Marrakech não é a capital do Marrocos. Mas já foi.
A cidade surgiu no ano 1062, fundada pela dinastia berbere Almoravid.
No auge de seu poder, os Almoravids controlaram, além do Marrocos, a Argélia, a Espanha Muçulmana (hoje Andaluzia) e as ilhas espanholas Ibiza, Maiorca e Menorca.

Marrakech continou sendo a capital do Marrocos até 1269, quando uma nova dinastia governante moveu a sede do reino para a cidade de Fez.
Marrakech voltaria a ser a capital do Marrocos no século XVI e, também, por alguns curtos períodos no séculos seguintes.
A família passou a mover-se regularmente entre Marrakech, Fez e uma nova cidade imperial, Meknes.
Embora não seja a capital política do país atualmente (que é Rabat, desde 1912), Marrakech é considerada a capital turística do Marrocos.
Isso começou no tempo do protetorado francês (1912-1956): ainda na década de 1920, o pintor francês Jacques Majorelle construiu uma mansão na cidade, que, mais tarde, seria adquirida pelo estilista Yves Saint Laurent.
Nos últimos anos, a cidade ficou ainda mais popular, após várias celebridades fazerem aparições por lá.
Entre elas estão Madonna, Meryl Streep, Brad Pitt e Cristiano Ronaldo (que é sócio de um hotel em Marrakech).
Nesse post, eu vou te levar pelas ruas da cidade, te contando como ver um pouquinho disso tudo por lá.
Caso você queira dicas mais práticas, como onde ficar, onde comer e como visitar as atrações turísticas, no final do artigo você vai encontrar link para meus posts favoritos (em português) sobre turismo na cidade.
Pra entender Marrakech
Assim como várias outras cidades do Marrocos, Marrakech tem uma parte antiga (a medina) e uma parte nova, construída pelos franceses (a Ville Nouvelle).
Em Marrakech, a medina representa apenas 12% da área total da cidade, que tem uma população de cerca de 1 milhão de habitantes.
Como turista, nosso interesse principal é a medina e dois bairros da cidade nova grudados nela: Hivernage e Gueliz.
A Medina, parte 1: Praça Jemma el Fal e arredores
O centro da medina é a praça Jemma el Fal, considerada pela UNESCO um “teatro a céu aberto”.

Ela existe desde o surgimento da cidade, há quase mil anos.
O que garantiu que esse espaço fosse preservado à medida que a cidade crescia foi sua função: era ali que se reuniam os mercadores que vinham de outras regiões para vender seus produtos em mercados temporários.
A praça continua sendo um grande mercado até hoje.


O amplo espaço aberto também era usado para os grandes eventos públicos da cidade.
Além disso, é nessa área da medina que se concentram os artistas de rua de Marrakech, de contadores de história a encantadores de serpente.

Reconhecendo o valor cultural da praça e buscando contribuir para sua preservação, a UNESCO incluiu a Jemma el-Fna como parte do conjunto que é considerado Patrimônio Histórico da Humanidade na cidade.
Embora a praça seja uma parada obrigatória em Marrakech (ela é considerada única no mundo), confesso que eu me senti mais confortável olhando a praça de cima.

Há vários cafés com terraço ao seu redor e, com sorte, é possível achar mesa em algum deles.
Eu gostaria de voltar lá depois do pôr-do-sol.
Li que, à noite, a praça se transforma em um enorme restaurante a céu aberto e que o cheiro das especiarias se esparrama pelo ambiente. Fiquei curiosa.
Ao redor da praça há vários souks (mercados), que, na prática, são ruas de comércio cobertas.
Você vai encontrar de tudo: os souks tradicionais, que são áreas especializadas em certo produto, mas, também, lojinhas vendendo o mesmo tipo de produto que você encontraria num camelódramo no Brasil.


Para valer a pena, concentre-se nos 18 souks tradicionais, que são o charme da região.
Existe um souk especializado em tapetes, outro em artigos de couro, outro em babouches (o sapato típico marroquino) e assim por diante.
Aqui você encontra um artigo super detalhado sobre eles (em francês), que eu gostaria muito de ter lido antes de passear (e me perder) por lá.
Ah, e andando pela medina, não perca a oportunidade de tomar um suco de romã espremido na hora. Maravilhoso!

Caso queira fugir um pouco do agito do mercado, caminhe até o Jardim Secreto.
Ele não tem nada de histórico (ficou pronto em 2014), mas é uma área verde tranquila e relaxante para quem está buscando um pouco de sossego na agitada medina de Marrakech.
As construções mais antigas da cidade (séc XI e XII) ficam nessa parte da Medina (a gente vai falar mais sobre elas em seguida).
A medina, parte 2: a antiga fortaleza (kasbah)
Na mesma época em que a cidade surgia ao redor da praça, para protegê-la, foi construída uma fortaleza (kasbah), cerca de 1 quilômetro ao sul.
A fortaleza ainda existe e, com o passar dos séculos, a cidade expandiu-se pra dentro dela.
No século XVI, período em que Marrakech foi capital do país, um palácio real foi construído dentro dos muros da fortaleza.
Nos séculos seguintes, o espaço também foi ocupado por residências e mercados, resultando no surgimento de vários bairros, incluindo um bairro judeu (mellah).
No bairro judeu fica uma praça bem mais bonita que a Jeema el Fal, a Place des Ferblantiers (praça dos funileiros).

Nessa área concentram-se lojas de venda de especiaciarias, e a gente vê “vitrines” lindas, como essas abaixo.


A região também é conhecida pela fabricação de lampiões.
Ville Nouvelle
Na cidade nova, os principais pontos de interesse estão nos bairros L’Hivernage e Gueliz.
O bairro L’Hivernage, pertinho do aeroporto, é considerado a “Beverly Hills” de Marrakech.

Ele é moderno, com avenidas largas e muitos hotéis.
Incluindo um que pertence ao jogador de futebol português Cristiano Ronaldo (Pestana CR7) e outro que pertence ao ator Robert de Niro (Nobu).
Dessa área até o aeroporto principal da cidade (RAK) são apenas uns 10 minutos de carro.
No caminho fica o Jardim Menara, uma das áreas verdes mais agradáveis da cidade.
Ainda em Hivernage ficam o Teatro Real, o Palácio dos Congressos e um cassino.
Eu me hospedei nessa região e achei super conveniente.

Na transição entre os bairros Hivernage e Gueliz fica a estação de trens da cidade, que tem uma fachada linda.

Gueliz é o favorito da classe média marroquina e dos expatriados que vivem por lá. Em geral, não hà muitos turistas nessa áres.
Nesse bairro que você vai encontrar tudo o que encontraria numa capital europeia: bares, restaurantes sofisticados, fast food, lojas de grife, cosméticos das grandes marcas, shopping center.
Mas, ainda, com um gostinho de Marrocos.

É também em Gueliz que fica a propriedade comprada por Yves Saint-Laurent, que é aberta ao público.
Jardim Majorelle
Um dos locais mais visitados de Marrakech não foi criado por berberes nem árabes, mas, sim, por três franceses: o pintor Jacques Majorelle (1886-1962), o estilista Yves Saint-Laurent (1936-2008) e o empresário Pierre Bergé (1930-2017).
Trata-se de um jardim maravilhoso, a cerca de 3km da Praça Jemma el Fal.

Jacques Majorelle
O pintor Jacques Majorelle tinha 31 anos quando foi convidado pelo General-Residente francês, Lyautey, para ir ao Marrocos.
O pintor tinha talento para retratar a vida e os costumes das pessoas comuns e já tinha passado um período de 4 anos fazendo isso no Egito.
Chegando ao Marrocos, ele instalou-se em Marrakech.
Depois, conseguiu uma permissão especial para ir para o interior do país, para visitar e pintar as Montanhas Atlas.
Em 1922 ele faria, em Paris, uma exposição de 97 obras desse período.
O evento foi um sucesso tão grande que ele decidiu fazer uma nova expedição às montanhas, onde pintou mais 50 quadros.
A essas alturas já apaixonado pelo Marrocos, o pintor comprou uma área de 1,6 hectares coberta por álamos, onde construiu uma mansão em estilo mouro, que chamou de Bou Saf Saf.
Seis anos depois ele comprou outros 2 terrenos, ampliando a área para 4 hectares.
Isso possibilitou a criação de um jardim e a construção de uma nova mansão, essa em estilo art-deco cubista.
Jardim e casas seriam aperfeiçoados nas décadas seguintes.
Em 1947, o jardim seria aberto ao público.

Majorelle viveu em Marrakech até 1962, quando voltou para Paris (onde faleceu no mesmo ano).
O legado de Majorelle para o Marrocos durante esses 40 anos foi mais de 1000 quadros retratando o povo e as paisagens do país e uma propriedade deslumbrante, formada por um jardim e duas casas (a mansão moura Bou Saf Saf e a mansão cubista).
Para saber mais sobre a vida e a obra de Jacques Majorelle, leia esse post.
Após sua morte, a propriedade ficou semi-abandonada.
Até que o estilista Yves Saint-Laurent e seu companheiro Pierre Bergé decidiram comprar a propiedade (1980).
Yves Saint-Laurent e Pierre Bergé
Em 1980, o jardim Majorelle estava por ser destruído e substituído por um grande empreendimento imobiliário.
Saint-Laurent e Bergé impediram que isso acontecesse.
Yves Saint-Laurent nasceu no continente africano, mais precisamente na Argélia, que, à época de seu nascimento, era uma colônia francesa.
Após terminar o ensino secundário, ele foi estudar moda em Paris. Lá, com apenas 17 anos, foi contratado para trabalhar como assistente do já então famoso estilista Christian Dior.
Quando Dior faleceu, em 1957, Saint-Laurent ficou à frente da grife por 3 anos.
Em 1962, junto com Pierre Bergé (seu companheiro de toda a vida), Saint-Laurent criou sua própria grife.
A propósito, o romance entre os dois merece um capítulo a parte.
Pierre e Yves conheceram-se em 1958 e foram um casal até 1976. Durante esse tempo – e depois disso -, Pierre foi o empresário que viabilizou o sucesso do artista.
Apesar de separados, eles continuaram sendo amigos, sócios e companheiros até a morte de Yves em 2008.
A primeira visita dos dois à Marrakech foi em 1966.
Logo compraram uma primeira casa na cidade, onde costumavam passar duas semanas (em junho e dezembro) para Yves criar sua próxima coleção de alta-costura.
Um dos lugares que eles frequentavam era o praticamente abandonado Jardim Majorelle.
Ao saber que ele seria comprado e destruído para ser substituído por um empreendimento imobiliário, os dois resolveram comprar o local.
A mansão moura Bou Saf Saf foi restaurada e transformada na casa dos dois.
Ela foi rebatizada como Villa Oasis.
Eles recuperaram e ampliaram o jardim exótico do pintor Majorelle, aumentando o número de espécies de 135 para mais de 300.

Marrakech continou sendo o refúgio de Yves e Pierre pelas décadas seguintes.
Artista bem-sucedido (a grife foi vendida para a Gucci em 1999 por 700 milhões de dólares), Yves Saint-Laurent aposentou-se em 2002.
A partir de então, os dois dedicaram-se à Fundação Pierre Bergé – Yves Saint Laurent, que tem como missão preservar a obra criativa do estilista.
A fundação tem dois museus, um em Paris e outro em Marrakech (pertinho do Jardim Majorelle).

Saint-Laurent faleceu em 2008. Alguns dias antes, ele e Pierre casaram-se por união civil.
Diz esse artigo, que as cinzas de Saint-Laurent foram esparramadas ao redor da casa casa após sua morte.
Pierre continuou frequentando a Villa Oásis até sua própria morte, em 2017. Seu nome foi adicionado ao lado do nome de Yves nesse memomorial:

A mansão continua sendo privada: ela fica separada do resto do jardim por paredes de bambu. Mas, atualmente, há planos de abrí-la parcialmente para visitas.
Já a outra mansão, em estilo art deco, é parte da área aberta ao público.
Ela foi transformada em um Museu Berbere, onde está a coleção de artefatos marroquinos de Yves e Pierre.

O jardim é conseiderado uma obra de arte: há vários livros sobre ele. Veja aqui um exemplo.
Para visitar o jardim e o museu berbere, é importante comprar ticket com antecedência. No local há também uma loja de produtos da grife e uma livraria.

A Cidade Vermelha
Marrakech é conhecida como a cidade vermelha em função da cor dos muros que cercam a medina.
Pesquisando o que dá a eles essa cor, que conhecemos como terracota, descobri que ela vem do tipo de barro utilizado na construção dos muros.

A técnica de construção utilizada, em que barro é compactado formando paredes bastante resistentes, é chamada no Brasil de taipa de pilão.
Há indícios da utilização dessa técnica há mais de dez mil anos.
Na segunda metade do século XX ela foi menos utilizada do que nos séculos anteriores, em função da redução do preço do concreto.
Porém, nos últimos anos, ela vem ressurgindo como uma tendência, por ser uma forma natural e sustentável de construção.
Se você está se perguntado se a técnica é tão boa a ponto dos muros ainda estarem em pé desde que foram construídos, há quase mil anos, sinto decepcioná-lo.
A chuva (quando há) castiga esse tipo de construção. Além disso, Marrakech foi palco de várias guerras e foi destruída várias vezes ao longo dos séculos.
Porém, o traçado e estilo dos muros foi mantido. E esse é um dos critérios que fizeram a UNESCO incluir as muralhas da cidade no grupo de construções considerado Patrimônio da Humanidade.
A boa notícia é que vários dos portões da cidade resistiram e ainda estão em pé.
Esse é o Bab Agnaou, um dos mais bonitos deles.

Entrando por ele, a gente já está dentro do antigo Kasbah (fortaleza).
E, daí pra frente, há dezenas de prédios em vários tons de cor terracota:






Tendo sorte você ainda vai encontrar artistas de rua pelo caminho, tocando instrumentos típicos da região.

Os palácios, cúpulas e minaretes da medina de Marrakech
Caminhando pela medina, a gente vê prédios de muitos períodos diferentes dos últimos mil anos.
Os prédios mais representativos são parte do conjunto considerado pela UNESCO como Patrimônio Histórico da Humanidade.
É deles que vamos falar agora, seguindo a ordem na qual eles foram construídos.
Durante a Dinastia Almoravid (1062 – 1147)
Depois dos muros e portões, a construção mais antiga da cidade é a Cúpula Almoravid, descoberta pelos franceses abaixo de alguns metros de terra em 1947.

Foto: Martin Furtschegger, CC BY 3.0, Link
Ela foi construída no ano 1107 e é a única obra arquitetônica desse período que ainda está em pé na cidade.
Dinastia Almohad (1147 – 1248)
O próximo elemento arquitetônico importante da cidade é a mesquita Koutoubia.

Seu minarete continua lá e pode ser observado de praticamente toda a cidade.

Ele é o mais antigo dos três minaretes Almohads (os outros ficam em Rabat e Sevilha).
Da mesquita original restam apenas ruínas.
Mas um novo templo foi construído ao lado.

Dinastias Merenid e Wattasid (1248 – 1521)
Com a mudança da capital do Marrocos para Fez, Marrakech foi perdendo importância e, por alguns séculos, nenhum prédio relevante foi construído na cidade.
Dinastia Saadi (1521 – 1603)
Isso mudaria no século XVI, quando uma nova dinastia governante, a Saadi, escolheu Marrakech como sua capital.
É dessa época a construção do maior palácio da cidade, o Badiâ Palace (hoje em ruínas).
Ele foi construído com dinheiro português: o rei de Portugal, Dom Sebastião, envolveu-se numa disputa pelo trono marroquino entre dois membros da dinastia Saadi.
Isso teve consequências graves para Portugal: seu rei desapareceu na guerra no Marrocos, no episódio conhecido como “a batalha dos três reis“; e grande parte da nobreza portuguesa ficou retida no país até um resgate enorme ser pago.
O palácio Badiâ foi construído com parte desse dinheiro.
Infelizmente, quando uma nova dinastia assumiu o poder o palácio foi saqueado e praticamente destruído.

Foto de Charlie Gallant em Unsplash
Isso não tira o brilho do local, que foi palco de um grandiosos desfile da Dior em 2020, com direito à performance da cantora Diana Ross.
Para nossa sorte, o outro grande complexo arquitetônico do mesmo período, as tumbas Saadi, foi quase que totalmente preservado.
Provavelmente para evitar castigo divino, ao invés de destruir o complexo, a dinastia governante seguinte simplesmente escondeu a estrutura, bloqueando sua entrada.
Graças a isso, a arquitetura deslumbrante do local ficou preservada, como você pode ver nessas fotos do guia Lonely Planet.
Também resistiu ao tempo a Madrasa Ben Youssef, centro de estudos do alcorão, que, embora seja anterior à dinastia Saadi, foi reconstruída e redecorada por eles.
Ela é considerada quase tão bonita quanto às tumbas Saadi e também é parte do conjunto arquitetônico declarado patrimônio da humanidade pela UNESCO.

Photo by Milad Alizadeh em Unsplash
Dinastia Alaouite (1669 – atual)
Mesmo não voltando a ser capital do Marrocos desde então, Marrakech continuou sendo considerada uma cidade imperial (o país tem 4, as outras são Fez, Meknes e Rabat).
E, durante o século XIX, um novo prédio que merece destaque foi construído: o palácio Bahia.

Esse prédio foi incialmente construído por Si Moussa, um escravo que se tornou camareiro do rei e, mais adiante, seu conselheiro.
Mas a expansão e embelezamento do palácio são obra de seu filho, Bou Ahmed, que acabou tornando-se regente do país entre 1894 e 1900.
Eu fiz uma visita guiada e recomendo muito, pois o palácio é um labirinto enorme.
A área residencial foi construída para abrigar as várias esposas e concubinas de Bou Ahmed em áreas privadas.
E a área pública servia como escritório e tinha todas as câmaras e ante-câmaras necessárias para que Bou Ahmed pudesse receber os políticos e comerciantes de sua época.
Entender essa dinâmica toda sem a ajuda de um guia é praticamente impossível.



O guia também vai explicar os detalhes sobre a decoração do prédio, obra de centenas de artesãos da região.
Repara nos detalhes das portas, janelas e paredes:




Esse palácio foi usado no período colonial como residência do representante francês no país (o chamado General-Residente).
Após a independência do Marrocos (1956), o prédio tornou-se residência real e, mais tarde, foi aberto ao público para visitas.
Vale muito a pena, é lindo!
Marrakech, a queridinha das celebridades
Yves Saint Laurent não foi a única celebridade ocidental a se apaixonar por Marrakech.
A cidade teve um boom a partir de 2018, quando Madonna decidiu comemorar seu aniversário de 60 anos na cidade.
Ela passou 5 dias por lá, hospedada no Riad El Fenn, dentro da medina.
E, conforme conta esse artigo, pôde caminhar tranquilamente pelas ruas da cidade antiga.
Já pensou, estar caminhando por lá e dar de cara com Madonna?

A festa de 60 anos foi no luxuoso resort Tamadot, a 50 minutos da cidade. Ele pertence ao magnata britânico Richard Bronson (fundador do Virgin Group).
Já o Riad El Fenn pertence à sua irmã, Vanessa, uma apaixonada por Marrakech. Em 2004, ela fundou a Marrakech Biennale, um evento dedicado à arte, literatura e cinema.
Mais e mais, Marrakech torna-se reconhecida mundialmente como um centro de criatividade, onde o tradicional se renova, como conta esse longo artigo da revista Condé Nast.
Outro evento cultural importante da cidade é o Festival Internacional de Cinema de Marrakech, que acontece desde 2001.
No site do IMDB você encontra a lista de filmes premiados na edição de 2022.
Depois da visita de Madonna em 2018, várias celebridades resolveram passar o natal de 2019 por lá.
Esse artigo diz que mais de 200 jatos privados aterrisaram no aeroporto de Marrakech na segunda quinzena de dezembro.
No ano seguinte, além das celebridades que estiveram na cidade para prestigiar o desfile da Dior, do qual falei acima, Jessica Alba também esteve por lá e compartilhou fotos na cidade com seus 17 milhões de seguidores no Instagram.
Também em 2020, o jogador de futebol Cristiano Ronaldo inaugurou seu hotel na cidade.
Os hotéis onde ficam as celebridades
Já que Marrakech virou sinônimo de luxo, vamos falar dos hoteis mais desejados da cidade.
O mais clássico é o La Mamounia.
Entre os famosos que já se hospedaram lá estão, além de Yves Saint-Laurent e Pierre Bergé, o primeiro ministro britânico Winston Churchill e o ator Charles Chaplin.
Também foi lá que Hitchcock filmou “O Homem que Sabia Demais“.
E, se você assistiu a série do Netflix “Inventando Anna”, foi no La Mamounia que a personagem principal se hospedou também – tanto na ficção quanto na realidade.
Para circular pelo hotel sem ter que pagar a diária (que começa já acima de 600 euros), você pode ir tomar café da manhã ou fazer um brunch.
O SPA também é acessível para quem não está hospedado. Confira essas e outras opções aqui.
Mas o hotel mais luxuoso, dizem, é o Royal Mansour Riad.

Aberto em 2010, ele pertence ao rei do Marrocos, que empregou 1200 artesãos na construção e decoração dos 57 Riads (casas com jardim!) que existem no hotel.
Também é possível conhecer partes do hotel sem estar hospedado lá, reservando espaço em um dos programas gastronômicos disponíveis. Confira um exemplo aqui.
Para uma lista mais completa de hotéis onde você provavelmente vai esbarrar com alguém famoso, confira esse artigo da revista Condé Nast.
A lista inclui o Le Fenn, onde a Madonna ficou em 2018.
Arredores de Marrakech
Não posso concluir um post sobre Marrakech sem citar duas áreas verdes que completam o conjunto considerado Patrimônio da Humanidade.
O primeiro é o Palmeiral de Marrakech (Palmeraie). Trata-se de um óasis, onde palmeiras foram plantadas no século XII.
Se você não tem tempo para ir muito longe da cidade, essa é a melhor opção para você ver um oásis ao vivo e, se quiser, dar uma volta de camelo.
Há várias agências de turismo organizando atividades por lá, já que o acesso é super fácil (o palmeiral está a apenas 10 minutos de carro do centro).
Já os Jardins de Agdal, que também são do século XII, ficaram bastante abandonados ao longo do tempo.
Então, embora apareçam em alguns guias e blogs de viagem, na prática não há muito para ver ou fazer por lá.
Bônus: os passeios que não estavam no roteiro, mas que valeram a pena
Como fiz o passeio em Marrakech em excursão, fui levada a dois lugares onde provavelmente eu não teria ido se estivesse sozinha.
Como foram boas experiências, acho que vale a pena mencionar aqui.
A primeira foi uma visita a Herbosterie Bab Agnaou, uma loja fitoterápica.

Ela vende produtos feitos de plantas medicinais locais, com destaque para o óleo de argan, famoso na indústria de cosméticos.
É uma atração turística: logo que a gente chega, é convidado a entrar numa sala cheia de vidros de ervas diferentes. E um funcionário da loja nos dá uma aula sobre as plantas e seus vários usos.
O objetivo é vender: eu, que não costumo comprar produtos fitoterápicos ou cosméticos em geral, saí de lá com uma cesta de produtos naturais marroquinos.
O motivo pelo qual eu gostei da visita – apesar do consumo por impulso – é que, estando no Marrocos, a gente realmente tem vontade de comprar esse tipo de produto.
Mas é bem difícil saber o que é confiável ou não.
Comprar nessa loja, que foi indicação de guias experientes, me deu a sensação de estar comprando produtos de qualidade.
A segunda foi um jantar no Chez Ali, basicamente uma enorme casa de espetáculos.

A gente é recepcionado por grupos de música e dança típica.
Depois, janta comida marroquina em uma tenda.

E, para finalizar, assiste a um show de berberes mostrando suas habilidade montando cavalos.

Para quem vai ficar apenas por Marrakech, acho que vale bastante a pena, pois é uma maneira fácil de ter contato com a cultura do interior do país.
A única ressalva é que o Chez Ali fica longe do centro e você provavelmente terá que pegar um táxi.
Planejando uma viagem a Marrakech?
Os meus dois post favoritos em português sobre o que fazer e onde ficar na cidade são os do blog Vagamundos e do blog 360 Meridianos.
Em ambos você vai encontrar sugestões de roteiro, informações sobre hotéis, restaurantes e transporte na cidade.
Se você tiver interesse em conhecer mais nessa região, nesse post do blog Along Dusty Roads você vai encontrar uma lista de possíveis passeios de um dia a partir de Marrakech.
O que esse post tem de mais legal são as vantagens e desvantagens de ir por conta própria ou com um grupo organizado a cada um dos lugares citados.
E, se você ainda não sabe exatamente o que gostaria de fazer no Marrocos, também pode continuar explorando sua história, arquitetura e cultura nos outros posts que já escrevi sobre o país.
Aprecie a viagem!!