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Pensando em conhecer Bruxelas? Nesse post eu te conto um pouco sobre a cidade, que tem 2 idiomas oficiais e é conhecida como a “capital da Europa”, por abrigar a maioria dos órgãos da União Europeia.
E, enquanto eu te conto a história do lugar, vou falar sobre a Grand-Place, que é uma das praças medievais mais bonitas da Europa, e sobre o Atomium, uma estrutura de aço construída para a Exposição Universal de 1958 e, hoje, uma das imagens mais conhecidas da cidade.
Uma capital com dois idiomas oficiais
No post sobre a história da Bélgica eu expliquei porque o país tem 3 idiomas oficiais e como ele está dividido em três áreas linguísticas.
A “Grande Bruxelas”, que engloba 19 cidades (communes), faz parte de duas delas: a francesa e a holandesa.
Mas quem anda pela cidade vai ouvir inglês o tempo todo, porque a maioria dos prédios da Comunidade Europeia está lá – e onde trabalha gente de muitos países e idiomas diferentes, o mais falado acaba sendo sempre o inglês.
O motivo da “Grande Bruxelas” ter dois idiomas oficiais está num passado distante, quando a Europa foi praticamente dividida em três pelo Tratado de Verdun (no ano 843).
Nessa divisão, a maior parte do que hoje é a Bélgica ficou na Francia Occidentalis, precursora do que é hoje a França. Mas o Ducado de Brabante, região que inclui Bruxelas, ficou na Francia Media.
A Francia Media existiu por pouco tempo e o ducado acabou sendo dividido e redividido pela Francia Occidentalis (precursora da França) e pela Francia Orientalis (precursora da Alemanha).
Francês e holandês (que é uma língua germânica) são falados na região desde então.
A “Grande Bruxelas” tem 1,2 milhão de habitantes e é uma das três regiões autônomas do país (as outras duas são Flandres e Valônia).
As 19 cidades que compõe a “Grande Bruxelas” são tão ligadas uma a outra que parecem praticamente uma cidade só.
Mas olhando o mapa a gente vê que uma delas, em laranja escuro, chama-se Bruxelas.
Fonte: L’aménagement linguistique et le langues dans le monde
Essa é a Bruxelas histórica e é dela que a gente vai falar daqui para a frente.
Nessa área ficam a Grand Place, o palácio real, os principais museus, o “Bairro Europeu” e o Atomium.
Capital da Europa?
No “Bairro Europeu” operam alguns dos principais órgãos da União Europeia: o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia, o Conselho Europeu e o Conselho da União Europeia.
Esses órgãos ocupam prédios emblemáticos da cidade: o Berlaymont, um prédio construído na década de 1960, é o local de trabalho da Comissão Europeia; e um complexo inaugurado em 1992 abriga o Parlamento Europeu.
Foi por acaso que Bruxelas tornou-se a (extra-oficial) capital da Europa.
Em 1957, quando foi assinado um tratado em Roma criando a Comunidade Econômica Europeia (antecessora da União Europeia), várias cidades dos 6 países envolvidos candidataram-se para abrigar suas instituições.
Mas não houve consenso até 1/1/58, data prevista para elas entrarem em funcionamento.
Então, no dia 6 de janeiro, foi feita uma reuniao de emergência em Paris e, como não se chegou a um consenso, foi decidido que haveria um sistema de rodízio entre as capitais dos países envolvidos.
Bélgica, que começa com B, seria o primeiro. Foi alugado um prédio em Bruxelas. Depois outro. E outro.
Hoje, além dos prédios que já citei, há cerca de 40 outros edifícios na Rue de la Loi e seus arredores abrigando outras instituições da UE.
Quem está na cidade pode visitar alguns desses prédios (mais sobre isso no final do post).
Grand-Place e o Centro Histórico
Mas o que todo mundo quer ver quando visita Bruxelas é a Grand-Place, antigo mercado, que é considerado uma das praças medievais mais bonitas da Europa.
As primeiras notícias de comércio na área são de mais de mil anos atrás, quando a área estava no final de um rio navegável.
Foi estabelecido um porto no local e, quando a cidade desenvolveu-se sob proteção dos Duques de Brabante e, mais tarde, de Flandres, foram sendo construídos mercados na região.
A forma que a praça tem hoje foi dada no século XV, quando foi construída a prefeitura.Em seguida o Duque de Brabante também construiu uma mansão ali e, mais adiante, as poderosas associações comerciais da época também moveram suas sedes para a praça.
A mansão do Duque é hoje o Museu da Cidade de Bruxelas.
Também dá para entrar na prefeitura (apenas com visitas guiadas). Para saber mais sobre esses e outros prédios medievais da praça, leia o post do blog Viajoteca.
Perto da praça ficam o Manneken Pis, uma estátua de um menino fazendo xixi (que, segundo algumas fontes, existe desde o século XII) e as Galerias Reais (Galeries Royales Saint-Hubert).As Galerias Reais tem 3 seções: Galeria do Rei, Galeria da Rainha e Galeria dos Príncipes. Nelas, muuuitas lojas de chocolates e vitrines luxuosas.
E, também, um teatro e um cinema.
Quem sai da Saint-Hubert pela Galeria dos Príncipes está bem pertinho da Delirium Village, um conjunto de 8 bares que vendem não apenas as marcas da Cervejaria Huyghe, como também cervejas do mundo todo.
O mais antigo dos bares, o Delirium Café, entrou no Livro dos Recordes quando atingiu a marca de 2.004 tipos de cerveja. A mais querida, claro, é a Delirium Tremens, a do elefantinho cor de rosa.
Mas ela é apenas uma das muitas produzidas pela cervejaria. Alguns dos prêmios recentes que suas diferentes marcas receberam estão listados aqui.
Palácio Real e arredores
Não longe dali fica o palácio real.
O prédio pode ser visitado no verão. A monarquia belga foi estabelecida em 1831, logo depois do reconhecimento da independência do país.
Seguindo pela Rue de la Régence, a gente passa por vários museus, incluindo um dos mais famosos da Bélgica, o Museu Magritte, dedicado a um de seus mais famosos surrealistas. Conheça algumas de suas obras aqui.
Um pouco depois você chega na igreja gótica Notre-Dame du Sablon. Vale a pena entrar naquela região. Atrás da igreja fica a praça Grand Sablon, onde acontece uma feira nos finais de semana, e que é rodeada por cafés, bares e restaurantes.
Voltando para a Rue de la Regence você chega em seguida no Palácio da Justiça, um prédio neoclássico imponente, construído no século XIX. De lá tem-se também uma bonita vista aérea da cidade.
Você já vai estar pertinho da estação de metrô Louise e da avenida de mesmo nome, que é uma das ruas mais caras da capital. Ela estende-se por quase 3 km, até o Bois de la Cambre, uma das várias áreas verdes da cidade.
Atomium
Quem ainda tem tempo pode ir até o Atomium, uma estrutura de metal construída para a Exposição Universal de 1958.
Ele representa uma célula unitária de cristal de ferro, cada círculo representando um átomo. A gente pode entrar no prédio (ticket em 2019: 15 euros), onde tem uma exposição permanente sobre sua história.
O Atomium fica longe do centro, cerca de 30 minutos de carro e praticamente uma hora de transporte público.
Eu fui, mas achei uma perda de tempo. Sabe aqueles lugares onde a gente vai só porque é um lugar em que todo mundo vai, daí chega lá e se decepciona? Pois é.
Foi uma hora para chegar lá, uma hora na fila para entrar, uma hora para voltar. E o que tem para ver não é nada demais.
Mas para quem está buscando um parque para passar o dia, a área é bem interessante. Tem outras coisas para conhecer e aproveitar além do Atomium.
O mesmo ticket que dá acesso ao prédio vale também como entrada no Museu do Design.
Ali do lado também tem o parque Mini-Europa, com “minituras” de até 13 metros de altura de monumentos de vários países.
E tem também várias áreas boas para piquenique.
Dicas práticas
Bruxelas é uma cidade que pode ser conhecida a pé (exceto pelo Atomium).
Os melhores lugares para se hospedar são as proximidades do centro histórico ou a região que vai de lá até o “Bairro Europeu”. Sablon é uma boa opção para quem quer ficar em uma região menos turística mas ainda cheia de vida (especialmente no verão).
Eu cheguei na cidade pelo aeroporto Zaventem, e o acesso às duas principais estações de trem da cidade (Central e Midi) é super fácil e rápido (cerca de 30 minutos).
Dessas duas estações partem trens regularmente para cidades do interior, como Bruges e Gante, ou de outros países, como Paris, Amsterdam e Londres (via Eurostar).
Finalizando, aqui tem links para quem quiser saber mais sobre como Bruxelas tornou-se a (extra-oficial) capital da Europa, o boom imobiliário associado ao seu crescimento, o que é a União Europeia e como visitar as instituições da UE em Bruxelas.