Londres é uma cidade enorme, com 9 milhões de habitantes e muitas, muitas atrações.

Quem vai a cidade pela primeira vez, provavelmente vai passar boa parte do tempo visitando os principais pontos turísticos: a Torre  de Londres, a Tower Bridge, o relógio Big Ben, a roda-gigante London Eye, o Museu Britânico, o Palácio de Buckingham, o palácio de Westminster (parlamento), a abadia de Westminster, o centro comercial Picadilly Circus.

E, talvez, tenha tempo de assistir a um musical famoso no West End ou passear pela área verde mais emblemática da cidade, o Hyde Park.

Mas o que fazer numa segunda ou terceira visita à cidade? Que tal explorar os bairros da margem norte do rio Tâmisa, incluindo o centro histórico (a “City”) e regiões como Covent Garden, Soho, Notting Hill e Camden Town? É disso que a gente vai falar nesse post.

Entendendo a cidade

Londres, em sua origem, era apenas a região hoje chamada de City of London. Ela era cercada por outras várias cidades que, com o passar do tempo, foram ligando-se à área central.

O resultado é  que hoje Londres é formada por 33 regiões, sendo elas 32 bairros (Boroughs) e a City of London. Cada uma dessas regiões divide-se em áreas menores, chamadas de distritos (Districts).

A City of London e 12 dos 32 bairros formam a área central da cidade (Inner London). Os outros 20 ficam ao seu redor e formam a “Grande Londres” (Outter London).

Nesse post a gente vai ficar na área central da cidade e apenas na margem norte do Tâmisa, o rio que corta Londres. Nosso passeio vai passar pelos bairros City of London, Westminster, Kensington & Chelsea e Camden.

Explorando “a City”

A City of London, ou Cidade de Londres, foi fundada pelos romanos em torno do ano 50 A.C., na margem norte do rio Tâmisa. A cidade foi chamada de Londinium.

No século II, ela foi cercada por muros, que ainda podem ser vistos hoje. O Museu de Londres montou um roteiro a pé, de 2,8 quilômetros, para quem quer vê-la. Chamado de London Wall Walk, esse circuito passa por 21 pontos onde o muro pode ser visto.

Para mais detalhes, leia esse post to blog Archaeology Travel.

A City é o centro financeiro histórico da cidade e pode ser explorada à pé (um novo centro financeiro, sobre o qual já falei no post Londres: um dia em Greenwich, Patrimônio Histórico da Humanidade, foi criado em Canary Wharf).

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Durante os dias da semana, a partir das 17h, acontece uma coisa super legal na City. É uma tradição na Inglaterra parar no pub no caminho de casa após o trabalho.

O pessoal entra nos pubs, pega uma cerveja e vai beber na rua. Como a City é cheia de escritórios da área financeira, as calçadas ficam cheias de gente engravatada e de salto alto tomando cerveja. Isso é muito “a cara da City”.

Em uma primeira visita a Londres, as pessoas costumam passar por essa área, pois nela ficam a Saint Paul’s Cathedral e a Torre de Londres. Eu vou te levar pra conhecer dois lugares diferentes: o Leadenhall Market e a galeria de arte Guildhall.

O Leadenhall Market é um dos muitos mercados da cidade. Ele é uma a área comercial desde o século XIV, quando era o principal mercado de carnes de Londres.

O prédio atual, construído em 1881 em estilo vitoriano, é lindo! E, curiosamente, fica entre alguns dos arranha-céus mais modernos da cidade.

 

Depois de explorar a região do mercado, você pode ir até o Guildhall, o único prédio medieval não religioso que sobreviveu ao grande incêndio de 1666 e aos bombardeios da II Guerra Mundial.

Construído em 1440, ele foi por muito tempo a prefeitura de Londres. Hoje o prédio abriga uma galeria de arte. Para conhecer sua parte mais antiga, você pode fazer um tour que acontece uma vez por mês.

Se você quer explorar ainda mais a City, veja aqui várias opções de roteiro a pé pela região.

A gente vai continuar pela Fleet Street, uma das ruas mais antigas de Londres, em direção a Covent Garden.

Westminster: Covent Garden, Soho e Mayfair

Westminster foi uma cidade independente desde sua fundação, no século V, até o século XVI. Foi a partir dessa época que começou a construção de casas na área entre Westminster e a City of London, que resultaria na integração das duas cidades.

Westminster é onde ficam o Parlamento (Palace of Westminster), o relógio Big Ben, o Buckingham Palace, o Hyde Park e o West End (onde ficam muitos dos teatros da cidade). Lugares que a gente costuma conhecer em uma primeira visita à cidade.

Numa segunda passagem por Londres, vale a pena explorar com mais calma a região e conhecer três distritos queridinhos dos moradores da cidade: Covent Garden, Soho e Mayfair.

Em comum eles tem muitos, mas muitos, restaurantes e lojas.

Covent Garden é o primeiro para quem está vindo a pé da City. O coração do distrito é uma praça, a Covent Garden Piazza. Nela ficam  o Mercado de Covent Garden, a Royal Opera House e a Igreja de São Paulo (não confundir com a Saint Paul Cathedral).

Confesso que o mercado de Covent Garden não me conquistou, é muito turístico.

A Royal Opera House, conhecida como Ópera de Londres, é a sede do Balé e da Ópera Real, imperdível para quem gosta desse tipo de espetáculo.

Ao redor da Covent Garden Piazza, todas as ruas são super comerciais. As áreas mais badaladas são Neal’s Yard (um beco com casinhas coloridas), Saint Martin’s Courtyard (um shopping a céu aberto) e Seven Dials (uma rotatória onde 7 ruas se encontram).

Siga caminhando até a Leicester Square. A partir daí, uma praça super movimentada, você já estará entrando no Soho

Pra chegar na área mais legal do Soho você vai cruzar Chinatown, que é pequenininha, três ou quatro quadras apenas.

Um pouquinho adiante fica a praça Soho Square Gardens, uma das áreas residenciais mais cobiçadas de Londres.

Algumas das principais ruas comerciais do bairro são a Berwick e a Carnaby Street. Essa última era considerada a “capital do cool” na década de 1960 e, nas décadas de 1970 e 1980, era frequentada por bandas punk como Sex Pistols

Hoje, ela e as ruas ao seu redor, como Kingly, Marshal e Newburgh Street, ainda são locais onde se encontra roupas diferentes. E há mais de 50 bares, restaurantes e pubs – apenas nessa área!

No Soho ficam também algumas das melhores casas de música ao vivo, clubes e bares LGBT da cidade.

Passando essa área chegamos na Regent Street, uma rua comercial com prédios imponentes, que separa o Soho de Mayfair.

Mayfair é uma das áreas mais caras de Londres e, por isso, acaba ficando de fora do roteiro da maioria dos turistas. Mas, se você gosta de ver vitrines, prédios e praças bonitas, não perca.

Eu andei pela New Bond Street e adorei, prédios elegantes e imponentes. A área que concentra mais restaurantes é a  Berkeley Square. E esse post do blog Alady in London dá dicas de várias praças, bares e lojas pelo distrito.

Andando mais um pouquinho você já está no Hyde Park, um dos maiores parques urbanos do mundo. Ao sul do parque está o próximo bairro do nosso passeio.

Kensington & Chelsea, incluindo Notting Hill

Antes dois bairros independentes, Kensington e Chelsea tornaram-se um bairro só a partir de 1963.

Kensington, que era uma vila ao oeste de Westminster, desenvolveu-se principalmente a partir do século XVIII, quando a família real britânica passou a viver no palácio que ainda existe lá.

Hoje o palácio de Kensington é moradia oficial de vários membros da realeza, incluindo o duque e a duquesa de Cambridge (príncipe Willian e sua esposa Kate). O palácio é também aberto ao público, saiba como visitá-lo aqui.

Já Chelsea teve origem no século XV, quando era uma área onde os nobres e aristocratas tinham suas casas de campo por lá.

Hoje completamente integrados entre eles e com a cidade, Kensington e Chelsea é um bairro classe média-alta e um dos mais seguros de Londres.

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Conhecendo o bairro

Ele é formado por 18 distritos, dos quais os mais populares são  Notting Hill, que ficou famoso no mundo todo graças ao filme estrelado por Julia Roberts e Hugh Grant, South Kensington, famoso por seus museus, e Chelsea, área classe alta da cidade, habitada e frequentada pela aristocracia e por celebridades.

Uma boa maneira de começar a explorar essa área é pegando o metrô até Sloane Square, em Chelsea. Nessa praça fica o Royal Court Theatre, com duas salas de teatro. Ali pertinho fica a Duke of York Square, um shopping ao ar livre. Já a principal rua comercial do bairro é a Kings Road.

As principais atrações do bairro são a Galeria Saatchi, com exposições itinerantes, e o  Chelsea Physic Garden, o segundo jardim mais antigo do Reino Unido.

Esse post do blog The Crazy Tourist dá mais dicas sobre esse distrito.

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Caminhando para o norte você estará entrando em South Kensington, um bairro que atrai turistas em função dos museus.

Lá estão o Museu de História Natural, o Museu de Ciência e o Museu Victoria e Albert. E, também, a casa de espetáculos Royal Albert Hall.

O Royal Albert Hall fica na frente do parque Kensington Gardens, que é, na verdade, continuação do Hyde Park. Se você está planejando conhecer o palácio de Kensington, que mencionei antes, esse é um bom momento. 

Mais adiante do palácio, do outro lado do parque, você estará chegando em Notting Hill.

Além do filme, o bairro é famoso por seu carnaval, que acontece nas ruas do distrito desde 1966 (geralmente em um final de semana do mês de agosto).

Coincidentemente eu conheci o bairro durante o carnaval. Lembra um pouco o carnaval de rua do Brasil, mas é diferente, especialmente na música: trata-se de uma celebração da cultura caribenha.

Tem muitas banquinhas vendendo comida, vários palcos tocando todos os tipos de música e, de tempos em tempos, passa um carro de som.

Algumas pessoas usam fantasias e acontecem alguns desfiles, mas não chega aos pés da qualidade do que a gente vê em qualquer cidade do interior do Brasil, então não espere muito do carnaval de Notting Hill.

Mas vale a pena visitar o distrito em qualquer época do ano. Ele é famoso por seus cafés, livrarias, casinhas coloridas e pelo Mercado da Portobello Road.

Para ver a área das casinhas coloridas que vivem aparecendo no Instagram, caminhe até uma dessas ruas: Portobello Road, Lancaster Road, Clarendon Road ou Westbourne Grove.

A feira de antiguidades da Portobello Road é a maior do mundo, com mais de mil banquinhas.

Já os cafés e livrarias estão por toda a parte! Se você quiser ir até a livraria que inspirou a livraria do filme “Um Lugar Chamado Notting Hill, procure pela Notting Hill Book Store.

E para ir até a porta azul da casa do personagem de Hugh Grant, caminhe até o número 280 da Westbourne Road.

Se você é fã do filme, confira esse post do blog Movie Locations que conta tudo sobre os lugares onde ele foi filmado.

Camden e Camden Town

De Notting Hill a gente vai pra Camden, bairro com uma população de 270 mil habitantes distribuídos por 25 distritos.

Eu fui pra lá de ônibus, que peguei em uma esquina do Hyde Park (Speakers’ Corner).

Depois de passar pelo Museu Sherlock Holmes (que fica no endereço do detetive nos livros, na Baker Street), ele foi costeando o Regent’s Park até o Jardim Zoológico.

Essa área é super bonita.

Bem atrás do zoo fica Primrose Hill, colina de onde se tem uma das mais belas vistas do skyline de Londres, graças ao fato de ela ser parte um dos 8 corredores de vista protegida da cidade (esse artigo da CNN explica o que é isso e fala quais são os outros).

Ao redor da colina fica o distrito de mesmo nome. Lá está a segunda rua mais cara de Londres, a Avenue Road, onde o custo médio de uma casa é 18 milhões de libras.

Nada a ver com o distrito seguinte, meu destino, Camden Town. Ele era o lugar favorito de Amy Winehouse, que viveu lá até sua morte, em 2011. Para os fãs, aqui tem uma lista de locais associados a ela.

Camden Town é um distrito super alternativo, onde você vai ver todo o tipo de gente, cabelos de todas as cores e muita tatuagem.

Ele é famoso por sua cena musical, e, nos seus bares, pubs e casas de espetáculo já se apresentaram Oasis, Coldplay, Franz Ferdinand, Placebo, Radiohead, Smashing Pumpking, Snow Patrol, U2, Prince, Joy Division, The Smiths…

O distrito também destaca-se por sua arte de rua (aqui tem um roteiro a pé).

Apesar de ter se tornado bastante turístico nos últimos anos, o bairro ainda é bastante alternativo. Seu mercado, o Camden Market, é um dos mais populares da cidade.

Ele é, na verdade, um grupo de vários mercados: Camden Lock Village, Camden Lock Market, The Stables Market e Buck Street Village. 

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Confesso que minha experiência no bairro foi meio esquisita. Era sábado de tarde e eu desci do ônibus perto da estação de metrô Camden Town.

A rua da estação vai até o mercado. No trecho que vai até o Regent’s Canal, ela é cheia de lojinhas de bugigangas e tinha muita gente esquisita.

A partir do canal comecei a me sentir mais à vontade. Chegando no mercado é tranquilo.

Se você estiver vindo à pé de Primrose Hill, venha pela beira do canal, esse é um passeio clássico na região.

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Pra ter uma experiência ainda mais interessante no bairro, confira essas dicas do site Visit Britain e do blog Love Camden.

Dicas Práticas

Em Londres, não é possível pagar a passagem de ônibus em dinheiro. Se você tem um cartão de banco contactless, pode pagar com ele. Caso contrário você vai precisar de um ticket (que pode ser comprado em qualquer estação de metrô). Todos os detalhes sobre transporte público podem ser encontrados aqui

Para visitar todos esses lugares que menciono nesse post, sugiro você planejar dois dias. Assim dá tempo de circular pelo Hyde Park, curtir a vista de Primrose Hill e visitar os pubs do Soho numa noite e os de Camden Town na outra.

Se você gosta de teatro e musicais, esse roteiro também é pra você. O distrito West End, que é para Londres o que a Broadway é para Nova Iorque, fica parte em Westmister, parte em Camden.

A maior concentração de casas de espetáculo fica entre as ruas Strand, Oxford, Regent e Kingsway. Comprando ingresso para o espetáculo do dia direto na bilheteria, há boas chances de você conseguir um desconto. Para ter várias opções de espetáculo, você pode tentar comprar também no Box Office da Leicester Square.