Antes de ser um país, Portugal era conhecido como Condado Portucalense e era formado pelas regiões do Porto e de Coimbra.
O Condado Portucalense tornou-se independente a partir da Batalha de São Mamede, em 1128, que aconteceu na cidade de Guimarães, e foi vencida por Dom Afonso Henriques, que se tornaria o primeiro rei de Portugal.
Em 1131, D. Afonso Henriques moveu a sede do novo país para a cidade de Coimbra.
Foi a partir de Coimbra que ele conquistou territórios para o sul, começando a dar ao país a forma territorial que ele tem hoje.
Em Coimbra, nesse mesmo ano, ele fundou o Mosteiro de Santa Cruz, onde hoje está o seu túmulo.
Com o passar do tempo, uma das principais marcas de Coimbra passou a ser a universidade, fundada em 1290 (ela foi fundada em Lisboa, mas transferida definitivamente para Coimbra em 1537).
A importância da universidade é tanta, que a cidade é hoje conhecida como “Coimbra dos Estudantes”.
Sua importância histórica e cultural faz com que ela hoje seja considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Passeando por Coimbra
A vista mais clássica da cidade é a do morro onde fica a universidade.

Lá fica a parte da cidade conhecida como “Alta”, que era a antiga cidade medieval murada, conhecida como Almedina desde o tempo em que os muçulmanos viviam na região.
Um dos melhores jeitos de chegar na “Alta” é cruzando o Arco da Almedina, uma das antigas entradas da cidade.

Seguindo por ruas estreitas a gente chega na igreja Sé Velha, que foi construída no século XII.
Seguindo mais 300 metros já chegamos no Largo da Porta Férrea, entrada para a universidade.
Visitando a universidade
A Universidade de Coimbra é um conjunto de prédios esparramados pela cidade, mas o prédio mais importante fica na Alta.
É o Paço das Escolas, ou Paço Real da Alcaçova, construído no século X e habitado, a partir de 1131, pela família real portuguesa.

Ao redor desse pátio ficam a Universidade de Direito e a Biblioteca Joanina, entre outros prédios.
A Biblioteca Joanina é considerada uma das mais bonitas do mundo. Ela foi feita por Dom João V e reúne muitos símbolos da época mais gloriosa de Portugal: do ouro do Brasil à decoração de inspiração oriental, lembrando as colônias portuguesas na Ásia.
A biblioteca tem cerca de 60 mil livros, a maioria escrita antes do século XVIII. No seu acervo encontra-se uma exemplar da versão original de Lusíadas, publicado em 1572.
Uma curiosidade sobre a biblioteca são seus moradores: morcegos. Eles protegem os livros, ao alimentarem-se de insetos (traças, especialmente).
No antigo palácio real a gente visita várias salas, sendo a mais bonita a Sala dos Grandes Atos (ou Sala dos Capelos), que, originalmente, era a Sala do Trono. Nas suas paredes estão os retratos de todos os reis e rainhas do país.

Lá acontecem os eventos mais importantes da universidade, como a cerimônia de posse do reitor e as defesas de tese de doutorado.
Saindo do Paço das Escolas, você está entre outros vários outros prédios que também fazem parte da universidade.
Se você quiser comprar antecipadamente os ingressos para visitar a Universidade de Coimbra, você pode fazer isso aqui.
A importância da universidade para a cidade é tanta, que alguns dos eventos acadêmicos tornaram-se festas da cidade, como a “Queima das Fitas” e a “Latada”.
A “Latada” é a recepção aos novos estudantes no começo do ano letivo. A festa começa com uma serenata no Largo da Sé Nova, que é seguida por um desfile pelas ruas da cidade.
Os novos estudantes caminham com latas amarradas nos tornozelos, o que torna o evento bastante ruidoso.
O desfile acaba nas margens do rio Mondego, onde os estudantes veteranos “batizam” os calouros com a água do rio, simbolizando sua introdução à vida acadêmica.
Já a “Queima das Fitas” é uma festa de encerramento das aulas, que dura vários dias. Ela acontece em Coimbra há muito tempo e, hoje, é uma tradição em várias universidades portuguesas.
Assim como a “Latada”, ela começa com uma serenata (mas na Sé Velha) e também tem um desfile – esse mais elaborado, incluindo dezenas de carros alegóricos.
Vários outros eventos acontecem durante a semana, como o Baile de Gala das Faculdades e o Chá Dançante (que é quando se destrói a decoração do local onde o Baile de Gala aconteceu).
Ah, e queimam-se fitas, claro. As fitas eram usadas para amarrar as pastas dos estudantes e têm cores diferentes de acordo com o curso. Os estudantes guardam suas fitas ao longo do período em que estão estudando.
Na época da formatura, as fitas não são mais necessárias e, por isso, são queimadas, representando a passagem da vida acadêmica para a vida profissional.
Baixa
A área fora dos muros da cidade era chamada pelos muçulmanos de arrabalde e é hoje conhecida como Baixa.
É uma região cheia de ruas estreitas. O destaque dessa área é o Mosteiro de Santa Cruz.

Como falamos antes, ele começou a ser construído em 1131. Muito pouco de sua estrutura original ainda existe, mas sabe-se que o mosteiro original tinha estilo românico, uma nave principal e uma torre alta na fachada.
O prédio passou por muitas reformas. O que se vê hoje é resultado, principalmente, de obras realizadas no século XVI.
Um dos principais destaques do mosteiro é o túmulo de Dom Afonso Henriques.
Ao lado do mosteiro, tem um café. A acústica do local é excelente e, por isso, vários shows e concertos acontecem lá.
Isso inclui apresentações do fado de Coimbra, que diferencia-se do fado de outras regiões do país, entre outras coisas, por ser, tradicionalmente, cantado apenas por homens.
Quinta das Lágrimas: os amores de Pedro e Inês
Conhece aquele ditado que diz “Agora Inês é morta”? Pois é, sua origem está em Coimbra e ele surgiu do amor proibido entre Inês de Castro e o futuro rei Pedro I, no século XIV.
Inês era uma nobre da Galícia, que foi para Portugal com sua prima Constança, que iria casar-se com Pedro, que, na época, era príncipe herdeiro de Portugal.
Mas Pedro apaixonou-se por Inês e, depois da morte de sua esposa, viveu com ela na Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Juntos, tiveram vários filhos.
Mas as relações de Pedro com Inês eram consideradas perigosas pela corte. E seu pai autorizou que Inês fosse assassinada.
Conta a lenda que foram as lágrimas de Inês na noite de sua morte que deram origem à Fonte das Lágrimas, citada pelo poeta Camões em sua obra Os Lusíadas.
Na época, Pedro não pode fazer nada. Teria sido nesse momento que ele teria dito “Agora Inês é morta”, que virou sinônimo de dizer que é tarde demais para fazer alguma coisa.
Mas quando Pedro tornou-se rei, dois anos depois, o corpo de Inês foi colocado na capela do Palácio da Alcobaça.
Segundo a lenda, ele fez mais do que isso: ele teria feito Inês ser vestida com roupas e joias de rainha e obrigado toda a corte a beijar sua mão. De arrepiar, não?
Outras paradas
Alguns outros locais de Coimbra também merecem uma paradinha.
O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, às margens do rio Mondego, foi fundado em 1283 e abandonado em 1677 em função das cheias do rio, que alagavam o local.

As ruínas incluem não apenas a igreja, como também o maior claustro gótico de Portugal.
O mosteiro foi transferido para um prédio novo, chamado Mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Lá está o túmulo de prata e cristal de Isabel, a Rainha Santa, padroeira da cidade de Coimbra.
O primeiro túmulo da rainha, em madeira, é considerado uma obra de arte, e também pode ser visto no local.
Já o parque Portugal dos Pequenitos tem miniaturas das casas típicas de todas as regiões do país e dos monumentos portugueses mais importantes.
Circulando pela cidade você possivelmente vai ver o Aqueduto de São Sebastião, construído no século XVI sobre as ruínas de um aqueduto romano. Ele fica ao lado do Jardim Botânico da cidade.
Arredores de Coimbra
Se você estiver de carro, pode explorar também as proximidades e visitar uma cidade romana, um castelo muçulmano ou, ainda, algumas das aldeias históricas de Portugal.
Conímbriga foi uma cidade romana construída há cerca de dois mil anos. O conjunto arqueológico é bem grande e está bastante preservado.
Aqui você pode ver algumas fotos. Ao lado das ruínas existe também um museu. Fica a apenas 17 km de Coimbra.
Montemor-o-Velho é uma vila com cerca de 3 mil habitantes que fica a 30 km de Coimbra. Lá você pode passear por uma fortaleza muçulmana do século X.
Um pouquinho mais longe, a 100 km de Coimbra, você pode visitar as Aldeias Históricas de Portugal. Elas são 12 no total e têm em comum uma história de mais de 900 anos.
Esse post do blog VortexMag fala das 5 mais bonitas.
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