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O arquipélago dos Açores tem 9 ilhas. Três delas são tão próximas uma da outra, que, de qualquer uma, vê-se as outras duas. São elas as ilhas do Pico, Faial, e São Jorge.
A Ilha do Pico é famosa por ter a montanha mais alta de Portugal e vinhedos no meio das rochas.
Já a Ilha do Faial “aumentou” na década de 1950 por conta da explosão de um vulcão no mar. As cinzas e pedras lançadas na erupção criaram uma nova extensão de terra.
Na Ilha de São Jorge fica a maior caverna (algar) dos Açores, que pode ser visitada em vários tipos de passeio, com opções que agradam desde o mais jovem aventureiro até a famíla mais tranquila.
Eu visitei o Pico e o Faial e vou te contar tudo nesse post. Também vou incluir dicas de quem já foi à São Jorge e te contar como chegar no Triângulo e se movimentar entre as três ilhas.
Se você quiser conhecer mais sobre São Miguel, a mais acessível e populosa das ilhas, confira o post São Miguel: 7 dias na maior ilha dos Açores.
Para ter uma visão geral sobre as nove ilhas do arquipélago, leia o post Onde ficam os Açores.
Faial
Com 15 mil habitantes, o Faial é a terceira ilha mais populosa dos Açores.
Na capital, Horta, fica a marina mais movimentada do arquipelágo. Ela é uma das paradas preferidas de quem cruza o Atlântico Norte.
Horta é o melhor lugar para se hospedar no Faial, ja que é onde fica o porto que a conecta às outras ilhas. O acesso ao aeroporto tambem é fácil.
E, de lá, a gente enxerga o tempo todo o Pico, ponto mais alto de Portugal, que fica na ilha vizinha.
No outro extremo do Faial, a 22 km de distância, fica Capelinhos, uma extensão de terra que surgiu em 1957, com a explosão de um vulcão.
Tudo começou com uma turbulência no mar, no lado oeste da ilha.
Os pescadores da vila próxima inicialmente acharam que eram baleias. Mas não. A turbulência estava sendo provocadas pela explosões decorrentes do encontro da lava com a água do mar.
Em seguida começou a emissão de jatos de cinzas negras, acompanhados por uma grande coluna de vapor d’água e gases vulcânicos.
Era o começo de uma erupção que duraria 13 meses.
Em poucos dias surgiu uma primeira montanha, a poucos metros da ilha e do farol. Ela sumiu e foi substituída por uma segunda, que também sumiu. A terceira permanceu e, com a continuação da erupção, acabou ligando-se à ilha.
O antigo farol foi coberto pelas cinzas e teve que ser abandonado. A gente pode subir lá em cima e impressionar-se com a vista.
A antiga vila de pescadores também foi abandonada e coberta pelas cinzas e pedras. Aos poucos o vento está removendo a areia, e telhados ja podem ser vistos em alguns locais.
Para manter a memória de tudo isso, foi construido um ‘Centro de Interpretação’.
Lá a gente entende o fenômeno geológico e, também, o impacto que a erupção teve na vida da população – metade dos habitantes do Faial emigraram para os Estados Unidos e o Canadá nessa época.
Esse artigo da National Geographic conta essa história toda com mais detalhes e com depoimentos de quem viu a explosão.
Na volta de Capelinhos para Horta paramos na Caldeira, o vulcão que deu origem à ilha.
Quem gosta de trilhas pode circular o vulcão a pé. A volta na Caldeira tem apenas 6,9 quilômetros e pode ser feita tranquilamente em menos de duas horas.
Os mais aventureiros podem escolher outra trilha. A mais desafiadora da ilha é chamada de Dez Vulcões, tem quase vinte quilômetros e a duração média para completar o percurso é de cinco horas.
Nós não alugamos carro no Faial. Usamos táxi e saiu bem mais barato. Essa é a tabela de preço oficial dos táxis em julho de 2019.
Ficamos hospedados no Azoris Resort Hotel, que foi uma boa opção. Eu repetiria numa próxima visita.
A localização é ótima, com vista privilegiada para a Ilha do Pico, e o hotel tem uma estrutura de piscinas que aproveitamos bastante.
Quem prefere banho de mar pode ir caminhando até a praia do Porto Pim.
Para comer, minhas dicas são a Tasca Capitólio e a padaria Bico Doce.
Ilha do Pico
Quem visita essa ilha, normalmente está interessado em escalar o Pico, a montanha mais alta de Portugal, com 2.351 metros de altitude.
A escalada, que deve ser feita com acompanhamento de guia, leva um dia inteiro. Em média são 3h30 para subir e mais 3h30 para descer.
Eu confesso que estava mais interessada em conhecer a Paisagem da Cultura da Vinha e do Vinho, considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
A gente já pode ter uma idéia dela quando chega na ilha de avião.
Esses muros de pedra, chamados de “currais”, foram construidos para possibilitar o cultivo da vinha.
Foi a única cultura que os primeiros habitantes, que chegaram no século XVII, conseguiram desenvolver no solo vulcânico.
Os muros de pedras vulcânicas protegem as uvas do vento que vem do mar. A área onde ficam os currais é chamada de lajido.
O contraste do azul do mar e do céu com o verde das vinhas e o preto das pedras é lindo! A vinha cresce no chão. Tá vendo os cachinhos de uva escondidos aqui?
O contraste fica ainda mais lindo com o vermelho das janelas e portas das casas e do moinhos que se espalham pela região.
São dois lajidos no Pico, um à esquerda e outro à direita da vila de Madalena, onde nos hospedamos.
Esse das foto é o lajido de Criação Velha. O outro é o lajido de Santa Luzia, onde há um pequeno Centro de Interpretação que fala sobre os vinhos produzidos na região.
Perto do Lajido da Criação Velha fica uma das muitas piscinas naturais da ilha. Essa foi minha preferida. Além das tradicionais pedras, tem um espaço com areia e um bar.
Um dos pontos altos da viagem foi um fim de tarde no Cella Bar, com arquitetura inspirada em um barril de vinho.
Do terraço a gente tem uma vista deslumbrante para o mar e a ilha do Faial. Acompanhada de vinho e queijo local fica melhor ainda.
Eu provei três queijos. O São João é um queijo macio, que lembra o queijo brie. Mas os meus preferidos foram o Alfredo e o Leal, mais firmes e bastante salgados.
Outro aspecto interessante da ilha do Pico é essa piscina, que fica em Madalena. Além da vista, sempre deslumbrante, o acesso a piscina é livre.
A piscina, que é pública, fica do ladinho de uma piscina natural, entre as pedras. No verão, durante o dia, tem salva-vidas protegendo quem se diverte no local.
De noite ela também fica aberta. Nada mal um banho de piscina grátis com esse pôr do sol…
Nós nos hospedamos na vila de Madalena porque de lá saem barcos diários para Faial e aviões regulares para Lisboa. Também é o local com melhor estrutura turística e onde concentra-se a maioria dos restaurantes e bares.
Em Madalena, uma opção de hospedagem interessante é o Jeirões do Mar, um condomínio de casas próximo à piscina pública e a 500 metros da igreja central da vila.
As outras localidades importantes da ilha são Lajes do Pico e São Roque.
De Lajes do Pico saem os passeios de barco para quem quer observar baleias.
De São Roque é fácil pegar um barco para São Jorge, a terceira ilha do Triângulo.
Pertinho de São Roque fica a Prainha, que tem esse nome por ser o único local do Pico onde se forma naturalmente uma praia de areia – mas só no verão.
Nós alugamos um carro para passear por essa ilha e valeu muito a pena. Recomendo.
São Jorge
Não foi dessa vez que conhecemos a ilha que produz os queijos mais famosos do arquipelágo.
O Queijo de São Jorge é um dos 5 produtos de origem de denominação protegida dos Açores. Os outros são o ananás e o maracujá de São Miguel, o queijo do Pico, e o mel dos Açores.
A principal atração turística de São Jorge é a possibilidade de explorar cavernas, já que lá fica a maior dos Açores. Aqui tem um exemplo de empresa que oferece esse tipo de passeio.
Outras dicas sobre o que fazer na ilha de São Jorge você encontra nesse post do blog New in Town.
O jeito mais fácil para chegar em São Jorge, que tem portos nas vilas de Calheta e Velas, é pegando um barco de qualquer uma das outras quatro ilhas do Grupo Central (Faial, Pico, Graciosa e Terceira). Também há vôos de São Jorge para as ilhas Terceira e São Miguel.
Chegar nas duas ilhas que fui, Faial e Pico, é mais fácil. Além dos barcos e vôos regionais, as duas ilhas tem vôo direto para Lisboa.