Assim é chamado o extremo sul de Portugal.
São cerca de 140 quilômetros de leste a oeste e 40 quilômetros de norte a sul, totalizando uma área de pouco mais de 5 mil quilômetros quadrados.
A região é famosa por suas praias, cujas principiais características são as grutas, as falésias e as areias douradas.

Mas há bem mais o que ver no Algarve: outros tipos de praia, outros tipos de natureza e muita história.
Pra entender o Algarve
Ele é uma das 11 províncias tradicionais de Portugal e corresponde ao atual território do Distrito do Faro.
Assim como o resto da Península Ibérica, o Algarve foi habitado por celtas, fenícios, romanos e muçulmanos antes de tornar-se parte de Portugal.
Uma das principais características dessa região é que ela é a que guarda mais da cultura e arquitetura muçulmana em Portugal.
É que, ao contrário do norte, que começou a ser reconquistado pelos cristãos em 868 (fundação do Condado Portucalense), o sul só foi completamente reconquistado em 1242.
Inclusive o nome Algarve vem do árabe Al-Gharb, que significa “o oeste”.
Foi assim que os muçulmanos chamaram todo o oeste da Península Ibérica, quando a ocuparam no século VIII.
Com o avanço dos cristãos nos séculos seguintes, o Al-Gharb foi encolhendo, encolhendo, até sobrar apenas o castelo de Silves (do qual vamos falar em seguida).
Com a conquista de Silves, em 1242, os portugueses ocuparam definitivamente a região.
Isso deu início a outro capítulo importante da história do Algarve: as grandes navegações.
No século XV, foi da vila de Lagos que partiram os primeiros navegadores a cruzar o Cabo Bojador, na costa da África.

A partir daí, os portugueses não parariam mais, descobrindo a rota para as Índias e chegando ao Brasil.
Lagos tornou-se uma cidade importante, pois era por lá que chegavam à Europa os produtos trazidos de outros continentes.
A economia cresceu e a região prosperou. Muitos prédios dessa época ainda podem ser vistos na região.
A partir de meados do século XVII, o comércio marítimo foi centralizado em Lisboa, impactado seriamente a economia do Algarve.
A região só se recuperaria a partir da década de 1960, quando, graças às suas lindas praias, o turismo passou a contribuir massivamente para a economia do país.

Onde ficar no Algarve?
Como escolher onde ficar em uma costa linda e com 140 quilômetros de extensão?
Vai ser difícil conhecer tudo de uma vez só, então é importante escolher um lugar para ficar que combine com o tipo de viagem que você quer fazer.
Esse mapa vai te ajudar. Ele mostra os 16 concelhos em que o Algarve está dividido.

Fonte: Wikimedia Commons
Se o seu objetivo é conhecer as praias mais típicas, aquelas que vivem aparecendo na lista de “praias mais bonitas da Europa” (e até do mundo), elas concentram-se nas áreas 4 a 8 (de Lagos a Albufeira).
Já se o seu interesse for maior na história da região, Lagos e Faro são boas bases.
Outro fator importante para montar seu roteiro é se você vai estar de carro ou não – o transporte público é limitado, então isso faz bastante diferença.
Algarve sem carro
Se você já decidiu que não vai estar de carro, provavelmente vai chegar no Algarve de avião pelo aeroporto do Faro ou de trem, vindo de Lisboa.
As paradas do trem são em Silves, Portimão, Lagos, Albufeira, Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo Antonio.
Se o seu objetivo principal é praia, você provavelmente não vai querer ter que pegar transporte público todos os dias pra chegar nela, então tenho duas sugestões de locais para fazer de base.
A primeira é hospedar-se no centrinho de Portimão, Lagos ou Albufeira. Elas são as cidades mais agitadas do litoral, tem boa estrutura turística e tem praias que podem ser acessadas a pé ou com uma curta corrida de táxi.

Entre as três, Lagos é a que tem mais história, incluindo um centro antigo, fortalezas, igrejas do século XV e bons museus.

A segunda é hospedar-se em qualquer resort ou hotel próximo ao mar, desde que a reserva inclua o transfer do aeroporto ou estação de trem (pra você não gastar uma fortuna com táxi).
O local que oferece mais opções desse tipo é Albufeira, considerada a capital do turismo no Algarve.
Já se o seu principal objetivo for conhecer a história e cultura da região e explorar paisagens variadas, Faro é uma boa base.
Ela foi fundada pelos romanos, ocupada pelos árabes e, depois, tornou-se uma importante cidade portuguesa na Era dos Descobrimentos.

E fica mais ou menos na metade da Linha de trem do Algarve , o que lhe garante mobilidade.
Perfeito para um bate-e-volta a cidades históricas como Lagos, ao oeste, e Tavira, ao leste.
O único problema de ficar em Faro sem carro é o acesso ao mar.
Embora a cidade fique próxima à água e tenha uma marina bonita, as praias boas para banho ficam em uma faixa de terra entre a Ria e o mar, chamada de Ilha de Faro.
E ela fica a 20 minutos de carro do centro.
Algarve com carro
Se o seu objetivo principal é praia, vai precisar passar alguns dias entre Lagos e Armação de Pêra, pois é lá que ficam as praias mais típicas da região, cheias de falésias e areias douradas.
Esse post do Melhores Destinos elenca dez das melhores praias do Algarve e todas ficam nessa região.
Se tiver mais tempo e quiser ver praias diferentes, mude a base para algum lugar entre Faro e Vila Real de Santo Antônio.
Nessa parte da costa você vai encontrar praias bem menos disputadas, mais abertas e com areias brancas.
Nessa região fica também o Parque Natural da Ria formosa, com várias praias em ilhas do canal.
Já se o seu principal objetivo for conhecer a história e cultura da região e explorar paisagens variadas, sugiro essa rota de 200 km, indo de Lagos a Castro Marim pelo interior.
Ela inclui as ruínas megalíticas de Alcalar, as romanas de Milreu, o maior castelo árabe do Algarve, a cidade mais importante para as grandes navegações dos séculos XV e XVI e uma estrutura militar construída pelos portugueses no contexto das guerras de restauração (contra a Espanha).
Para fazer esse roteiro com tranquilidade, sugiro você planejar pelo menos uma semana.
Durma pelo menos:
– duas noites em Lagos (pra poder conhecer o centro histórico e algumas das praias)
– duas noites em Monchique (para poder ter um dia cheio para trilhas na serra)
– três noites no Faro (para conhecer a cidade, explorar o Parque Natural da Ria Formosa e fazer bate-e-volta para Estói e Tavira).
Meu trajeto: de Lagos ao Faro
Lagos: a cidade das Grandes Navegações e algumas das praias mais bonitas do Algarve
Há 4 mil anos, um povo celta vivia no alto do monte Molião, pertinho de onde é hoje o centro de Lagos.
Essa vila, chamada Lacóbriga, foi conquistada pelos cartagineses e, mais tarde, destruída por um terremoto (séc. IV A.C.). Resta muito pouco dela, no Sítio Arqueológico do Molião.
Pouco mais de um século depois, uma nova vila formou-se onde fica agora o centro histórico de Lagos. Ela seria conquistada pelos romanos no século I. Dessa época, é possível ver na cidade as Ruínas da Luz.
Os romanos ficaram lá até o século VIII, quando chegaram os muçulmanos. Não existe nenhuma referência à Lacóbriga a partir de então.
Apenas após a chegada dos portugueses, em 1249, é que voltam a existir registros escritos sobre a cidade, que, agora, chama-se Lagos.
Já no século XIV, foram reforçados os muros que cercavam a cidade, e o “governo militar do Algarve” foi instalado ali.
O Infante Dom Henrique, sobre o qual vou falar mais no post sobre Sagres, mudou-se para Lagos no século XV.
Ele foi o grande impulsionador das navegações portuguesas e atraiu para a cidade os melhores astrônomos, cartógrafos e carpinteiros do seu tempo.
Provavelmente ele viveu no Castelo dos Governadores (ou Castelo de Lagos), que já existia ali desde o tempo dos muçulmanos.

Foi de Lagos que Gil Eanes, nascido na cidade, partiu para a viagem em que ele dobrou o Cabo Bojador, que era o máximo que os europeus já tinha navegado na costa da África.
E, também foi de lá, que partiram a maioria das caravelas portuguesas no século XV.
Lagos tornou-se o centro comercial de todos os produtos exóticos que elas traziam na volta, incluindo escravos negros, que começaram a chegar em 1441.
Eles eram vendidos em um mercado, que ficava no local hoje sinalizado com uma placa, sob as arcadas da rua da Senhora da Graça.
Esse foi o primeiro mercado de negros da Europa. Um museu em Lagos reconta essa triste história.

O comércio trouxe prosperidade e a cidade passou a viver sua fase de ouro.
Na praça Infante Dom Henrique, além de uma estátua em homenagem ao príncipe, podem ser vistas a Igreja de Santa Maria (séc. XV) e o Museu da Escravatura.

Em 1576, Lagos tornou-se a capital do Algarve.
A fortaleza “nova”, construída logo depois, é considerada um dos melhores exemplos de fortificação marítima do Algarve.

Ela é chamada por muitos nomes: Forte Ponta da Bandeira, Forte do Pau da Bandeira, Forte do Registo e Forte de Nossa Senhora da Penha da França.
Nesse prédio funciona hoje o Museu dos Descobrimentos.
Uma forma mais lúdica de conhecer a história naquela época é visitando o Museu de Cera dos Descobrimentos, que fica a 5 minutos a pé da marina de Lagos.
Falando na marina, quando chegar lá, repare na Caravela da Boa Esperança, que é uma replica dos barcos do século XV.
Outro prédio dessa fase é a Igreja de Santo Antonio, em estilo barroco. Exceto pelo teto, que tem imagens do escudo de Portugal, ela é toda forrada a ouro.
Mas a cidade foi muito impactada pelo terremoto de 1755 e deixou de ser capital no ano seguinte.
Sua recuperação viria apenas duzentos anos depois, com o desenvolvimento da indústria da pesca, que tem papel importante na economia da cidade até hoje.
Com o crescimento do turismo no Algarve na década de 1960, foi construída a Avenida dos Descobrimentos.

Para conhecer o centro histórico da cidade, procure pela praça Luís de Camões.

É a partir dali que ficam as ruas antigas de Lagos, que hoje são praticamente todas exclusivas para pedestres.

As praias de Lagos
Para o leste do centro (em direção a Portimão), fica a Meia Praia. São 4 quilômetros de areia, onde você vai encontrar vários bares.
Para chegar lá a pé, saindo da marina, são 30 minutos.
Para o oeste, há várias enseadas (as tais praias de falésias e areias douradas).
Entre elas estão as famosas praias do Camilo e Dona Ana.

Praia do Camilo
Lá também fica a Ponta da Piedade, linda, de onde saem passeios de barcos pelas grutas.

Para chegar a pé saindo da marina, a praia mais acessível é a dos Estudantes (apenas 10 minutos). Quando a maré está baixa, é possível também hegar a outras praias através de grutas.
Para ver todas as praias de Lagos, acesse esse post do blog Discover Portugal 2 Day.
O passado mais remoto do Algarve em Monchique: ruínas megalíticas e termas romanas
Se você resolveu seguir meu roteiro histórico, seu próximo destino é Monchique. Esse nome vem dos romanos, que chamavam a região de Mons Săcĕr, que significa Monte Sagrado.
No caminho, você vai passar pelos monumentos megalíticos de Alcalar, câmaras funerárias construídas há cerca de 5 mil anos.
Você pode fazer uma visita guiada e, também, visitar o museu que expõe as peças encontradas nas escavações.
Sua próxima parada vai ser em Caldas de Monchique, onde ficam termas que já eram usadas desde o tempo dos romanos.
No ano 2000, praticamente toda a vila de Caldas de Monchique foi comprada pela empresa Monchique Termas, que renovou vários edifícios históricos e fez deles parte do seu resort, o Villa Termal Caldas do Monchique (que inclui 4 hoteis).
Mas há várias outras opções de hospedagem no local, simples como a Albergaria do Lageado ou luxuosas como o Monchique Resort.
E quem não está hospedado lá também vai poder aproveitar as termas, fazendo um circuito termal (que é oferecido por vários dos hoteis).
Nossa próxima parada é na Vila de Monchique. Seus destaques são as ruas estreitas, a igreja matriz (que fica em um prédio do século XVI) e a vista do miradouro do Parque São Sebastião.
Outro ponto de parada obrigatória na serra de Monchique é o monte Fóia, um dos pontos mais altos do Algarve.
Lá começa e termina a trilha das Cascatas da Serra de Monchique, que é considerada difícil e tem 17 quilômetros.
As vistas são deslumbrantes. Em dias claros, é possível enxergar o Faro, o Cabo de São Vicente (Sagres) e até a Serra da Arrábida (Setúbal).
Outra opção para vistas panorâmicas é o monte Picota, segundo mais alto da serra de Monchique.
De Monchique você pode ir direto para o Castelo de Silves.
Silves: o castelo de onde os muçulmanos governavam o Al-Gharb
No post sobre a Andaluzia, eu expliquei como foram os 800 anos de reinos muçulmanos na Península Ibérica. Resumindo, no começo, os mulçumanos conquistaram praticamente todo o território que hoje corresponde a Portugal e Espanha.
A resistência cristã recolheu-se em uma pequena área no norte da Espanha.
Os muçulmanos chamavam todo o oeste da península de Al-Gharb, que significa “o oeste”.
Nessa fase inicial, que durou até o ano 1031, o reino muçulmano era governado a partir de Córdoba.
A região onde hoje fica o Algarve, ficava em uma província chamada Ocsonoba, da qual Silves era a capital.
Acredita-se que o castelo de Silves já existia desde o século X.
No começo do século XI, o Califado de Córdoba começou a dissolver-se e foram surgindo pequenos reinos muçulmanos independentes (chamados de taifas). Um deles, fundado em 1027, foi a Taifa de Silves (Xilb).
Essa taifa foi conquistada pela Taifa de Sevilha em 1063, ano em que passou a ser governada por Al-Mutamid (filho do rei de Sevilha).

Reino de Sevilla s. XI.png: Tyk (talk · contribs)Reinos de Taifas en 1037.svg: Tyk (talk · contribs)derivative work: Rowanwindwhistler, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons
Al-Mutamid era poeta (deixou vários versos sobre Silves) e grande promotor da cultura. Durante seu governo, poetas, músicos, sábios, filósofos e outros estudiosos e artistas migraram para a cidade.
Mas quando seu pai, que governava o reino a partir da cidade de Sevilha, morreu, Al-Mutamid precisou ir de Silves para Sevilha.
Para sucedê-lo em Silves, nomeou como governador seu amigo Ibn Ammar, que também era poeta.
A essas alturas, Silves era considerada o principal pólo cultural de todo o Al-Andalus (Espanha muçulmana).
Al-Mutamid e Ibn Ammar são os principais representantes do que é hoje conhecido como “poesia luso-árabe”.
Al-Mutamid acabou provocando o fim do seu reinado, pois, para conter o avanço dos cristãos, pediu ajuda para um outro grupo muçulmano, os almorávides, que viviam no norte da África.
Além de derrotar os cristãos, eles decidiram ocupar a Espanha muçulmana. E, quando controlaram Sevilha, enviaram Al-Mutamid como prisioneiro para o Marrocos, onde ele morreria alguns anos depois.
Esse post conta mais sobre a vida dessa figura tão importante do Algarve e traz um trecho de sua poesia “Evocação de Silves”.
Silves permaneceu sob controle dos muçulmanos até 1249. Durante todo esse tempo, a cidade continuou atraindo artistas e estudiosos.
A tomada do Castelo de Silves marcaria o fim da Reconquista em Portugal.
Os cristãos mantiveram o castelo, que, tendo resistido ao terremoto de 1755, é atualmente o maior do Algarve. Para saber como visitá-lo, leia esse post do blog Arabian Wanderess.
Uma outra maneira de vislumbrar o Castelo de Silves é fazendo um passeio de barco pelo rio de Portimão até Silves.
Outras atrações importantes da cidade são a Casa da Cultura Islâmica e Mediterrânea e o Museu Arqueológico.
A principal atração do museu é uma cisterna árabe do século XII, que tem uma escadaria de 15 metros que leva até o fundo do poço.
Silves tem duas praias: Armação de Pêra (ou praia da Armação) e Praia Grande.
Em Armação de Pêra fica a Capela de Nossa Senhora da Rocha, praticamente dentro do mar.
Portimão: excelente estrutura turística, com diversão para todos os gostos
Voltando para o litoral vamos a Portimão, que é uma das “cidades grandes” da região. São 55 mil habitantes divididos em 3 freguesias: Portimão, Alvor e Mexilhoeira Grande.
O principal destaque turístico da freguesia de Portimão é a Fortaleza de Santa Catarina, um castelo do século XVI, de onde se tem uma vista linda para a praia e arredores.
Ela fica entre a Praia da Rocha, uma praia extensa e com excelente estrutura de restaurantes, e a marina da cidade.
Passando a marina e andando por cerca de meia hora pela beira do rio Arade você chega no centro. Essa área na beira do rio é uma das mais agradáveis da cidade.
Já a freguesia do Alvor é conhecida por seus passadiços, trilhas de madeira que se estendem por 6 km. A vila em si é tranquila, acomodada entre o rio e o mar.
Havia um castelo lá, mas os moradores usaram suas pedras para reconstruir suas casas após o terremoto de 1755, e, por isso, resta muito pouco dele.
Portimão tem diversão para todos os gostos, de mergulho a salto de paraquedas, de museu a parque aquático. Foi por isso que essa foi uma das sugestões que dei para quem não está de carro e quer ter várias opções em um lugar só.
Veja nesse post do Algarve Fun uma lista de 36 atividades que você pode fazer na cidade. E, para dar uma espiada nas praias, veja esse post do blog Visit Portimao.
Lagoa: a trilha e a gruta mais famosas do Algarve
São mais de 24 praias espalhadas pelas 4 freguesias e 17 km de litoral de Lagoa.
As grandes estrelas de Lagoa são a Gruta (ou Algar) de Benagil e a trilha dos Sete Vales Suspensos.
Para chegar na gruta, só nadando ou alugando um barco, caiaque ou stand-up padel – tudo isso vai estar à disposição por lá.
Para fazer a trilha você pode começar na Praia da Marinha ou na Praia do Vale de Centeanes, as duas na freguesia de Carvoeiro.
O centrinho de Carvoeiro é muito lindinho por sinal! Todo branquinho, no alto de um penhasco.
As duas praias que visitei em Lagoa ficam nessa região e foram minhas preferidas no Algarve. Essa é a primeira, a praia do Carvoeiro.

Nós nos hospedamos nessa área, em uma casa em um condomínio chamado Colina da Lapa e Villas.
Foi um lugar ótimo para descansar depois de tantos dias de viagem. Mas para ir à praia, só de carro.
Essa é outra praia do Carvoeiro, chamada de Vale de Centeanes.

Achei muito conveniente esse hotel ao fundo, o Apartment Colina Sol. Delícia acordar e ir direto para o mar (mas lembre-se que a água é fria para padrões brasileiros).
Mas voltemos à trilha dos Sete Vale Suspensos! Ela tem 6 quilômetros (12 se você estiver de carro e resolver voltar à pé), é super bem demarcada e considerada de dificuldade média.
Nas praias do caminho há bares, então tudo bem se você não estiver levando comida e bebida.
Para ver algumas fotos do trajeto, confira esse post do blog VagaMundos.
Se você tem interesse em conhecer as outras praias de Lagoa, indico esse post do blog Discover Portugal 2 Day.
O destaque histórico dessa área é o Castelo/Forte de São João do Arade ou Castelo de Ferragudo, em um penhasco à beira do mar, na Praia da Angrinha.
Albufeira: vestígios árabes na capital turística do Algarve
Continuando nosso passeio pelo litoral, vamos ao município considerado a capital turística do Algarve. É Albufeira, com mais de 20 praias e com a melhor estrutura de turismo de todo o Algarve.
Os romanos estabeleceram uma vila onde fica hoje a Cidade Velha, mas foram os árabes que deram nome ao local: Al-Buhera, que significa castelo no mar.
Albufeira, fortemente protegida por muralhas, foi uma das últimas cidades ocupadas pelos portugueses.
Vestígios árabes ainda podem ser vistos na Praça da República e na travessa da Igreja Velha.
O trajeto mais agitado da Cidade Velha é a Rua 5 de Outubro, entre o Largo Engenheiro Duarte Pacheco e a Praia do Peneco.
E o pôr-do-sol mais recomendado é o do Miradouro do Pau da Bandeira Por do Sol.
Para conhecer mais sobre a cidade de Albufeira e seus 30 quilômetros de costa, sugiro a leitura desse post do blog VagaMundos.
Nós vamos direto daqui para o Castelo de Paderne, que é um dos 7 castelos que aparecem na bandeira de Portugal (se você quiser saber quais são os outros, leia a história da bandeira aqui).
Ele fica a apenas 12 quilômetros da Cidade Velha de Albufeira.
Normalmente as visitas ao castelo precisam ser agendadas (telefone e email aqui), mas no verão de 2020 era possível visitá-lo sem agendamento nas quartas-feiras, das 9h30 às 13h.
Ao oeste do castelo pode ser vista uma ponte romana, reedificada em 1771.
Do Castelo de Paderne, você pode ir para Alte, considerada uma das cidades antigas mais charmosas do Algarve.
Loulé: as praias mais luxuosas do Algarve e uma das aldeias mais portuguesas de Portugal
Alte fica no município de Loulé, que é um dos maiores da região.
Em um concurso promovido em 1938 para selecionar “A Aldeia mais Portuguesa de Portugal”, ela foi uma das doze finalistas.
Aqui tem um documentário produzido na época (33 min) que mostra todas elas. Alte aparece a partir do minuto 26:10.
E aqui tem um capítulo do livro Vozes do Povo super interessante, explicando como esse concurso contribuía para a política do Estado Novo (1933-1974).
Para uma versão resumida dessa história, leia o post do site Aldeias Históricas de Portugal, que fala também sobre a vencedora, a vila de Monsanto.
As ruas de Alte tem o traçado árabe: são curvas e cheias de escadarias.
O destaque turístico é a igreja de Nossa Senhora da Assunção, cuja capela de São Sebastião é decorada com azulejos sevilhanos do século XVI.
Perto da vila tem uma cascata, a Queda do Vigário, onde é possível tomar banho.
Para saber tudo sobre Alte, confira esse post do blog Espirito Viajante.
Além de Alte, o município tem mais 8 freguesias. Eu visitei a cidade de Loulé, que se estende por duas freguesias (São Clemente e São Sebastião).
Ela fica afastada do mar e, por isso, é bem menos turística. É um bom exemplo de “cidade portuguesa normal”.
Algo interessante, que vi em Loulé e em várias outras cidades do resto do país, são ruas decoradas com panos ou sombrinhas, que ajudam a proteger do calor.

A entrada do centro histórico fica ao lado da torre do relógio, que era parte da muralha medieval da cidade.
Logo chegamos ao castelo árabe, que é a principal atração do local. Ele foi construído no século VIII.

Lá dentro fica o Museu de Arqueologia, cujos destaques são as ruínas árabes (que podem ser vistas sob um piso de vidro) e uma sala em que está montada uma cozinha tradicional do Algarve.
Outra atração importante da cidade é seu Mercado Público, um prédio com estilo clássico e inspiração árabe.

Se você chegar lá no sábado de manhã vai encontrar banquinhas nas ruas ao redor do mercado.
Se de Loulé você resolver ir para o litoral, dê uma paradinha na vila de Almancil para visitar a Igreja Matriz de São Lourenço. Ela é totalmente decorada com painéis de azulejos que, milagrosamente, resistiram ao terremoto de 1755.
Na costa ficam as freguesias de Quarteira e Almancil, onde fica o “Triângulo Dourado“, formado por Vilamoura, Vale do Lobo e Quinta do Lago.
Essa é a região mais luxuosa do Algarve e alguns de seus principais atrativos são os campos de golfe e uma marina repleta de iates.
Vilamoura é um enorme complexo turístico que inclui, além de hoteis e restaurantes, a marina, cassino, campos de golfe, quadras de tênis e centros de equitação, pesca e tiro. Espia a estrutura das praias!
Quinta do Lago é um condomínio de casas e Vale do Lobo é um complexo turístico que inclui casas, apartamentos e hoteis. O grande atrativo dos dois são seus clubes de golfe, que atraem, principalmente, turistas britânicos.
Se você quer saber como é hospedar-se em meio aos milionários, confira esse post do blog Algarve Fun. Ele fala sobre esses 3 complexos de turismo de luxo e, também, sobre as praias da região e o que fazer à noite nessa área.
Faro: as mais bem preservadas ruínas romanas do Algarve e uma Capela de Ossos
Faro é a capital do Algarve (distrito do Faro) e tem o único aeroporto internacional da região. A maioria das pessoas conhece apenas o aeroporto, de onde vai direto para outros destinos.
Mas Faro, que os romanos chamavam de Ossonoba, merece ser visitada. Ruínas daquele tempo ainda estão por lá, com destaque para a Vila de Milreu, uma mansão construída no século I A.C..
Ela fica a apenas 10 km do centro. No site da RTP você vai encontrar um vídeo com um passeio virtual pelo local (12 minutos).
Faro em si é uma cidade simpática, com uma marina linda e um centro histórico agradável, cheio de laranjeiras.
A gente entra no centro histórico pelas antigas muralhas da cidade, mais especificamente pelo Arco da Vila.

Lá dentro ficam a Sé (catedral) do Faro, o Paço Episcopal e o Museu Municipal.



Eu fui ainda até a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, que fica a apenas 10 minutos à pé da marina, porque queria conhecer sua Capela dos Ossos.

Se você nunca ouviu falar nisso, essa é uma tradição bizarra da Europa medieval, a construção de ossários.



Esse post do blog Mega Curioso mostra exemplos na Itália, Áustria, República Tcheca e Portugal.
E esse post do blog Vortex Max mostra os 6 ossários de Portugal, dos quais 3 ficam no Algarve (além do Faro, você também pode ver um em Lagos ou Silves).
Lembra que eu falei que as praias do Faro ficam longe do centro? É que existe um conjunto de lagoas entre o continente e a península do Ancão.

As praias de Faro ficam na península.
E você pode também ir até as ilhas que ficam entre essa península e a península de Cacela, no outro extremo do mapa.
As ilhas são cinco: Barreta (ou Ilha Deserta), Culatra, Armona, Tavira e Cabanas.

Fonte: Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas
Todo esse conjunto forma o Parque Natural da Ria Formosa. Você pode ler um post completíssimo sobre essa área no blog Viagens à Solta.
Os destaques são a Praia do Farol e a aldeia de pescadores na Ilha da Culatra; e a praia da Fuseta, na ilha de Armona.
E aproveitando que estamos falando de natureza, uma das coisas que mais me impressionou no Algarve foram os ninhos de cegonha.
Eles são gigantes e estão nos lugares mais inusitados, como torres de igreja (veja abaixo), chaminés e postes de corrente elétrica.

E, ainda falando de natureza, um dos pratos mais típicos do Algarve no verão são os caracóis, que na França são chamados de escargots.
Você vai encontrá-los por toda a parte!

Entre o Faro e a Espanha
Eu parei no Faro, porque já estava viajando pela costa há três semanas – veja aqui todo o meu roteiro, do Porto ao Faro.
Mas há ainda mais para ver se você decidir ir até a Espanha, que fica a apenas 50 km de distância do Faro.
Olhão: um bom ponto de partida para visitar o Parque Natural da Ria Formosa
Olhão tem ares de cidade árabe, como explica esse artigo da BBC.
Também é um dos melhores pontos de partida para os passeios de barco pelo Parque Natural da Ria Formosa.
Tavira: um vaso muçulmano do século XII que já foi exposto no Louvre
Tavira tem uma ponte romana (reconstruída) que era parte do principal acesso entre Faro e Castro Marim (porto no rio Guadiana).
Junto a Silves e Faro, ela foi uma das principais cidades do período muçulmano.
Lá foi encontrado o Vaso de Tavira, uma peça islâmica de cerâmica do século XII, que pode ser vista no museu municipal.
O vaso é tão representativo do período muçulmano na Espanha, que já foi emprestado ao Museu do Louvre para uma exposição.
Sendo cidade de fronteira, Tavira foi bastante disputada por muçulmanos, portugueses e espanhois, o que explica a existência de um castelo (construído pelos mouros entre os séculos IX e X) e de um forte (construído pelos portugueses após a expansão dos espanhois no século XVII).
Hoje Tavira é uma vila bonita, com mansões brancas às margens do rio Gilão.
Castro Marim: cuidando da fronteira com a Espanha
Nossa próxima parada é Castro Marim, na margem do rio Guadiana. Do outro lado do rio já é Espanha.
No tempo dos fenícios, Castro Marim era chamada de Baesuris e era um porto comercial importante para a comercialização dos produtos que chegavam pelo mar.
Quando os romanos ocuparam a região, ela continuou sendo um porto importante. E, quando os muçulmanos chegaram, ela passou a ser considerada “a entrada do Al-Gharb”.
Não se sabe exatamente quando o castelo da cidade (também chamado de “castelo de dentro”) foi construído, mas vestígios arqueológicos sugerem que algum tipo de estrutura já existia lá desde o tempo dos romanos.
Mas foram os portugueses, quando ocuparam o Algarve no século XIII, que construíram a muralha externa (também chamada de “castelo de fora”).
Em outra colina fica o Forte de São Sebastião, construído no século XVII. Outras estruturas militares foram construídas nessa época, como o Forte Santo Antonio e muros unindo todos esses elementos.
O objetivo principal era defender a fronteira de Portugal nas guerras contra a Espanha. Vale a pena conferir o mapa da cidade em 1720 nesse post do blog We Travel Portugal.
O terremoto de 1755 destruiu a vila, que ficava entre o “castelo de dentro” e o “castelo de fora”. Na reconstrução, as casas foram construídas do lado de fora das muralhas.
Ao redor do castelo também ficam as salinas, que foram importantíssimas para a economia de Portugal ao longo dos séculos.
Vila Real de Santo Antônio: Lisboa no Algarve
Essa é provavelmente a cidade mais jovem de todo o nosso roteiro: Vila Real foi fundada pelo Marquês do Pombal, em 1774.
E o projeto da cidade seguiu o mesmo padrão que estava sendo adotado na reconstrução de Lisboa após o terremoto de 1755.
A consequência é que Vila Real parece uma miniatura da Baixa de Lisboa. Você pode ver nas fotos desse post do blog Lugares Incertos.
Pra terminar
Como você já percebeu, gostei muito do que li sobre o Algarve nos blogs VagaMundos e Discovery Portugal 2 Day. Usando essas duas referências você com certeza vai estar organizando bem sua viagem.
Pra escolher as praias que são mais a sua cara, sugiro a leitura desse artigo do Algarve Fun, que dá detalhes como existência ou não de salva-vidas, estacionamento, cadeiras para alugar, etc, de 25 praias ao longo de toda a costa (incluindo a costa oeste, chamada de Vicentina).
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