uma curiosidade sobre esse lugar: já pensou em ficar em um hotel de onde se possa ter essa vista para as lagoas da janela? Pois bem, aqui, um dia, isso foi possível.
Na mesma curva da estrada de onde se tem uma vista fantástica das lagoas, fica esse hotel, hoje abandonado.
Ele é o Monte Palace, inaugurado em abril de 1989 e fechado 19 meses depois, na mesma época em que recebia o prêmio de melhor hotel do ano.
Ele foi um dos primeiros hotéis cinco estrelas dos Açores. Além dos quartos, tinha dois restaurantes, bar, discoteca e loja de souvenir. Vivia cheio, os turistas lotavam essas áreas. Mas quase ninguém dormia lá, e isso provocou sua falência.
Depois de algumas trocas de dono e de ter sido invadido por ladrões que levaram até as banheiras e elevedores, parece que o hotel vai ser finalmente restaurado e reaberto.
Ele foi adquirido por investidores asiáticos em 2017 e as obras estão para começar a qualquer momento. Enquanto isso, os turistas passeiam pelo hotel, que parece assombrado.
Esse vídeo (em português, 2 minutos) mostra como o hotel é por dentro atualmente e, também, como ele era na época em que estava em funcionamento.
Freguesia de Sete Cidades
Do Mirante do Rei seguimos rumo ao fundo da Caldeira do Vulcão das Sete Cidades, onde fica o povoado, com uma população de mais ou menos 500 habitantes.
Almoçamos por lá, num restauraunte simples e barato, e depois demos uma caminhada até a beira da lagoa. Lá todo mundo se diverte, sem nem lembrar que está dentro de um vulcão ativo.
Tudo bem, já que a última erupção do Vulcão de Sete Cidades aconteceu cerca de 500 anos atrás. E os moradores dos Açores não temem novas explosões. Eu falo mais sobre isso num outro post, que fala sobre a origem vulcânica do arquipélago.
Se quiser esticar um pouquinho mais o passeio, dá para visitar ainda a Ponta da Ferraria, que não fica longe dali. Lá dá para tomar banho nas águas termais que curam. Pra saber mais sobre isso, espia esse outro post.
Vulcão do Fogo
O outro passeio imperdível de São Miguel é mais para o leste da ilha, a cerca de 50 km de Sete Cidades. Lá fica o Vulcão do Fogo, também como conhecido como Vulcão de Água de Pau.
A última explosão foi em 1563. De lá para cá, a água da chuva transformou a caldeira nessa lagoa. E, logo ali atrás, está o mar.
O jeito mais fácil de chegar lá é ir até o povoado de Lagoa pela estrada principal da ilha (VR, de Via Rápida) e, a partir de lá, pegar a estrada R5-2, em direção ao Mirador da Barrosa.
Essa é a vista que se tem desse primeiro mirante.
Vale a pena parar e andar bastante pelos arredores. A Lagoa do Fogo é a mais alta da ilha e, de lá, se tem uma vista panorâmica bem bonita, para o vulcão, o mar e os povoados ao redor.
Continuando pela estrada, a gente chega em seguida ao mirante da Lagoa do Fogo.
Lá começa uma trilha para descer até a lagoa.
As placas que indicam a trilha não falam em distância, tempo ou grau de dificuldade. Eu precisei pensar um pouquinho pra decidir se ia me animar ou não.
Mas fomos. Sempre perguntando para quem vinha subindo se faltava muito e se valia a pena. Como as indicações eram boas, continuamos.
No fim, foram cerca de 20 minutos descendo, com alguns trechos bem íngremes, outros mais tranquilos.
Para nós não foi muito difícil, mas não recomendo para quem tem problemas nos joelhos, por exemplo.
Fomos recompensados quando chegamos lá embaixo. Tem uma prainha ao redor da lagoa, então a gente pode continuar caminhando e aproveitando a paisagem até cansar.
Deu até pra fazer piquenique. 🙂
Quem ainda tiver energia depois de subir de volta, pode esticar até a Lagoa do Congro, que fica a 12 quilômetros dali.
Ela fica no meio de um bosque. Suas águas são bem verdes. Esse post do blog Passaporte Açoriano conta como é passear por lá.
Um outro passeio conhecido na região é a Caldeira Velha, onde dá para tomar banho nas águas termais. O número de visitantes é limitado, então sugiro telefonar para se informar antes de ir.
Dicas práticas
Sugiro fazer cada um desses passeios em um dia diferente, especialmente para quem planeja fazer as trilhas.
Perto do Vulcão das Sete Cidades existem três. A trilha Vista do Rei, de que já falei antes, tem quase 8 quilômetros. São cerca de 2 horas para ir do mirante até Sete Cidades e 2 horas para voltar.
A trilha Mata do Canário – Sete Cidades contorna a Lagoa Azul e tem duração de 3 horas. Já a trilha Serra Devassa, que começa na Lagoa do Canário, tem um percurso de cerca de 2 horas.
Próxima ao Vulcão do Fogo, além da trilha curta que eu fiz, tem uma outra, chamada Praia – Lagoa do Fogo. Ela é bem mais longa, tem 11 quilômetros.
Sugiro também o uso de um casaco impermeável com capuz. O tempo muda muito rápido na ilha e é bem possível que chova e faça sol pelo caminho.
E, claro, levar um lanchinho. Talvez haja mais estrutura no verão, mas fui no inverno e o que nos salvou foi ter sempre um sanduíche e uma garrafa d’água por perto.
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