A maior ilha dos Açores oferece várias opções para quem está em busca de banhos termais. As águas aquecidas pela atividade dos vulcões são ricas em minerais e tem efeitos terapêuticos. Nesse post eu vou te contar onde encontrar essas águas que curam.

Tem três tipos de banho. O primeiro é nas águas ferrosas, que ficam com cor amarela. Ele está disponível em alguns parques, principalmente na região de Furnas. Como a água é sempre quente, são o programa ideal para dias frios, nublados ou chuvosos.

O segundo é no mar.  Em alguns lugares da ilha, as nascentes de águas termais aquecidas pela atividade dos vulcões se encontram com as águas do oceano. O resultado é um banho de mar diferente, com uma combinação de água doce e salgada e temperatura variando bastante, dependendo do lugar e horário do banho.

O terceiro é nos SPAs, que canalizam a água aquecida pelas rochas. Eles oferecem tratamentos especiais para combate a doenças como reumatismo e stress. Eu encontrei dois desse tipo nessa ilha.

Pra ajudar na localização, esse mapa mostra onde encontrar esses banhos em São Miguel.

Banho nas águas amarelas: Terra Nostra, Dona Beija e Caldeira Velha

A cor amarela da água é uma característica dos banhos termais na região de Furnas. Parece água barrenta, mas não é. A cor é característica do ferro, presente nas nascentes dessa região.

A água é relaxante em função da presença desse e de outros minerais, como cálcio e magnésio, e por ser quente. Ela é aquecida pelos vulcões e sai da terra com temperaturas variadas.

As piscinas do Parque Terra Nostra ficam entre 36 e 39 graus e as da Poça da Dona Beija, entre 25 e 39 graus.

Esses dois lugares ficam bem perto um do outro, cerca de dez minutos caminhando. Eu gostei mais do Parque Terra Nostra, mas várias pessoas, inclusive residentes da ilha, me disseram que preferem a Poça da Dona Beija.

Parque Terra Nostra

O Parque Terra Nostra tem um tanque termal gigante e duas piscinas menores, que eles chamam de jacuzzi.

Isso fica no meio de um parque bicentenário lindo, com plantas nativas dos Açores, e, também, do resto do mundo. Ele foi criado em 1775, por Thomas Hicking, cônsul honorário dos Estados Unidos nos Açores.

Os proprietários seguintes, com a ajuda de jardineiros britânicos, escoceses e portugueses, foram ampliando o tamanho do parque e o número de espécies.

Hoje, além de muitas árvores de vários tipos, o parque também tem importantes coleções de camélias e samambaias, entre outras.

Tem duas maneiras de visitá-lo: comprar o ingresso que vale por um dia e custa 8 euros por pessoa; ou hospedar-se no Hotel Terra Nostra, que oferece acesso livre ao parque a seus hóspedes.

Eu experimentei as duas e confesso que achei a primeira um pouco desconfortável. O parque tem banheiros públicos e cabines para troca de roupas, mas não tem armário onde a gente possa largar as coisas com tranquilidade.

Existem chuveiros disponíveis, mas apenas com água fria. Vai ver que é por esses dois motivos que a maioria das pessoas prefere a Poça da Dona Beija, ela é melhor nesse aspecto.

Já ficar no hotel foi um espetáculo! Os hóspedes tem acesso direto ao parque e podem ficar lá até a hora que quiserem.

A comodidade de poder ir de roupão do quarto para a piscina vale muito a pena. Nas noites que ficamos lá, a rotina passou a ser passear pela ilha o dia inteiro e relaxar no tanque termal à noite. Bom demais.

Foi só depois que voltamos que descobri que esse hotel foi premiado pela Condé Nast como um dos melhores hotéis de campo da Europa.

Pelo preço, eu nunca iria imaginar: a diária para um casal saiu por 130 euros, bem menos do que pagamos por um hotel “baratinho” em Amsterdam. Excelente custo x benefício, recomendo muito.

Poça da Dona Beija

Já a Poça da Dona Beija é um espaço menor, mas mais estruturado para o turismo.

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Os banheiros tem armários com chave, existem chuveiros com água quente, tem até uma lojinha de conveniência, onde dá para comprar de toalhas a souvenirs.

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O ingresso também é mais barato, custa apenas 4 euros por pessoa. Ele dá acesso a cinco pequenas piscinas naturais, das 7 da manhã às 11 da noite.

O motivo de eu não ter gostado tanto é que as piscinas são pequenas, assim como a área de circulação entre elas. Me senti mais à vontade no parque Terra Nostra, que é mais amplo.

Caldeira Velha

A terceira e última opção para banhos nas águas ferrosas em parques é a Caldeira Velha. São duas piscinas naturais em meio a um parque com várias trilhas para pedestres.

Tem uma piscina com cascata, onde a temperatura fica em torno de 25 graus, e uma lagoa aquecida por uma fumarola do vulcão, com temperatura da água variando de 35 e 38 graus.

Eu dei azar e cheguei lá bem quando o parque estava fechado para obras de melhoria. Algumas das mudanças após a obra são o acesso gratuito para os moradores do arquipélago e o limite às visitas: o tempo máximo de permanência agora é duas horas e o número máximo de pessoas dentro do parque ao mesmo tempo foi limitado a 250.

Uma dica em relação a esses três lugares: como o ferro mancha, use roupas de banho escuras e, de preferência, velhas. O mesmo vale para as toalhas.

Água termal misturada com água do mar: Ribeira Quente e Ferraria

Os dois lugares da ilha de São Miguel em que as águas aquecidas por vulcões encontram-se com as águas do mar são a Ribeira Quente, pertinho de Furnas, e a Ponta da Ferraria, no extremo oeste da ilha, a 80 km de Furnas.

Ribeira Quente

Nessa freguesia fica a Praia do Fogo, onde existem nascentes hidrotermais submarinas. Por isso, a temperatura da água do mar fica sempre em torno de 25 graus.

Quem vai até lá, também pode ver a Cascata da Ribeira Quente e fazer a Trilha do Agrião, com extensão de 7,6 quilômetros.

A trilha vai da freguesia da Ribeira Quente até a freguesia da Povoação. Uma das versões sobre o descobrimento dos Açores diz que foi em Povoação que desembarcaram os descobridores portugueses, em 1432.

Para quem gosta de cascatas, esse post do blog Share Azores indica várias, espalhadas por toda a ilha.

Piscina Natural da Ferraria

No extremo oeste da ilha de São Miguel fica o Pico das Camarinhas, de onde eu tirei essa foto, e uma fajã (planície) vulcânica, formada a partir de suas lavas, que a gente vê lá embaixo.

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Dá pra descer até a planície lávica de carro, por uma estrada bem íngreme e cheia de curvas.

Lá embaixo tem uma piscina natural de água termal, que se liga ao mar.

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O acesso a essa piscina é grátis. Mas para poder aproveitá-la é preciso ficar atento ao horário das marés.

Durante a maré baixa, como entra pouca água do mar na piscina de água termal, ela fica muito quente. Já li que fica em torno de 62 graus centígrados. Com a maré alta, o excesso de água do mar deixa a piscina termal fria.

Como a temperatura mais agradável é em torno de 38 graus, o melhor é entrar na piscina entre as marés alta e baixa.

Para “regular” a temperatura melhor ainda, é só parar no lugar certo: quanto mais perto do mar, mais fria a água.

SPAs

Não dá para falar de banhos termais na ilha de São Miguel sem citar seus dois SPAs, o Termas da Ferraria e o Furnas Boutique Hotel.

A ilha de São Miguel tem tradição no uso das águas termais para fins terapêuticos e a primeira casa desse tipo foi fundada em 1615. Eu encontrei duas opções disponíveis na ilha atualmente.

SPA Termas da Ferraria, que fica a 500 metros da piscina natural de que eu falei antes, usa a água termal salgada com elevado teor de enxofre para combater doenças como o reumatismo e neurite.

Ele oferece tratamentos individualizados, como o “envolvimento com algas marinhas/argila + massagem de relaxamento”, a partir de 50 euros.

Ou tratamentos em grupo, como “um dia de bem estar Ferraria”, que inclui jacuzzi, sauna e banho turco e custa 35 euros por pessoa (preços março de 2018).

Já o Furnas Boutique Hotel , inaugurado em 2015 no mesmo lugar onde ficava o tradicionalíssimo Termas das Furnas, tem uma proposta moderna, e apresenta-se como um lugar para “esquecer o stress”.

As massagens e tratamentos são bem caros, mas eles também oferecem um programa chamado “circuito termal quente das quenturas” que sai mais em conta. Por 30 euros por pessoa (preço março 2018), o programa de duas horas e meia inclui sauna, banho turco e acesso às piscinas termais.

Quer saber mais?

Adorei o arquipélago! Esses são os outros posts que já escrevi sobre ele: