Está indo pra Paris e quer sabe como se localizar por lá? Esse post explica como a cidade está organizada e dá uma visão geral sobre os principais pontos turísticos, onde ficar e como circular pela cidade.
Bairros de Paris
Paris é um círculo, cortado por um rio (o Sena). A cidade se esparrama pelas duas margens, a direita (Rive Droit), que fica “acima” do rio; e a esquerda (Rive Gauche), que fica “abaixo” do rio.
No meio tem duas ilhas, a Ile de la Cité e a Ile Saint Louis. Na Ile de la Cité fica a igreja de Notre-Dame.
A cidade é dividida em 20 arrondissements. Eles são mais do que bairros, são praticamente mini-cidades, cada um com sua própria prefeitura (Mairie).
Rive Gauche
Na margem esquerda do Sena, ou o lado “abaixo” do rio, fica o meu arrondissement preferido, o 6éme, onde fica o bairro de Saint Germain.
É um bairro elegante, com cafés como o Cafe Des Flores e o Le Deux Magots, onde intelectuais se encontravam na década de 1920 e políticos se encontram até hoje.
Lá também fica o Jardim de Luxemburgo e minha igreja preferida, a de Saint Sulpice, que além de ter torres diferentes, foi cenário do livro e do filme O Código da Vinci.
Para completar a perfeição, o bairro é super central: 15 minutos à pé para um lado está a igreja Notre-Dame, 5 minutos para o outro o Quartier Latin, 10 minutos atravessando o rio está o Louvre, mais uma esticadinha e já estamos na Torre Eiffel.
De um lado de Saint Germain está o Quartier Latin, que vale um dia de passeio. Aqui tem uma sugestão de roteiro pela região, incluindo a Rue Mouffetard, uma ladeira cheia de cafés e restaurantes e com uma feirinha no final.
Outro bom passeio é andar pelo Boulevard Saint Michel, entrar no Boulevard Saint Germain em direção ao Sena e ir até a Torre Eiffel, passando pelo Quai D’Orsay e pelo Quai Branly.
Acho a Torre Eiffel mais bonita à noite. No verão suas luzes piscam de hora em hora. É seguro, então dá pra fazer piquenique e ficar lá, apreciando as luzes e a noite.
Do outro lado do Campo de Marte, que é o jardim na frente da Torre, fica o Hôtel des Invalides. Lá estão um museu maravilhoso sobre a história da França e o túmulo de Napoleão (quem quiser saber mais sobre ele pode visitar o Castelo de Fontainebleu).
Quando estive lá, por acaso, estava acontecendo um enterro militar, com toda pompa: hino, bandeira, banda. Cerca de 100 militares reformados ou inválidos ainda vivem lá.
Uma última curiosidade: na região central de Paris tem um prédio moderno e mais alto do que os outros, um só, a Torre de Montparnasse. Ele é odiado pela maioria dos franceses, que dizem que ele estragou o padrão de arquitetura da cidade.
Não é um ponto turístico importante. Mas eu fui lá, subi no andar que tem vista panorâmica e valeu muito a pena. A Torre Eiffel fica praticamente na frente, e a vista dela que se tem da Torre Montparnasse é linda.
Rive Droit
Na margem direita do Sena, ou no lado “acima” do rio, fica a maioria dos clássicos de Paris: o Louvre, a Champs d’Elysees, o Arco do Triunfo, a Ópera Garnier (também conhecida como a ópera de Paris, apesar de não ser a única), o Moulin Rouge, a igreja Sacre Coeur.
E também as áreas recentemente gentrificadas, como o Marais e as redondezas do Canal de Saint Martin.
O Louvre é um prédio lindo, que comecou a ser construído no ano 1190 (vídeo em francês).
Na frente dele fica um parque, o Jardim das Tulherias, seguido pela Avenida Champs d’Elysees e do Arco do Triunfo.
Para quem gosta de moda e grifes de luxo, a Avenue de Montaigne fica nas proximidades.
Para o outro lado da Champs d’Elysees fica a Rue Saint-Honoré, outra rua de compras, e, seguindo por ela, chega-se na Madeleine, a igreja que homenageia Maria Madalena, outra das minhas preferidas em Paris.
Foto: Caroline Godoy
Seguindo pelo Boulevard des Capucines, chega-se à Ópera Garnier (a de “O Fantasma da Ópera“).
Eu fiz e super recomendo a visita guiada, porque o teatro é muito mais do que um prédio – ele é parte da história de Paris. E na visita guiada a gente aprende mais sobre ela.
Saindo do teatro, fica fácil visitar as Galerias Lafayette, uma loja de departamento enorme, que fica num prédio lindo e tem um terraço com uma vista bonita para os telhados de Paris.
A casa de espetáculos Moulin Rouge fica no bairro de Montmartre, que não é muito longe dali. É meio decepcionante passar na frente do prédio, porque ele é pequeno e deslocado entre os outros da rua.
Mas há toda uma mágica ao redor, incluindo os filmes, de 1952 e de 2001, e, por causa disso, ainda tenho muita vontade de assistir a um show de cancan lá.
Nesse mesmo bairro fica a lindíssima igreja Sacré-Coeur (em tradução literal, Coração Sagrado). No final da tarde, as escadarias ficam cheias de gente esperando o pôr do sol.
FreeImages.com / Christian Bauer
Essa região é turísitica do primeiro caricaturista até a última camiseta. Então é bom ter cuidado com furtos e pequenos golpes.
Voltando para perto do rio, ainda na Rive Droit fica o bairro Marais. Para mim, o mais charmoso lá é a Place des Voges: em 1615, a festa de casamento de Luis XIII com Ana da Áustria aconteceu ali.
Num dos prédios ao redor da praça morou o escritor Victor Hugo. Hoje a casa dele é um museu. Não longe dali fica a Rue de Rosiers, centro do bairro judeu. É um bairro antigo, com ruas estreitas e muitos cafés e restaurantes. É uma região boa para se perder por algumas horas.
Tendo tempo, vale dar uma esticada até o Canal de Saint Martin, a área nova de gentrificação da cidade, que fica perto da Place de La Bastille e da Place de la Republique.
A avenida ao longo do canal agora tem várias lojas e restaurantes. E perto dali, na Rue de Marseille, ficam as lojas cool e de ponta de estoque de marcas francesas conhecidas, como Maje, Les Petites e Claudie Pierlot.
A outra ópera importante de Paris é a Ópera Bastille. Perto dela, os arcos de um antigo viaduto foram fechados e se transformaram em lojas.
A parte de cima virou um longo jardim suspenso, chamado de Coulée Verte ou Promenade Plantée. Com 4,5 km, virou pista de caminhadas e corridas.
Continuando da Bastille em direção ao Sena, tem uma outra área agradável para caminhadas, um parque às margens da Bacia do Arsenal (Bassin de L’Arsenal).
Museus
Além do Louvre, considero três outros museus imperdíveis:
1) Meu preferido, D’Orsay: tem o melhor da arte no século XIX. É impressionante andar num corredor com Cezanne de um lado, Renoir do outro, Van Gogh numa sala, Toulouse-Lautrec na outra, Monet um pouquinho mais na frente… E o prédio. E as esculturas de Carpeaux. Na minha opinião, é imperdível.
2) L’Orangerie, quase na frente do D’Orsay: Lá estão As Ninféias, obra deslumbrante de Monet. E esse Modigliani lindo!
3) Museu Rodin: é uma casa com um jardim enorme, com esculturas por toda a parte. Perfeito para ir num dia de sol. De tudo o que vi, o que mais gostei foi A Porta do Inferno, porque ela contém a maioria das esculturas do artista, que, mais tarde, ganharam vida própria: As Sombras, A Meditação, O Pensador… Amei e queria muito ter comprado uma minituara, mas os preços começam em 200 euros.
Sobre o Louvre
Além do meu tour pela arte ocidental, que detalho em outro post, me encantei com a obra Portrait en Pied de La Marquise de Pompadour, tanto pela técnica e pelo efeito que ela produz, quanto pela história da mulher – ela era amiga de Voltaire, Russeau e Diderot, a elite intelectual da França no século XVIII.
E com Rembrandt, que usa o chiaroscuro, criado por Caravagio, para representar a tristeza. Em especial na obra Filósofo Meditando, de 1632.
E com o conjunto de 24 quadros que Rubens pintou para retratar os principais momentos dos Medicis, misturando fantasia e mitologia. Foi um encomenda de Maria de Médicis, que queria colocá-los no Castelo de Luxemburgo.
Rubens, assim como Caravaggio, é considerado um dos maiores pintores do século XVII. Sua grande marca foi a utilização da cor azul na mistura de cores utilizadas para pintar os tons de pele.
Também gosto muito de Portrait présumé de Gabrielle d’Estrées et de sa sœur la duchesse de Villars – discute-se até hoje se trata-se de uma obra erótica ou de uma indicação de que Gabrielle, uma das mais famosas amantes do rei Henrique IV, estaria grávida.
Onde ficar
Há muitas opções de hotéis e apartamentos em Paris. Difícil é escolher a combinação perfeita entre localização, preço e qualidade.
Paris é uma cidade cara, então minha referência para preço beeem bom nessa cidade é em torno de 120 euros a diária para um casal.
Fiz dois testes diferentes: qualidade garantida (Ibis) numa região menos nobre (Bastille); e qualidade duvidosa (hotelzinho que não lembro o nome e não era grande coisa) numa região ótima (Quartier Latin). Eu prefiro uma boa localização, então esse último me agradou mais.
Sobre aluguel de apartamento, recomendo olhar o site do Paris Attitude. Já usei, outras pessoas que conheco também já usaram, e sempre funcionou super bem.
Transporte Urbano
Para quem vai ficar algumas semanas, vale a pena comprar um cartão de metrô mensal Navigo. Ônibus também funciona super bem. E algumas linhas de ônibus de Paris são quase um roteiro turístico. Esse link tem várias dicas.
Outra opção é bicicleta, mas eu acho meio complicado pedalar pelas ruas de Paris. Para quem quiser arriscar, o Velib é o serviço de bicicletas da cidade.
Nem pense em alugar carro em Paris – o trânsito é chato e encará-lo é desnecessário; além disso, estacionar é impossível.
Mas, para viajar nas redondezas, vale muito. Em 2 ou 3 dias dá para escolher entre visitar Normandia e Mont Saint Michel (uma abadia medieval fantástica), a região de Champagne (fala por si só!) ou o a região do Loire (um castelo ao lado do outro).
Aeroportos
Chegando na cidade por qualquer um dos dois aeroportos (Orly e Charles de Gaulle), é possível chegar à cidade usando o transporte público.
Chegar por Charles de Gaulle é mais fácil, é só pegar o trem RER B do aeroporto até alguma das estações no centro da cidade.
Chegando por Orly é um pouco mais trabalhoso, pois não tem estação de RER lá. É preciso pegar um shuttle do aeroporto até o trem. As duas opções são:
- pegar o shuttle Orly Val até a estação Antony (RER B)
- pegar o shuttle Paris par le Train até a estação Pont de Rugis (RER C)
O táxi de Orly até a cidade custa em torno de 40 euros; e de Charles de Gaulle, 60.
Para voltar da cidade para o aeroporto, se a escolha for táxi, reserve com antecedência. É quase impossível achar um táxi no ponto e, quando eles estão lá, eles decidem se querem te levar ou não e no meio dessa confusão toda é fácil fácil perder o avião.
O Conexão Paris dá mais detalhes.