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Em uma semana é possível conhecer a história dos romanos, visitando a cidade-palácio do Imperador Diocleciano, e a da República de Dubrovnik, uma cidade-estado que conseguiu manter-se independente por séculos, e, ainda, parar em duas ilhas no caminho.

Eu já escrevi sobre essas cidades nos posts Pequena História de Dubrovnik e Split, a segunda pequena maior cidade da Croácia.

Aqui nós falamos falar sobre como ir de barco de uma até outra, parando em algumas ilhas pelo caminho.

Eu parei em Korcula, que apresenta-se como local de nascimento do explorador Marco Polo, e Hvar, famosa por ser uma das praias mais badaladas da Croácia.

Hvar foi também, por muitos séculos, o principal porto da República Veneziana no mar Adriático.

Se você quiser pular as ilhas, também dá para ir de Dubrovnik a Split de carro:

Montando o roteiro pelas ilhas

Chegar por Dubrovnik e partir por Split (ou vice-versa) é uma excelente opção para quem vai de avião. Nessas cidades ficam dois dos seis aeroportos internacionais do país.

Os outros ficam em Zagreb (a capital, no interior), Zadar, Pula e Rijeka (os 3 no litoral norte).

Eu queria ir a Dubrovnik porque sabia que a cidade era deslumbrante. Eu também queria conhecer pelo menos uma ilha. Por isso resolvi pegar o avião de retorno em Split: o barco de uma cidade a outra me oferecia 5 opções de ilhas no caminho.

Eu só tinha tempo para parar em duas. Escolher foi complicado. Uma amiga croata tinha me recomendado Brac, porque na época eu estava procurando uma praia com areia – o que não é fácil na Croácia, já que a maioria das praias fica na beira de pedras.

Ela me sugeriu Bol, olha que espetáculo nessas fotos. Mas eu achei que precisaria de carro para circular por lá, e alugar um não estava nos meus planos.

As duas ilhas que me pareceram mais convenientes – e também pareciam ser lindas – foram Hvar, a mais glamourosa, e Korcula, a mais histórica das ilhas.

Parei nas duas, começando por Korcula.

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O clima em maio era imprevisível. Não dava para saber se ia dar para entrar no mar ou não (não deu).

Comprei a passagem de barco diretamente no porto de Dubrovnik, mas não recomendo: fica longe do centro histórico da cidade, e é total perda de tempo ir até lá. O site para compras de passagem online está aqui.

Além de Korcula e Hvar, o barco maior e mais frequente para também nas ilhas Mljet e Brac.

Parar em todas é possível, mas é preciso ter mais tempo, porque, durante a maior parte do tempo, são poucos barcos por dia (a frequência só aumenta no verão, de junho a setembro).

Um dia na ilha Korcula

Essa ilha tem dois portos, um na cidade histórica que tem o mesmo nome da ilha,  Korcula, e outro em Vela Luka. As duas cidades estão a 40km de distância uma da outra.

Korcula, a cidade medieval

Eu desci e me hospedei em Korcula, que é uma cidade medieval charmosa, numa pequena península no nordeste da ilha.

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A cidade foi construída com as ruas formando uma espinha de peixe. A gente consegue ver a forma direitinho do terraço do restaurante Kavana No1, que fica no shopping da cidade.

A cidade medieval é bem pequenininha, uma ou duas horas são suficientes para conhecer todos seus recantos.sdr

Na pontinha da península fica a torre Kanavelica.dav

Lá em cima tem um bar com uma vista legal pra cidade. Foi de lá que tirei essa foto.dav

Marco Polo: italiano ou croata?

O personagem mais famoso da ilha é o explorador Marco Polo, que, no século XIII, foi um dos primeiros europeus a viver na China e documentar histórias de lá.

Há indícios de que Marco Polo tenha nascido em Korcula, e a cidade aproveita-se disso para promover o turismo.

Além da casa onde ele teria nascido, a gente também pode visitar um museu dedicado ao explorador.

Fui e gostei bastante. É pequeno e conta de maneira agradável a história da vida dele, incluindo a famosa aventura pela Ásia, narrada em “O Livro das Maravilhas” (que ficou conhecido como “Viagens de Marco Polo”).

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Ele entrou na história como italiano.

Mas quando foi aberto um museu na China, na cidade onde ele teria trabalhado por dois anos, informando que ele era croata, começou a polêmica, que feriu o orgulho dos italianos.

Esse artigo do jornal The Telegraph conta mais.

Praias e vinícolas em Lumbarda

Essa cidadezinha entre o mar e as montanhas foi, possivelmente, onde os gregos instalaram-se quando chegaram na ilha há mais de 2.000 anos atrás.Lumbarda, centrinho

Em Lumbarda foi encontrada uma das mais antigas inscrições em grego de todo o país. A pedra com inscrições está hoje no Museu Arqueológico de Zagrebe, capital do país.

Vinícolas

Na região de Lumbarda são produzidos vinhos difíceis de achar, produzidos por apenas umas poucas famílias, a partir de uma uva branca nativa da ilha, a GRK.

Provei o vinho GRK em Dubrovnik; saboroso, ele me lembrou o sabor de vinho verde.sdr

Esse artigo do blog ExoticWineTravel fala mais sobre a uva GRK. E se você quiser visitar vinícolas em Lumbarda, aqui estão links para três delas: Winery GRKBire e Zure.

Para os interessados em vinho, vale conhecer o interior da ilha, onde cresce a outra uva nativa da região, a Posip.

Para saber mais sobre todos os vinhos produzidos na ilha, leia esse post do site VisitKorcula.

Praias

Além de vinhos, Lumbarda tem também algumas praias de areia. Elas são mais extensas do que as da cidade que tem o mesmo nome da ilha, Korcula.

Ainda assim, elas são pequenas para padrões brasileiros. Mas a água, completamente transparente, compensa.

Pra chegar em Lumbarda, peguei um ônibus em Korcula. Foi uma aventura (outros chamariam de indiada, hehehe). São apenas 10 km e o ônibus levou 30 minutos.

Se você tiver disposição para fazer o mesmo, a dica é descer no “centrinho” de Lumbarda e caminhar por essa estradinha na beira do mar até a praia.

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De lá dá para cruzar pro outro lado e ir até a praia Velz Przina. É uma boa caminhada e foi uma boa maneira de encerrar a minha indiada 🙂

A ilha seguinte é puro luxo e relax…

Um dia na ilha Hvar

Hvar é uma ilha comprida: tem 80 km de leste a oeste. Já de norte a sul, são apenas cerca de 10km.

A ilha também é habitada a milhares de anos e os primeiros gregos que chegaram lá instalaram-se em um lugar onde hoje fica a cidade de Stari Grad (que é onde fica um dos três portos de Hvar).

Na época, os gregos chamaram o lugar de Pharos. Os habitantes da ilha, em seu dialeto local, adaptaram o nome para For (eles chamam Hvar assim até hoje).

Hvar, a cidade mais badalada da ilha

Eu me hospedei na cidade que tem o mesmo nome da ilha, Hvar. Ela é a mais agitada, onde param a maior parte dos navios que vão de uma ilha a outra.

Definitivamente o melhor lugar para que está sem carro e quer ficar em um lugar com estrutura. E, já na chegada, a gente se apaixona pela ilha.

A cidade antiga, que fica logo ali, é muito lindinha. A área da Catedral de São Estevão lembra muito Dubrovnik.

As ruas medievais estreitas são uma delícia de lugar pra gente se perder.

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Caminhar sem rumo pela cidade vai acabar te levando até as escadas que sobem para a Fortaleza Espanhola, também chamada de Fortica.

Ela começou a ser construída no século XIII, pelos Venezianos que, naquela época, controlavam a ilha.

Desse mesmo lugar, diferentes povos mantiveram o poder sobre Hvar ao longo dos séculos, com destaque para gregos e bizantinos.

Mas o momento mais importante na história da Fortaleza Espanhola foi 19 de agosto de 1571, quando os turcos atacaram e incediaram a cidade, e grande parte da população conseguiu sobreviver porque encontrou abrigo lá.

Mas o melhor motivo para subir até Fortica é a vista!davOutra delícia de Hvar é seguir caminhando pela orla, que tem um calçada de vários quilômetros.

Quem continua na direção de quem veio do porto para a cidade medieval, vai passar ao lado de um bosque e logo começar a ver clubes de praia, como o Bonj les Bains, e bares, como o Hula Hula.

Já quem vai para o outro lado do porto, segue pela orla por uma zona mais calma, mas também linda.IMG_20190529_204637.jpg

E quem não tem medo de longas caminhadas pode seguir até a Praia Mustaco (pronúncia: Mustacho), escondidinha atrás de uma curva.

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O bar lá no fundo é também hotel e, por EUR 10 euros, você aluga uma daquelas espriguiçadeiras que estão na areia.

E fica assim, de boa, pelo resto do dia.

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Em Hvar, recomendo muito o hostel em que fiquei, chamado Villa Zorana. Ele tem quartos privados, uma vista linda e fica a apenas 500 metros do porto. Excelente custo-benefício.

Foi uma dica da Gabi Brunelli, do blog Vai Para o Mundo, que também escreveu um post sobre Hvar, bem diferente desse.

Ele fala sobre como é aproveitar as baladas da ilha e sobre como é fazer um passeio de barco pelas ilhas vizinhas. 

Esse post da Time Out dá outras dicas, como visitar a cidade antiga (Stari Grad) ou jantar no Konoba Humac, único restaurante de uma cidade abandonada há decadas.

Outros lugares para conhecer na Croácia

Se você quiser visitar outras ilhas, está no país certo. São, literalmente, mais de mil na costa do país.

A transparência da água do mar na Croácia é impressionante. E a água tem temperatura agradável, especialmente no final do verão (agosto e setembro).

Em terra, além de Dubrovnik e Split (que eu considero imperdíveis), os destaques são o Parque Nacional dos Lagos de Plitvice, a cidade de origem romana Pula, a capital Zagrebe (que divide opiniões, tem quem ama e quem acha sem graça) e Zadar, onde fica a interessante instalação artística “Órgão do Mar“.

Nesse post eu falei de todos esses lugares, e, também, indiquei vários blogs que dão detalhes sobre as ilhas.

Recomendo muito uma visita a Croácia. O país é, com certeza, um dos meus preferidos.