Esse pequeno país no Balcãs é um lugar simplesmente deslumbrante. A água do mar é completamente transparente, as pessoas são simpáticas, a história é riquíssima.

Nesse post vou te contar um pouco sobre o país, suas regiões e como montar um roteiro por lá. Mais adiante vou te contar sobre minha experiência em Dubrovnik, Split e nas ilhas Hvar e Korcula.

Pequena história da Croácia

Assim como os outros países da Península Balcânica, a Croácia teve uma história turbulenta ao longo dos últimos séculos.

Ocupada por romanos antes da chegada dos eslavos, a península esteve por mais de mil anos submetida à dominação de grandes impérios: romano, bizantino, otomano, veneziano e austro-húngaro.

Eu contei tudo sobre isso no post sobre a história da Península Balcânica, onde expliquei também como etnias, religião e política são até hoje desafios para a estabilidade da região, atualmente composta por 10 países.

A Croácia de hoje ocupa boa parte da costa ocidental da península e é formada por quatro regiões históricas: Croácia, Eslavona, Dalmácia e Ístria. 

Formação da Croácia

Croácia-Eslavônia

Os croatas eram um dos quatro grupos principais de povos eslavos que chegaram na Península Balcânica a partir do século VI.

Eles estabeleceram seu próprio reino, o Reino da Croácia, no ano 925. Logo seu território incluia também a região conhecida como Eslavônia.

O Reino da Croácia-Eslavônia não foi independente por muito tempo: logo submeteu-se à Hungria (1102), que, mais tarde, passaria a ser parte do Império Austro-Húngaro (1527).

Dalmácia

A terceira região que forma a  Croácia de hoje, a Dalmácia, uniu-se ao Reino da Croácia-Eslavônia em 1868.

A Dalmácia era uma região que tinha uma história diferente. A maioria de suas cidades costeiras tinham pertencido à Republica de Veneza até o final do século XVIII.

E uma delas, Dubrovnik, tinha sido uma república independente até 1808.

Ístria

A última região a unir-se a Croácia foi a Ístria (hoje, a costa norte do país), depois da II Guerra Mundial.

Naquela época, a Ístria, pertencia a Itália. Quando esta foi derrotada na Guerra, a Ístria, região onde a maioria da população era croata, foi ocupada pela Iugoslávia (de que falei no post sobre a história da Península Balcânica).

Atualmente, 89% da Península da Ístria pertence à Croácia, e o resto está dividido entre Eslovênia e Itália.

Simplificando, hoje a Croácia é assim, cada cor representando uma das regiões históricas:

Fonte: By DIREKTOR – Own work, derived from File:Croatia location map.svg, CC BY-SA 3.0

  • vermelho = Croácia Histórica
  • roxo = Eslavônia
  • azul = Dalmácia
  • verde = Ístria

O que conhecer em cada uma das regiões

Croácia Histórica

A parte vermelha é a região do país conhecida como Croácia, embora não seja exatamente a região onde os croatas fundaram seu primeiro reino – as fronteiras foram alteradas ao longo dos séculos, como resultado das disputas entre diferentes povos.

É nessa região, que concentra 50% do PIB do país, que fica a capital, Zagreb.

Nessa área também, um pouco mais ao sul, fica o Parque Nacional dos Lagos de Plitvice, uma das principais atrações turísticas do país.

Dalmácia

Seguindo para o sul chegamos na Dalmácia, em azul no mapa. Essa longa faixa litorânea está dividida em 4 Condados (ao todo, a Croácia tem 20).

Condado de Zadar

A capital do Condado é a cidade de mesmo nome. Zadar é uma cidade universitária, que preserva um pouco de cada povo que viveu lá ao longo dos séculos.

Lá tem fórum romano, palácios venezianos, prédios barrocos… Mas sua principal atração turística são duas instalações artísticas do arquiteto Nikola Bašić, chamadas de o “Órgão do Mar” e a “Saudação ao Sol”.

O “Órgão do Mar” é um instrumento musical experimental que usa o som das ondas do mar para produzir música.

Já “Saudação ao Sol” é uma área circular no piso que captura a luz do sol durante o dia e, depois do pôr-do-sol, usa essa energia para produzir um show de luzes. Veja uma foto aqui.

Para saber mais sobre Zadar, visite o site turístico local clicando aqui.

Nesse condado também fica a Ilha Pag (mais adiante eu falo sobre as ilhas).

Condado de Šibenik-Knin

Na região de Šibenik, além da própria cidade, famosa por sua catedral, fica o Parque Nacional Krka.

A área também é conhecida pela imensa quantidade de trilhas para ciclistas. 

Também nessa região ficam as Ilhas Kornati, um arquipélago formado por mais de uma centena de ilhas, todas desabitadas.

Existem algumas opções de hospedagem no arquipélago. Esse post da TimeOut conta como é aventurar-se por lá.

Condado de Split-Dalmácia

A cidade de Split é um dos principais pontos de acesso às ilhas da Croácia, já que de lá saem barcos para Hvar, a mais sofisticada delas.

Mas a cidade de Split é muito mais do que isso: ela é pura história!

O centro da cidade fica dentro de um gigante palácio do século IV, construído pelo imperador romano Diocleciano.split

Além disso, a cidade tem uma orla charmosa, uma delícia de lugar para passar a tarde.

sdr

split

Eu simplesmente me apaixoinei por Split.

Ali perto também tem história dos gregos e romanos. Trogir , originalmente fundada pelos gregos no século III A.C., é considerada Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO e preserva muitos prédios do período medieval.

E, pertinho de Split, ficam as ruínas de Salona (Solin), cidade onde o imperador romano Diocleciano nasceu, quase dois mil anos atrás.

Nesse condado ficam ainda as ilhas de Hvar e Vis.

Condado de Dubrovnik-Neretva

A cidade de Dubrovnik sozinha já vale a viagem!

Entre o mar e as montanhas, cercada por altos muros, ela é praticamente uma fortaleza. São apenas 4 entradas para a cidade antiga, duas por terra e duas por mar.

Canhões apontados para a entrada da baía protegeram o porto por séculos. dubrovnik porto

O Forte de São Lourenço,  no alto de uma montanha próxima, garantia a defesa do outro lado da cidade.

Dentro dos muros, uma cidade deslumbrante, toda branca, diferente de tudo que eu já tinha visto antes.

O branco vem da pedra calcária (limestone), usada no calçamento e em muitos prédios da região.

Graças a uma condição geográfica privilegiada e uma diplomacia astuta, Dubrovnik, conhecida como “a pérola do Adriático”, foi muito próspera entre os séculos XIV e XVI e conseguiu manter-se independente até 1808.

Na década de 1990, a cidade foi parcialmente destruídas nas guerras entre croatas, bósnios e sérvios.

Mas no século XXI, graças ao turismo, que aumentou com o sucesso da série Game of Thrones (filmada parcialmente na cidade), Dubrovnik voltou a florescer.

Dubrovnik entrou rapidamente no roteiro de milhares de turistas que passeiam pela Europa e hoje lotam as ruas e muros da cidade.

Eu considero Dubrovnik uma parada indispensável.

Nesse mesmo condado ficam as Ilhas Korcula e Mljet.

Ístria

A região em verde no mapa que mostrei antes é a Ístria, de forte influência italiana.

Sua principal cidade é Pula, que tem uma arena romana de mais de 2 mil anos. Outra cidade bastante visitada na região é Rojing, uma cidade medieval.

Na Ístria também ficam Rijeka, o maior porto do país, e Opatija, que era o principal balneário nessa região no tempo em que a Ístria era parte do Império Austro-Húngaro.

Para saber o que mais fazer na região, sugiro esse post do PlanetWare.

Eslavônia

A parte em roxo no mapa, que faz fronteira com Hungria, Sérvia e Bósnia-Herzegovina, é formada por 5 condados. Essa é a área mais agrícola do país.

Sua principal cidade é Osijek, capital do Condado Osijek-Baranja.

Lá há várias vinícolas. Para saber mais sobre elas, leia o artigo da TotalCroatiaWine.

Um capítulo à parte: as ilhas!

Elas são mais de mil no litoral croata, das quais menos de 50 são habitadas. Hvar Fortaleza

Algumas são super acessíveis, como Krk e Pag, onde dá pra chegar atravessando uma ponte.

Em outras, como Brac e Lastovo, você só chega de barco.

A frequência das viagens de ferry e catamaran vai depender da popularidade da ilha.

Eu queria algo acessível e, então, decidi ir a Korcula e Hvar, as duas na rota entre Split e Dubrovnik. Essa é Korcula.korcula

A mesma linha de ferry parava também em Mljet, Vis e Brac, mas eu só tinha tempo para parar em duas das cinco ilhas.

Se você quer saber mais sobre as ilhas, esse post do blog Total Croatia dá uma boa visão geral.

E aqui tem um post com as 15 melhores segundo a CNTraveller.

O que você precisa saber antes de viajar para a Croácia

Conflitos da década de 90

A Croácia declarou sua independência em 1991 e, logo em seguida, passou por uma guerra que envolveu também sérvios e bósnios. Mas hoje é um lugar seguro e um dos principais destinos turísticos da Europa.

Para uma cronologia da história recente da Croácia, recomendo esse artigo da BBC (em inglês).

Moeda e idioma

Embora seja parte da União Europeia, a Croácia não aderiu ao Euro e tem sua própria moeda, a Kuna.

O país é considerado um destino europeu barato, exceto pelas regiões mais turísticas, como a cidade antiga de Dubrovnik ou a ilha Hvar.

O idioma falado no país é o croata, mas é possível comunicar-se bem em inglês, principalmente na costa.

E, de vez em quando, você vai dar a sorte de encontrar alguma palavra bem parecida com o português, já que a região teve grande influência italiana.sdr

Geografia

O país é grande para padrões europeus: a costa tem 1.800 km. E ele estende-se interior adentro no norte por 500 km, até a fronteira com a Sérvia.

O litoral croata é pedregoso, com raras exceções. Recomendo muito um sapatinho desses para entrar no mar, é bem fácil de achar.

sapato praia pedras

Chegando lá

Para quem vai do Brasil, é possível chegar na Croácia com apenas uma parada: enquanto escrevo esse post, a Iberia tem um vôo de São Paulo para Dubrovnik, com escala apenas em Madri.

Mas fácil mesmo é encaixar a Croácia num roteiro com a Itália, já que os dois países estão divididos por apenas uma pequena faixa de mar, o Adriático.

No site DirectFerries (também em português) você encontra várias opções para cruzar pelo mar de um país para o outro.

Pra terminar

Se você gosta de bandeiras, vai gostar desse vídeo. Ele explica a história da Croácia a partir das cores e símbolos da bandeira do país.

Para quem está pensando em ir até a Croácia: se você vai conhecer apenas um lugar, eu recomendo Dubronik.

O roteiro que fiz, Dubrovnik-Korcula-Hvar-Split, é bem legal para quem está pensando em ter uma boa noção do país em uma semana.

Quem prefere pular as ilhas e fazer Dubrovnik-Split por terra tem um trajeto interessante: tem que cruzar a Bósnia, por um curto trecho de menos de 10 km.

Para quem quer curtir praia e balada, Hvar rende bem uma semana. Dá para fazer bate-e-volta de barco a várias ilhas próximas.

Para um roteiro mais completo pelo país, incluindo o Parque Nacional dos Lagos de Plitvice, a capital Zagrebe e alguma outra cidade charmosa nas outras regiões, duas semanas é um bom plano.