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Copenhagen é destino certo para quem quer conhecer a Dinamarca, a Escandinávia ou os Países Bálticos.
A Dinamarca é um pequeno país de 5 milhões de habitantes que fica entre a Alemanha, a Suécia e a Noruega. Sua capital, Copenhagen, existe há mais de mil anos.
É que ela fica no caminho mais curto entre o Oceano Atlântico e o Mar Báltico, estratégico para quem quer comercializar com os países do interior europeu, incluindo Rússia e Polônia.
Essa localização fez com que, há cerca de mil anos, já existisse naquela região um porto de mercadores. E é exatamente esse o significado do nome da cidade.
Com o passar do tempo, Copenhagen cresceu, tornou-se capital da Dinamarca (séc. XV) e, atualmente, é uma das cidades mais dinâmicas da Escandinávia.
Os destaques turísticos da cidade são o Porto Novo, esse das casinhas coloridas, o Tivoli, que é um dos parques de diversão mais antigos do mundo, e a estátua da Pequena Sereia, personagem do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen.
E Copenhagen é também um ponto super estratégico para começar uma viagem pelos países que cercam o mar Báltico.
A Suécia, por exemplo, está a apenas 40 minutos de trem. Eu falei sobre como movimentar-se na região no post O Mar Báltico e os 9 países que lhe cercam
Nesse aqui, a gente vai fazer um passeio por Copenhagen, capital da Dinamarca.
Kastellet: uma das mais bem preservadas fortificações militares do norte europeu
Entre os séculos XIII e XV, um tempo em que o comércio da Europa era praticamente controlado pela Liga Hanseática (associação de comerciantes alemães), o mar Báltico tinha um papel comercial importante.
Era necessário chegar até ele para comprar commodities como madeira da Suécia e grãos da Rússia e vender os produtos manufaturados dos países do sul da Europa.
O caminho mais curto entre o Báltico e o Oceano Atlântico é pelo estreito de Oresund, onde fica Copenhagen.
Como toda cidade medieval que se preze, Copenhagen também cresceu dentro de muros. Os de Copenhagen sobreviveram até meados do século XIX.
Hoje, a maneira mais fácil de conhecer essa história é visitiando a citadela construída pelo rei Cristian IV no século XVII, mais conhecida como Kastellet.
O complexo, além de dois museus e vários prédios que ainda hoje tem uso militar, inclui um parque, muito visitado pelos dinamarqueses em dias de sol.
Turistas também circulam por lá, especialmente porque o Kastellet fica pertinho da estátua da Pequena Sereia, uma das atrações turísticas mais visitadas da cidade.
A Pequena Sereia e o mais famoso escritor dinamarquês: Hans Christian Andersen
A estátua da Pequena Sereia (Den lille Havfrue), provavelmente a mais fotografada da Dinamarca, foi esculpida há cem anos atrás, por encomenda do filho do dono da cervejaria dinamarquesa Carlsberg.
Ele estava encantado com uma peça de balé inspirada no conto de fadas e pediu para o escultor Edvard Eriksen fazer a estátua usando a bailarina principal, Ellen Price, como modelo.
O rosto é dela; mas a bailarina recusou-se a posar nua e, por isso, o corpo foi moldado à semelhança de Eline Eriksen, esposa do escultor.
Hoje a estátua é um dos símbolos da capital dinamarquesa.
Mas Hans Cristian Andersen não é apenas o criador do conto da Pequena Sereia.
Entre suas estórias mais famosas estão clássicos da literatura infantil, como O Patinho Feio, A Roupa Nova do Rei e The Snow Queen (na qual foi baseado o filme da Disney Frozen).
Quem tem interesse em saber mais sobre o escritor, pode visitar um museu dedicado a ele – e perfeito para quem viaja com crianças.
Clássicos da Escandinávia: arquitetura e canais
A estátua da Pequena Sereia fica na entrada de um dos principais canais da cidade.
A menos de 2 quilômetros dali fica a imagem mais conhecida da capital dinamarquesa: as casinhas coloridas do Porto Novo (Nyhavn).
Hans Cristian Andersen morou ali, em 3 casas diferentes, por mais de 20 anos.
Hoje a área é um agradável centro de bares, onde turistas e moradores se misturam para aproveitar o sol.
Nyhavn é também um dos principais pontos de partida dos passeios de barco pelos canais da cidade. Várias dicas sobre isso nesse post to blog Routes North.
No caminho pela beira do canal, seja de barco ou a pé, a gente vê vários prédios marcantes.
Ópera House de Sydney
Hein? Sim, isso mesmo, você leu direito. O ícone de Sydney, na Austrália, foi criado por um dinamarquês chamado Jørn Utzon.
Ele é um dos representantes de uma arquitetura mundialmente famosa por combinar originalidade no design com funcionalidade e praticidade.
Pra quem gosta de arquitetura, o passeio pode começar pelo BLOX Bulding, prédio modernoso que abriga o Centro de Arquitetura Dinamarquês (DAC).
Além de visitar o Centro, você pode fazer um tour guiado por especialistas em arquitetura e design, que vão tem mostrar o melhor que a cidade tem para oferecer em termos de cultura urbana.
O Teatro Real da Dinamarca, que é uma instituição que inclui 3 prédios, tem dois deles entre os que mais se destacam na cidade, praticamente um na frente do outro.
O primeiro é a Casa de Ópera (Copenhagen Opera House), criada pelo arquiteto Henning Larsen. Ele foi aluno do Utzon, o criador da Opera House de Sydney.
O segundo é o Teatro Real (The Royal Danish Playhouse), inaugurado em 2008. Ele é bem diferente da Ópera.
Aqui, a ideia dos arquitetos era ter um prédio que se ajustasse à arquitetura da região.
Para os curiosos sobre arte, o terceiro prédio, mais antigo, é onde o Teatro Real começou. Ele é conhecido como “cenário antigo” (Old Scene) e é hoje a casa do balé.
Para saber mais sobre essa instituição, você pode acessar o site do Teatro Real da Dinamarca.
Existe outro prédio que se destaca na beira do canal. É o Diamante Negro (The Black Diamond), uma extensão da antiga Biblioteca Real, feito em granito preto.
Mas o mais famoso arquiteto dinamarquês da atualidade é Bjarke Ingels, famoso pelo tema sustentabilidade.
Ele tem prédios em vários lugares do mundo (dá para ver alguns deles aqui nesse vídeo de 5 min), mas não é tão fácil ver suas obras em Copenhagen.
Dois de seus prédios mais famosos, o 8Tallet e o Mountain Building, ficam em Orestad, a cerca de 20 minutos de carro do centro.
Para saber mais sobre outros prédios icônicos espalhados pelo país, não apenas do Ingels, mas também de outros dinamarqueses famosos, leia esse post do blog Visit Denmark.
Cidade Antiga
O Balé Real (Old Scene) fica na Nova Praça Real (Kongens Nytorv), pertinho do Porto Novo (o das casinhas coloridas).
Na Nova Praça Real começa uma área de pedestres, chamada Stroget, que se estende por mais de 1 km, indo até a Praça da Prefeitura (Rådhuspladsen).
Esse é o centro da cidade.
No meio do caminho fica o Mercado Antigo (Gammeltorv), que já era o centro no século XII. A fonte da praça, Caritasbrønden, está lá desde 1610.
Os prédios da região são mais novos do que isso, pois a cidade foi reconstruída depois de dois grandes incêndios no século XVIII.
Nessa área central existem muitos prédios imponentes, como a Igreja de São Pedro (a mais antiga da cidade), o palácio Cristianborg (onde a cidade teria começado) e o Museu Nacional da Dinamarca.
Para o outro lado da Nova Praça Real fica Amalienborg, o palácio onde vive a família real, e a Frederiks Kirke, mais conhecida como a Igreja de Mármore (Marmorkirken).

Tivoli, um dos parques de diversão mais antigos do mundo
Tudo começou com um jardim criado em 1843, onde também aconteciam apresentações de música e teatro.
Aos poucos foram surgindo restaurantes, lojas e até um hotel. Segundo o site do parque, Walt Disney esteve lá buscando inspiração antes de abrir seu primeiro parque temático.
Pra quem conhece a Disney, a sensação de estar no Tivoli é bem diferente. Ele fica no centro da cidade, na frente da estação central de trens, e, como você já deve estar imaginando, fica dentro de uma área bastante limitada.
Confesso que fiquei um pouco confusa com tanta coisa dentro de um espaço tão pequeno. Mas é bem bonito e vale a pena visitar.
Existe um ingresso só para entrar e circular no parque, então não fica aquela sensação de ter pagado um monte e mal ter usado os brinquedos.
Estando lá dentro, dá para caminhar pelo jardim e sentar em um dos muitos restaurantes na volta do lago.
Ou assistir aos espetáculos. As noites de sexta-feira são dedicadas ao rock, com bandas locais para atrair a população jovem.
O parque também tem decoração temática em algumas datas, como Natal e Dia das Bruxas, que foi a época em que eu estive lá.

Pra quem quiser aproveitar os brinquedos: os tickets podem ser comprados já na entrada ou dentro do parque mesmo, em máquinas esperramadas por toda a parte.
Dá para comprar o ticket individual (30 coroas dinamarquesas em 2019) ou o passe livre (245 coroas dinamarquesas). A gente já sabia que ia andar em um brinquedo só então deixamos pra comprar um ticket avulso.
O que a gente não sabia é que existe um “ticket padrão” e, dependendo do brinquedo, a gente precisa de 1, 2 ou 3 desses tickets para andar.
O nosso escolhido era uma montanha russa de madeira, simplesmente chamada de Roller Coaster. É um das mais antigas em funcionamento no mundo, estando em operação desde 1914. Para andar nessa, são necessários 3 tickets.
Então a dica é: se vai brincar no parque, melhor comprar o passe livre. Assim você fica livre de ter que ficar fazendo conta pra saber quantos tickets vai precisar (e vai acabar gastando mais).
Christiania
A primeira vez que ouvi falar desse lugar foi quando conheci um casal de dinamarqueses e pedi dicas sobre Copenhagen. “Christiania”, eles disseram, “isso tu só vais ver lá”.
Verdade. Christiania não é para todo mundo, porque não é bonito nem arrumadinho, muito pelo contrário, mas para quem é curioso é uma parada interessante.
Numa época em que havia bastante pobreza na cidade, na década de 1970, hippies ocuparam uma área abandonada e estabeleceram uma comunidade com suas próprias leis, incluindo não-violência e maconha liberada.

Embora o consumo de drogas não seja legalizado na Dinamarca, esse post do The Culture Trip informa que o governo sabe e faz vista grossa para o consumo em Christiania, embora tente controlar a venda na região.
Turistas são bem vindos. E, embora seja proibido fotografar por lá, alguns lugares são arrumadinhos, coloridos e podem ser fotografados.Esse documentário (em inglês e francês, 40 min) mostra como é a vida dos 800 moradores de Christiania, que lutam para manter seu estilo de vida livre nos dias de hoje.
Fora do circuito turístico: Vesterbro, Frederiksberg e Os Lagos
Tudo isso de que falei antes fica na área central da cidade, em bege no mapa abaixo.

Fonte: Scandinavia Standard
Mas alguns outros bairros também merecem uma visita.
Como toda cidade grande, a gentrificação também é parte de Copenhagen. A área que fica atrás da estação central é chamada Vesterbro e estende-se, para leste, até galpões enormes, onde eram os açougues da cidade; e, para o sul, até a estação Vesterbro.
O bairro é um mix de luxo e lixo: a rua principal do bairro, Vesterbrogade, é cheia de lojas autorais, mas a rua paralela, Istedgade, ainda tem prostitutas e sex-shops (na área próxima à estação), como no tempo em que os açougues estavam naquela região.
Mais adiante a rua fica bem legal, mais ou menos como a Vesterbogade, mas mais alternativa.
Onde eram os açougues, hoje fica o Kødbyen, um espaço enorme cheio de bares e restaurantes que lotam no verão.

Bem na frente fica a terceira maior rua do bairro, Sønder Boulevard, com um canteiro central largo e arborizado.
Vesterbro é relativamente grande, rende tranquilamente um passeio de, pelo menos, 4 horas. Esse post do blog Globuzzer dá várias dicas.
Frederiksberg, que é um bairro mais elegante, tem o zoológico e um dos principais parques da cidade, o Frederiksberg Have.
As ruas principais do bairro são a Gammel Kongevej e a Værnedamsvej.
De lá você já está pertinho de Søene, ou, simplesmente, dos Lagos. São três, divididos em 5 reservatórios, numa área super central da cidade. Seus nomes são Sankt Jørgens sø, Peblinge sø e Sortedams sø.
Além de ser uma área incrível para quem gosta de correr e caminhar (são mais de 6 km de trilhas ao redor deles), é uma delícia simplesmente ficar lá, aproveitando a tranquilidade do lugar.

Uma esticadinha até a Suécia… ou mais!
Copenhagen fica do ladinho da Suécia. Basta atravessar o Estreito de Oresund, de que falei no começo do post.
A primeira cidade é Malmo, a apenas 40 minutos de trem de Copenhagen. Eu fui até lá e vou te contar tudo em outro post.
Vou contar também sobre a ponte que liga os dois países, que, construída no ano de 2006, mudou a vida de quem mora dos dois lados.
Outra vantagem de estar na capital da Dinamarca é o acesso fácil aos outros 8 países que ficam ao redor do Mar Báltico e à Noruega.
Para saber mais como chegar nesses países, leia o meu post O Mar Báltico e os 9 países que lhe cercam
Ah, e se você vai chegar ou sair de Copenhagen pelo aeroporto, cuidado, ele é enorme. Levei mais de meia hora para ir da segurança até o meu portão de embarque.
Se do aeroporto você estiver tentando ir para o centro, procure pelo trem que te leva até à estação central (Kohbenhavn H).
Procure pela palavra Spor nas placas.
Da estação central você consegue ir praticamente para qualquer lugar da cidade, com o próprio metrô ou de ônibus (várias paradas ao redor da estação).
Para mais detalhes sobre trens e metrô em Copenhagen, clique aqui.
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